Nunca tivemos nenhuma dúvida quanto
à fertilidade do solo do semiárido nordestino. O que de fato dificulta o
desenvolvimento da agricultura na região é a escassez d'água, que poderia ser
amenizada com a conclusão das obras de transposição das águas do Rio São
Francisco. Como muito bem mostrou a Reportagem do Globo Repórter de 08 de maio
de 2015, “O que transformou a região do semiárido em uma grande produtora de
uva foi o sol, o clima seco e os caninhos da irrigação. O que corre dentro da
terra é a água do Rio São Francisco, que molha todos os pés de uva”.
O semiárido nordestino, sem dúvida
nenhuma, é uma região propícia para a agricultura irrigada e a pecuária.
Precisa tão somente de um tratamento racional a essas atividades, especialmente
quanto aos aspectos ecológicos. Como prova disso, tem-se exemplo de situações
semelhantes noutras partes do mundo onde foram encontradas razoáveis soluções
para esse problema, como é o caso de áreas do deserto de Negev, em Israel, onde
a população local desfruta de um bom padrão de vida.
A transposição das águas do São Francisco não será a solução definitiva para todos os problemas do semiárido nordestino. No entanto, trará alívio para a sede de muitas pessoas e animais e, ainda, pode ser uma boa alternativa de cultivo de lavouras irrigadas para as populações que moram nas proximidades de açudes e rios perenizados. Até meados da década de 1980, o cultivo do algodão era a principal atividade agrícola do sertão nordestino. Com o subsídio do crédito para a agricultura e a política de preços mínimos, a região do polígono das secas conseguia gerar riquezas e empregos para um grande número de trabalhadores rurais. A lavoura do algodão praticamente desapareceu da região com o surgimento da praga do “bicudo” e com a brusca mudança na política de crédito agrícola por que passou o país.
A transposição das águas do São Francisco não será a solução definitiva para todos os problemas do semiárido nordestino. No entanto, trará alívio para a sede de muitas pessoas e animais e, ainda, pode ser uma boa alternativa de cultivo de lavouras irrigadas para as populações que moram nas proximidades de açudes e rios perenizados. Até meados da década de 1980, o cultivo do algodão era a principal atividade agrícola do sertão nordestino. Com o subsídio do crédito para a agricultura e a política de preços mínimos, a região do polígono das secas conseguia gerar riquezas e empregos para um grande número de trabalhadores rurais. A lavoura do algodão praticamente desapareceu da região com o surgimento da praga do “bicudo” e com a brusca mudança na política de crédito agrícola por que passou o país.
Ao agricultor nordestino, sofrido
por uma das piores seca da história, resta hoje a esperança da conclusão das
obras de transposição das águas do Rio São Francisco. O Globo Rural de 08 de
maio de 2014 teve o mérito de mostrar a importância da irrigação para o cultivo
de lavouras no semiárido nordestino. Na entrevista que concedeu ao Repórter da
Globo, o empresário Suemi Koshiyama, informa:
“Sim, a região é privilegiada para a
produção de uva. Principalmente uva sem semente, que é uma uva que tem o teor
de açúcar bastante elevado, graças ao sol. E ela tem uma aceitação nos mercados
internacionais, como os Estados Unidos, como Europa, preferência total para uva
sem caroço, uva sem semente. Nós colhemos esse ano em torno de 10 mil toneladas
de uva durante o ano.”
A irrigação na região de Petrolina
em Pernambuco tem sido altamente promissora. E lá não produz tão somente uva. Hoje
o perímetro irrigado do São Francisco é um grande pólo produtor de tomate, de frutas
tropicais e de verdura, que abastecem mercados importantes da região, como
Fortaleza e Recife. Segundo o Globo Repórter:
“Todo esse sol influencia até na
concentração dos antioxidantes da uva.
‘A condição climática da região tem
promovido uma concentração muito elevada, muito interessante desses compostos
bioativos e é uma das hipóteses de que talvez vinhos daqui façam mais bem à
saúde’, diz Giuliano Pereira, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.
