domingo, 4 de janeiro de 2015

MÁFIA DAS PRÓTESES DESVIA DINHEIRO DO SUS E DE PLANOS DE SAÚDE E AINDA PÕE VIDAS EM RISCO COM CIRURGIAS DESNECESSÁRIAS



"Médicos chegam a faturar R$ 100 mil por mês em esquema que desvia dinheiro do SUS e encarece planos de saúde." (Site do Fantástico).

            A reportagem do Fantástico de 04 de janeiro de 2015 mostra como empresários fabricantes e distribuidores de próteses unem-se a médicos para fraudar o SUS e Planos de Saúde, desviando quantias fabulosas de recursos públicos e ainda pondo em risco a vida de milhares de pacientes com cirurgias desnecessárias.

            É por isso que muitos não se preocupam com o noticiário que mostra os desvios de dinheiro por políticos e empresários do ramo da construção civil e fornecedores de produtos e serviços para a Petrobras e outros órgãos públicos. Não se incomodam porque agem da mesma maneira, sem nenhum remorso ou escrúpulo. É por isso que faltam recursos nos hospitais e postos de saúde da rede pública. Nem poderia ser diferente. Os mafiosos não têm nenhuma sensibilidade com o problema daqueles que necessitam de um atendimento médico. A respeito do assunto, confiram o que falou o Fantástico:

“Já imaginou médicos que mandam fazer cirurgias de próteses sem necessidade, só para ganhar comissão sobre o preço desses implantes? Ou então gastar muito mais material do que o necessário, também para faturar um dinheiro por fora? Esses golpes milionários, dados pela máfia das próteses, são o tema da reportagem de Giovanni Grizotti, que você vai ver agora.

O Fantástico revela um retrato escandaloso do que acontece dentro de alguns consultórios e hospitais do Brasil. O Fantástico investigou, durante três meses, um esquema que transforma a saúde do país em um balcão de negócios.

O repórter Giovani Grizotti viajou por cinco estados e se passou por médico para flagrar as negociatas. Empresas que vendem próteses oferecem dinheiro para que médicos usem os seus produtos.”

            Como podemos vê, esses mafiosos só querem mesmo é se dá bem às custas de recursos públicos e de Planos de Saúde, que em última hipótese são daqueles que os pagam em forma de impostos e de mensalidades. Nós criticamos com toda razão os nossos políticos e gestores públicos que se  locupletam com recursos públicos, mas não são tão somente eles que agem assim, infelizmente.  

Segundo a Wikipédia, “Na cultura midiática brasileira, a Lei da Vantagem ou Lei de Gerson é um princípio em que determinada pessoa ou empresa deve obter vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais (princípio seguido por uma parcela de agências e publicitários, que recebem pagamento por anúncios ou premiações pelo trabalho realizado, mas não querem se responsabilizar caso o efeito da divulgação cause transtornos ou danos, eximindo-se de culpa e a transferindo para o anunciante ou para o público, como ocorreu nesse caso com a agência responsável, o que não acontece no caso de premiações, caracterizando como dissimulados praticantes da Lei da Vantagem). A 'Lei de Gérson' acabou sendo usada para exprimir traços bastante característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional que passa a ser interpretado como caráter da população, associados à disseminação da corrupção e ao desrespeito a regras de convívio para a obtenção de vantagens. O Fantástico divulgou ainda:

“Mercado de próteses movimenta anualmente R$ 12 bilhões no Brasil

‘Normalmente o que eles utilizavam era aquela que vendia o material mais caro e que pagava a comissão maior’, conta uma testemunha.

Até cirurgias desnecessárias eram feitas, só para ganhar mais.

‘Sacolas de dinheiro não surgem do nada e não são dadas à toa’, diz A testemunha.

O esquema usa documentos falsos para enganar a Justiça. Uma indústria de liminares que explora o sofrimento de pacientes, desvia o dinheiro do SUS e encarece os planos de saúde.

