A desonestidade no Brasil é
assustadora. Não é possível imaginarmos que uma modalidade de licitação, que
visa agilizar contratações, transforme-se em mais um instrumento para
justificar a roubalheira da Petrobras. Hoje nós todos estamos assustados com o
que vem sendo revelado em relação aos desvios da Petrobras, mas ninguém nos
garante que outras falcatruas não estão acontecendo noutras empresas estatais,
como BNDES, Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil, por exemplo. Tudo é possível.
No que diz respeito aos
financiamentos do BNDES, existem fortes indícios de que algo de errado pode ter
acontecido por lá. Tomara que os prejuízos para os cofres públicos não sejam de
iguais envergaduras dos que aconteceram na Petrobras. Sobre as contratações da
Petrobras pela modalidade carta-convite, confiram matéria encontrada no site do
Jornal Diário do Nordeste:
“O instrumento de carta-convite, que
evita licitações, foi muito utilizado no período em que Paulo Roberto Costa e
Renato Duque eram diretores da Petrobras. Por convite, R$ 220 bilhões em
contratos foram disputados por um grupo de empreiteiras, o que representa 61%
de todas as compras feitas pela companhia entre 2003 e 2013, período
investigado pela Operação Lava Jato. O levantamento consta de reportagem do
jornal O Globo.
O modelo respondia por 8% dos
contratos em 2004, no ano seguinte passou para 60% e em 2009 chegou a 76%. O
patamar começou a cair com a saída dos dois ex-diretores em 2012, com a chegada
de Graça Foster à presidência e redução do ritmo de investimentos.
O uso da licitação por convite, criada
para dar agilidade à Petrobras, acabou por favorecer o cartel de empreiteiras
investigadas, conforme a reportagem. As empresas envolvidas na Lava Jato que
venceram licitações no período entre 2003 e 2012 por carta-convite - Consórcio
Rnest-Conest (OAS e Odebrecht), UTC, Camargo Corrêa, Alumini, Galvão Engenharia
e Queiroz Galvão - negaram à reportagem participar de cartel e afirmaram que
seus contratos seguem a lei.”
É
por contas desses e de outros desvios que estamos pagamento hoje pelo litro da
gasolina um preço muito acima do que seria normal. Enquanto o preço do petróleo
despenca no mercado internacional, nós aqui no Brasil, em vez de sermos agraciados
com redução dos preços, somos penalizados por aumentos que chegam a ser
assustadores. São as faturas das roubalheiras que estão chegando para que as liquidemos,
para evitar que a Petrobras feche as portas. É assim que as coisas funcionam
aqui. Enquanto alguns medem a mão no dinheiro público, os mais sacrificados
arcam com o prejuízo.
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