O
crédito bancário tem um grande efeito multiplicador. E é simples a explicação.
Quando um banco concede um financiamento a um cliente, o dinheiro, quase que
totalmente, retorna ao sistema financeiro, dando ensejo a sucessivos
empréstimos. Segundo especialistas, dependendo do índice aplicado aos depósitos
compulsórios, o dinheiro pode se multiplicar entre quatro e cinco vezes. A isso
dá-se o nome de Moeda escritural, que é uso
dos depósitos bancários como meio de pagamento. É representada pelos depósitos à
vista nos bancos ou instituições de crédito,
e que se encontrem à livre disposição dos seus depositantes. Fazem parte
dos meios de pagamento da economia e permitem a
realização de transações sem a necessidade da utilização de moeda (papel-moeda ou peças metálicas).
Partindo-se dessa premissa, facilmente se conclui que num primeiro momento a
febre dos créditos consignados teve grande repercussão na economia. Primeiro
porque, como se trata de uma modalidade de financiamento de retorno garantido -
já que as parcelas são descontadas diretamente dos vencimentos do servidor
público, da ativa ou aposentado -, deu ensejo para que houvesse uma grande
oferta de crédito por parte dos bancos. Por outro lado, como as taxas de juros
são menores de que as oferecidas para outras modalidades de empréstimo,
igualmente estimulou a procura pelos potenciais tomadores.
Por todas essas razões, nos primeiros anos após a criação dessa modalidade de
negócio, muito dinheiro circulou na economia brasileira, fomentando a indústria
e o comércio, fato que contribuiu para os bons índices de crescimento do PIB no
Governo do presidente Lula. Após, no entanto, terem as famílias se endividado,
e chegado o momento de devolver o que levantaram nos bancos, acrescido dos
encargos de praxe, inverteu-se a situação, considerando que em vez de entrar
dinheiro no mercado para irrigar a economia, passou a houver a retirada, já que
diminuiu o poder de compra da classe assalariada, que hoje, mais do nunca se
encontra empobrecida. Enquanto isso, os bancos lucram como “nunca se viu
na história deste país”, segundo costuma falar o ex-presidente Lula. Segundo
notícia encontrada na Wikipédia, os nossos políticos não satisfeitos com o
estrago que já causaram, pretendem ainda expandir ainda essa modalidade de
financiamento. Senão vejamos:
“Tramita na Câmara dos Deputados o
Projeto de Lei 4010/12, do deputado André Figueiredo (PDT-CE), a qual visa
atualizar as regras de contratação de empréstimo consignado por trabalhadores
regidos pela Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT) e por servidores públicos. Entre as propostas
está o direito de o empregado escolher entre três instituições consignatárias,
no mínimo, e o direito de transferir seu empréstimo de uma instituição
financeira para outra. Além disso, mantém o limite de comprometimento da renda
em até 30% do salário do trabalhador, não obstante especifica que o cálculo da
renda não poderá considerar os descontos obrigatórios instituídos por lei ou
determinados por decisão judicial. As instituições financeiras terão de manter
uma política de publicidade, informando sobre alterações na taxa de juros, bem
como disponibilizando material publicitário para esclarecer e conscientizar os
interessados na obtenção do crédito em consignação sobre o percentual de juros,
o número de parcelas, o valor tomado como exemplo de empréstimo e também sobre
os riscos do superendividamento.
Em relação às consignações dos benefícios previdenciários, a regulação
está concentrada na Instrução Normativa n. 28 do Ministério da
Previdência Social e suas alterações,
que buscam estabelecer critérios para as consignações nos benefícios
previdenciários, disciplinar sua operacionalização entre o INSS, as instituições financeiras e a Empresa de Tecnologia e
Informações da Previdência Social - Dataprev, simplificar o procedimento de tomada de empréstimo
pessoal e cartão de crédito e possibilitar a redução dos juros praticados por instituições
financeiras conveniadas.”
Com a nossa longa experiência no mercado financeiro, nunca vimos com
bons olhos o endividamento da classe trabalhadora. Situação semelhante ao que
aconteceu agora, tivemos no período do Regime Militar em relação aos produtores
rurais. E como consequência, entre meados da década de oitenta e metade da
década de noventa, o agronegócio brasileiro passou por uma das maiores crises
da sua história. Tomara que os nossos governantes passem a pensar menos neles e
mais no destino do povo brasileiro.
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