"Médicos chegam a faturar
R$ 100 mil por mês em esquema que desvia dinheiro do SUS e encarece planos de
saúde." (Site do Fantástico).
A reportagem do Fantástico de 04 de
janeiro de 2015 mostra como empresários fabricantes e distribuidores de
próteses unem-se a médicos para fraudar o SUS e Planos de Saúde, desviando
quantias fabulosas de recursos públicos e ainda pondo em risco a vida de
milhares de pacientes com cirurgias desnecessárias.
É por isso que muitos não se
preocupam com o noticiário que mostra os desvios de dinheiro por políticos e
empresários do ramo da construção civil e fornecedores de produtos e serviços
para a Petrobras e outros órgãos públicos. Não se incomodam porque agem da
mesma maneira, sem nenhum remorso ou escrúpulo. É por isso que faltam recursos
nos hospitais e postos de saúde da rede pública. Nem poderia ser diferente. Os mafiosos
não têm nenhuma sensibilidade com o problema daqueles que necessitam de um
atendimento médico. A respeito do assunto, confiram o que falou o Fantástico:
“Já imaginou médicos que mandam fazer
cirurgias de próteses sem necessidade, só para ganhar comissão sobre o preço
desses implantes? Ou então gastar muito mais material do que o necessário,
também para faturar um dinheiro por fora? Esses golpes milionários, dados pela
máfia das próteses, são o tema da reportagem de Giovanni Grizotti, que você vai
ver agora.
O Fantástico revela um retrato
escandaloso do que acontece dentro de alguns consultórios e hospitais do
Brasil. O Fantástico investigou, durante três meses, um esquema que transforma
a saúde do país em um balcão de negócios.
O repórter Giovani Grizotti viajou por
cinco estados e se passou por médico para flagrar as negociatas. Empresas que
vendem próteses oferecem dinheiro para que médicos usem os seus produtos.”
Como podemos vê, esses mafiosos só
querem mesmo é se dá bem às custas de recursos públicos e de Planos de Saúde,
que em última hipótese são daqueles que os pagam em forma de impostos e de
mensalidades. Nós criticamos com toda razão os nossos políticos e gestores
públicos que se locupletam com recursos
públicos, mas não são tão somente eles que agem assim, infelizmente.
Segundo a Wikipédia, “Na cultura midiática
brasileira, a Lei da Vantagem ou Lei de Gerson é um princípio em que
determinada pessoa ou empresa deve obter vantagens de forma indiscriminada, sem
se importar com questões éticas ou morais (princípio seguido por uma parcela de
agências e publicitários, que recebem pagamento por anúncios ou premiações pelo
trabalho realizado, mas não querem se responsabilizar caso o efeito da
divulgação cause transtornos ou danos, eximindo-se de culpa e a transferindo
para o anunciante ou para o público, como ocorreu nesse caso com a agência
responsável, o que não acontece no caso de premiações, caracterizando como
dissimulados praticantes da Lei da Vantagem). A 'Lei de Gérson' acabou sendo
usada para exprimir traços bastante característicos e pouco lisonjeiros do caráter
midiático nacional que passa a ser interpretado como caráter da população,
associados à disseminação da corrupção e ao desrespeito a regras de convívio
para a obtenção de vantagens. O Fantástico divulgou ainda:
“Mercado de próteses movimenta anualmente R$ 12 bilhões no Brasil
‘Normalmente o que eles utilizavam era
aquela que vendia o material mais caro e que pagava a comissão maior’, conta
uma testemunha.
Até cirurgias desnecessárias eram
feitas, só para ganhar mais.
‘Sacolas de dinheiro não surgem do
nada e não são dadas à toa’, diz A testemunha.
O esquema usa documentos falsos para
enganar a Justiça. Uma indústria de liminares que explora o sofrimento de pacientes,
desvia o dinheiro do SUS e encarece os planos de saúde.
‘Esse mercado de prótese no Brasil,
ele hoje tem uma organização mafiosa. É uma cadeia, onde você tem o
distribuidor, você tem o fabricante que se omite e você tem na outra ponta o
médico ou o agente que vai implantar a prótese’, conta Pedro Ramos, diretor da
associação dos planos de saúde.”