Pesquisas mostram que o vinho
produzido no vale do Rio São Francisco tem mais resveratrol. Nos anos 1980, o
Seu Suemi veio do Sul para o Nordeste.
‘Eu cheguei aqui como um aventureiro:
eu, minha mulher e três filhos. Essa aposta de vir para o Nordeste, desbravar
uma região nova, era como a aventura de meu pai vir para o Brasil como
imigrante. E a minha esposa, a Vanda, ela me incentivou bastante e veio
preparada para trabalhar e enfrentar as dificuldades’, relembra Suemi
Koshiyama, empresário.
Dona Vanda é mulher valente e enfrentou
o desafio com três filhos pequenos. O caçula tinha só três meses. Junto com a
família, o Seu Suemi ergueu um império.
‘A uva é uma paixão minha. É a minha
vida. A parte de produção, eu já passei o bastão para os filhos’, diz Suemi
Koshiyama.
Fernando Koshiyama, filho de Seu
Suemi: É o olho
do dono que ajuda a engordar. Estou sempre lá ajudando, orientando, para que
tudo dê certo.
Globo Repórter: Aqui, tem que engordar as uvas. Ouvi dizer que quem engorda muito em determinada época do ano é você. É isso?
Fernando Koshiyama: Exatamente. Tem que conferir se a uva está de acordo com o que a gente espera, com alto teor de açúcar.
Globo Repórter: Aqui, tem que engordar as uvas. Ouvi dizer que quem engorda muito em determinada época do ano é você. É isso?
Fernando Koshiyama: Exatamente. Tem que conferir se a uva está de acordo com o que a gente espera, com alto teor de açúcar.
Pai, mãe e filhos, juntos, geram
emprego e renda para a região do Vale do São Francisco.
‘Trinta e um anos de trabalho, e
conseguimos construir uma atividade de produção e de comercialização no mercado
nacional e também exportação de frutas, e gerar, hoje, por exemplo, 1.800
empregos diretos. Isso, eu tenho muito orgulho do que eu faço’, diz Suemi
Koshiyama.”
Como bem revelou o Globo Repórter,
tão somente o Senhor Suemi Koshiyama conseguiu produzir num só ano mais de 10
mil toneladas de uva, gerando cerca de 1.800 empregos diretos. Esses dados, por
si só, mostram quanto importante é a irrigação para o semiárido nordestino.
Essa informação só nos reforça a certeza de que a transposição das águas do Rio
Francisco é imprescindível para o semiárido nordestino.
A reportagem revelou ainda que o
cultivo da uva gera também grandes oportunidades de empregos para as mulheres,
que nem sempre conseguem no mercado de trabalho os mesmos espaços que os
homens. Eis aí mais uma relevância do cultivo da uva para a região. Segundo a
reportagem:
“As mulheres ainda saem na frente em
uma das atividades mais importantes no cultivo da uva de mesa: o raleio.
Tesoura em mãos, elas dão forma aos cachos e limpam as folhas, para que recebam
a luz do sol.
‘Eu gosto de trabalhar raleando, gosto
do campo. É no campo que eu me sinto bem trabalhando. O que meus filhos têm
hoje é coisa que eu nunca tive. Hoje eles têm um computador, eles têm um
celular, têm um notebook, têm uma televisão boa para assistir, a gente tem um quartinho,
porque cada um tem seu quartinho...Isso com meu esforço, né? O que eu nunca
tive e puder dar a eles, eu dou’, diz Vanusa Pereira Gois, trabalhadora rural.
Vanusa já ganhou até uma placa de
reconhecimento ao trabalho bem feito. Todas as mulheres, cobertas até o cabelo,
para se proteger do sol e dos insetos, cuidam de cada cacho com muita
delicadeza.”
Isso pode parecer pouco, mas a
riqueza e os empregos que estão sendo gerados na região do semiárido nordestino,
com o cultivo da uva e de outras culturas no período irrigado do São Francisco,
são de uma importância capital. Tomara que o Governo se sensibilize com a
reportagem e tome providências no sentido de agilizar a conclusão das obras de
transposição das águas do Rio São Francisco, um sonho que milhares de nordestinos
sofridos alimentam há muitos anos.
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