sábado, 21 de setembro de 2013

O AGRONEGÓCIO DO NORDESTE: CRISE MUDA PERFIL DE PRODUTORES

O produtor rural de hoje tem a necessidade de administrar as suas atividades como um empresário, primando pelo aumento da produtividade e pela qualidade do produto e buscando redução de custos e uma eficiente comercialização de seus produtos, motivo por que a atividade rural do semi-árido nordestino hoje está desaparecendo, ficando restrita, praticamente, a um seleto grupo de produtores, que investem mais para a exportação, como camarão e frutas em pólos de irrigação. Essa questão é bem enfocada pela matéria publicada no site da Pixel Interativa (2005, p.01): "O que mudou, no entanto, foi o perfil do produtor. ‘Ele deixou de ser um fazendeiro ou um sitiante para se tornar um empresário rural’, afirma Marcelo Prado, da Mprado, consultoria especializada em agronegócio. Há hoje uma tropa de elite no setor de fruticultura. Esse grupo, formado por cerca de 20 grandes produtores, destaca-se principalmente pelo uso intensivo da tecnologia. ‘Quem visita hoje uma fazenda brasileira que produz para exportação encontra o mesmo padrão tecnológico de produção que encontraria nos mercados mais sofisticados do mundo’, afirma Arnaldo Eijsink, diretor da divisão de agronegócio do Carrefour no Brasil. A rede francesa de supermercados começou a cultivar uva no país em 1989. Hoje, cada caixa produzida em suas três fazendas, todas situadas no Vale do Rio Francisco, carrega um código de barras que permite identificar a área em que a fruta foi plantada, o dia em que foi colhida, o funcionário que a colheu e quem a pesou. ‘O produtor que não tem esse tipo de controle não consegue exportar’, diz Eijsink. ‘As preocupações com segurança alimentar são cada vez maiores no mundo todo’. Atualmente, a Labrunier, nome dado à empresa de uvas do Carrefour, é a maior produtora de uvas de mesa do país e a maior em produção de uva orgânica do mundo." Até meados da década de 1980, o cultivo do algodão era a principal atividade agrícola do sertão nordestino. Com o subsídio do crédito para a agricultura e a política de preços mínimos, a região do polígono das secas conseguia gerar riquezas e empregos para um grande número de trabalhadores rurais. A lavoura do algodão praticamente desapareceu da região com o surgimento da praga do “bicudo” e com a brusca mudança na política de crédito agrícola por que passou o país. A cana de açúcar de há muito também entrou em crise. A atividade rural do semi-árido do Nordeste, desde que surgiram as pragas do bicudo no algodão e da vassoura de bruxas no cacau baiano, atravessa uma crise nunca conhecida na história. É preciso esclarecer, no entanto, que o problema não está tão-somente no bicudo e na vassoura de bruxas, mas nas terras, nos produtores e nas condições climáticas desfavoráveis. O algodão arbóreo, tradicionalmente cultivado na Região, tinha uma produtividade baixíssima e o custo de produção elevadíssimo, não tendo mais como concorrer com o algodão herbáceo que se produz em Goiás e Mato Grosso e outros Estados, que apresenta elevada produtividade e um baixo custo de produção, tendo em vista que para o seu cultivo vem sendo empregada alta tecnologia. O cacau, graças ao apoio de pesquisas, já vem superando a crise por que passou e retomando o seu ritmo de produção. Há, também, expectativas de retorno da produção de algodão no semi-árido nordestino em função de novas variedades desenvolvidas pela EMBRAPA mais resistentes a pragas e que apresentam maior produtividade. A questão reside no poder de competitividade com produtores de outras regiões, mas tem-se que se considerar que seria mais uma fonte de renda para aqueles que produzem em regime de agricultura familiar. Os avanços proporcionados pela EMBRAPA reacendem as esperanças dos produtores de algodão do semi-árido do Nordeste, conforme se pode verificar pela matéria disponibilizada no site de Notícias Agrícolas (2005, p.01): "Com novas variedades e inovações tecnológicas, o algodão cearense segue na retomada de uma produção sustentável e duradoura. Este ano, o Estado colheu mais de 16 mil toneladas, um aumento de 343% em relação ao ano anterior. E a expectativa até 2007 é crescer 990% em relação a 2003." O produtor do semi-árido nordestino, no entanto, não pode ser abandonado porque lhe faltam chuvas e condições próprias para produzir determinados tipos de cultura. O que precisa ser feito é incentivar a exploração de atividades para as quais as condições são favoráveis, aproveitando a vocação natural da terra e do sertanejo. Nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte encontram-se muitos cultivos de camarão e granjas explorados com sucesso; em Juazeiro, na Bahia, Petrolina, em Pernambuco e em Açu, Baraúna e Mossoró, no Rio Grande do Norte, estão sendo alcançados bons resultados com a exploração de verduras e frutas, que contribuem inclusive com o superávit da balança comercial. Sobre a questão, veja-se o comentário de Aquino Júnior (2005, p. 01): "A carcinicultura, isto é, criação de camarão em cativeiro, vem crescendo assustadoramente no Brasil, nos últimos tempos. O País que, em 1997, era o 14o. maior produtor mundial de camarão, alcançou, em 2000, a 8a. posição na escala mundial. O Nordeste responde por mais de 90% da produção nacional e, desde 2002, o Ceará (estado do Nordeste brasileiro) assumiu a liderança em produção e produtividade de camarão no Brasil. Mais recentemente, através do Maranhão, começa adentrar na região amazônica." O governo atual demonstra disposição para contribuir para o soerguimento da atividade rural do Nordeste. O Banco do Nordeste vem direcionando muito dinheiro para a Região, fato que se comprova pela notícia veiculada pelo Jornal O Povo (2005, p.17): "O meio de ‘mandato’ também sinalizou uma surpresa vinda do comando do Banco do Nordeste (BNB). Estilo discreto, polido, fala mansa, muitos duvidaram da capacidade administrativa e ressaltaram a suposta falta de experiência no serviço público do presidente Roberto Smith. Mas o presidente do BNB fechou 2004 com R$ 3,075 bilhões do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) aplicados. Foi um recorde. Quando assumiu o Banco do Nordeste há dois anos, ele sofreu cerrado tiroteio de governadores, deputados e até do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, para aplicar os recursos do FNE. Em 2002, último ano da era FHC, as aplicações foram de R$ 254 milhões." A solução para muitos problemas brasileiros deverá surgir do campo, porque é na atividade rural onde se encontra um imenso potencial produtivo. O país dispõe de muita terra de excelente qualidade para ser explorada, tanto na atividade agrícola quanto na pecuária, sem levar em consideração ainda que possui as maiores bacias hidráulicas do planeta, com um potencial incalculável para a exploração da piscicultura, muito importante para o consumo interno e com plena viabilidade para a exportação.

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