O que vimos no Fantástico de 04 de janeiro
de 2015 é de envergonhar qualquer cidadão de bem. É uma lástima. São fraudes perpetradas
por empresários e médicos, pessoas nas quais confiamos os nossos problemas de
saúde. Como nós podemos defender esses profissionais, quando estes questionam o
Programa Mais Médicos, que trouxe médicos cubanos para prestarem atendimento a
pacientes brasileiros? Essa cultura de levar vantagem em tudo precisa mudar. Aqui
se paga propinas a policiais para que possam comandar jogos de caça níqueis sem
ser perturbado, a vereadores e a prefeitos que surrupiam dinheiro do Município,
sem nenhum escrúpulo. Segundo ainda o Fantástico:
“Esta testemunha que falou ao
Fantástico conhece bem os bastidores das negociatas. Durante dez anos, ela
trabalhou para quatro distribuidores no Rio Grande do Sul. Ela explica como são
calculadas as comissões dos médicos.
‘É feito um levantamento mensal em
nome do médico. Quantas cirurgias foram feitas o uso do material tal , ‘x’. E
ali a gente faz o levantamento. Em cima disso a gente tira o percentual dele’,
conta a testemunha.
Fantástico: Quanto um médico chega a faturar?
Testemunha: De R$ 5 mil a R$ 50 mil, R$ 60 mil, R$ 100 mil.
Testemunha: De R$ 5 mil a R$ 50 mil, R$ 60 mil, R$ 100 mil.
Investigação começou no RJ durante um
Congresso Internacional
A investigação do Fantástico começa no
Rio de Janeiro, durante um Congresso Internacional de Ortopedia, onde os
fabricantes expõem seus lançamentos. E alguns conquistam a confiança dos
médicos não só pela qualidade, mas por outras vantagens.
‘A gente consegue chegar a 20%’, diz
um representante da Oscar Iskin.
‘20?”, pergunta o repórter do
Fantástico.
‘É. É o que o senhor vai achar aí no mercado’, responde o representante.
‘É. É o que o senhor vai achar aí no mercado’, responde o representante.
Vinte por cento é a comissão que o
médico recebe para indicar ao paciente a prótese vendida pela Oscar Iskin. E o
pagamento é em dinheiro vivo.
Fantástico: Em dinheiro, espécie?
Representante da Oscar Iskin: É. Espécie.
Representante da Oscar Iskin: É. Espécie.
As negociatas se repetem em outras
empresas. O sócio da empresa Totalmedic, de São Paulo, oferece um pouco mais.
Fantástico: Mas é o quê? 20?
Sócio da Totalmedic: 30.
Fantástico: 30? Ó.
Sócio da Totalmedic: 30.
Fantástico: 30? Ó.
Sócio da Totalmedic: Eu prefiro deitar e dormir tranquilo.
Acompanhado do diretor, o vendedor da
distribuidora Life X também faz a sua oferta.
Fantástico: Como é que vocês trabalham a questão
comercial, assim, a relação com os médicos?
Vendedor da Life X: Olha, hoje a gente está com parceria em questão de 25%.
Vendedor da Life X: Olha, hoje a gente está com parceria em questão de 25%.
Fantástico: 25%.
Vendedor da Life X: A maioria das vezes é dinheiro, é
espécie.
Veja um exemplo de quanto dinheiro um
médico pode ganhar em comissões, dado pela mulher que era responsável pela
contabilidade de uma grande clínica em São Paulo. ‘Aquilo ali parecia uma
quadrilha. Uma quadrilha agindo e lesando a população. É uma quadrilha. Um
exemplo que eu tenho aqui: R$ 260 mil de cirurgia, R$ 80 mil para a conta do
médico. Aqui a gente tem uma empresa pagando R$ 590 mil de comissão para o
médico no período aqui de seis meses’, conta ela.
Para dar aparência de legalidade às
comissões, muitas empresas pediam que os médicos assinassem contratos de consultoria.
‘Onde o médico não presta consultoria
alguma. Ele usa material, só isso’, diz a testemunha.
Esse é o método usado pela Orcimed, de
São Paulo, para incluir, na declaração de renda da empresa, comissões de até
30% aos médicos.”
É inimaginável
alguém insistir na falsa ideia de que corrupção é uma coisa normal, ou querer
incutir na cabeça dos desavisados que isso faz parte da cultura e que nunca irá
mudar. Corrupção é crime, e como tal deve ser tratada. E nós brasileiros
precisamos entender que o combate à corrupção é essencial para que tenhamos um
país decente para os nossos filhos e netos. Em assim sendo, não podemos ser
tolerantes com nenhum corrupto nem com nenhuma modalidade de corrupção ou
roubalheira como a que foi divulgada pelo Fantástico de 04 de janeiro de 2015.
Aqui no
Brasil, infelizmente, corrupção está se tornando coisa corriqueira. São tantos
e tão absurdos os escândalos de desvio de dinheiro público que o povo já nem se
surpreende mais. Vamos nos unir e brigarmos por um país decente para as futuras
gerações. É assim que devemos agir.
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