‘Esse mercado de prótese no Brasil, ele hoje tem uma organização mafiosa. É uma cadeia, onde você tem o distribuidor, você tem o fabricante que se omite e você tem na outra ponta o médico ou o agente que vai implantar a prótese’, conta Pedro Ramos, diretor da associação dos planos de saúde.”

O que vimos no Fantástico de 04 de janeiro de 2015 é de envergonhar qualquer cidadão de bem. É uma lástima. São fraudes perpetradas por empresários e médicos, pessoas nas quais confiamos os nossos problemas de saúde. Como nós podemos defender esses profissionais, quando estes questionam o Programa Mais Médicos, que trouxe médicos cubanos para prestarem atendimento a pacientes brasileiros? Essa cultura de levar vantagem em tudo precisa mudar. Aqui se paga propinas a policiais para que possam comandar jogos de caça níqueis sem ser perturbado, a vereadores e a prefeitos que surrupiam dinheiro do Município, sem nenhum escrúpulo. Segundo ainda o Fantástico:

“Esta testemunha que falou ao Fantástico conhece bem os bastidores das negociatas. Durante dez anos, ela trabalhou para quatro distribuidores no Rio Grande do Sul. Ela explica como são calculadas as comissões dos médicos.

‘É feito um levantamento mensal em nome do médico. Quantas cirurgias foram feitas o uso do material tal , ‘x’. E ali a gente faz o levantamento. Em cima disso a gente tira o percentual dele’, conta a testemunha.

Fantástico: Quanto um médico chega a faturar?
Testemunha: De R$ 5 mil a R$ 50 mil, R$ 60 mil, R$ 100 mil.

Investigação começou no RJ durante um Congresso Internacional

A investigação do Fantástico começa no Rio de Janeiro, durante um Congresso Internacional de Ortopedia, onde os fabricantes expõem seus lançamentos. E alguns conquistam a confiança dos médicos não só pela qualidade, mas por outras vantagens.

‘A gente consegue chegar a 20%’, diz um representante da Oscar Iskin.

‘20?”, pergunta o repórter do Fantástico.
‘É. É o que o senhor vai achar aí no mercado’, responde o representante.

Vinte por cento é a comissão que o médico recebe para indicar ao paciente a prótese vendida pela Oscar Iskin. E o pagamento é em dinheiro vivo.

Fantástico: Em dinheiro, espécie?
Representante da Oscar Iskin: É. Espécie.

As negociatas se repetem em outras empresas. O sócio da empresa Totalmedic, de São Paulo, oferece um pouco mais.

Fantástico: Mas é o quê? 20?
Sócio da Totalmedic: 30.
Fantástico: 30? Ó.

Sócio da Totalmedic: Eu prefiro deitar e dormir tranquilo.

Acompanhado do diretor, o vendedor da distribuidora Life X também faz a sua oferta.

Fantástico: Como é que vocês trabalham a questão comercial, assim, a relação com os médicos?
Vendedor da Life X: Olha, hoje a gente está com parceria em questão de 25%.

Fantástico: 25%.

Vendedor da Life X: A maioria das vezes é dinheiro, é espécie.

Veja um exemplo de quanto dinheiro um médico pode ganhar em comissões, dado pela mulher que era responsável pela contabilidade de uma grande clínica em São Paulo. ‘Aquilo ali parecia uma quadrilha. Uma quadrilha agindo e lesando a população. É uma quadrilha. Um exemplo que eu tenho aqui: R$ 260 mil de cirurgia, R$ 80 mil para a conta do médico. Aqui a gente tem uma empresa pagando R$ 590 mil de comissão para o médico no período aqui de seis meses’, conta ela.

Para dar aparência de legalidade às comissões, muitas empresas pediam que os médicos assinassem contratos de consultoria.

‘Onde o médico não presta consultoria alguma. Ele usa material, só isso’, diz a testemunha.

Esse é o método usado pela Orcimed, de São Paulo, para incluir, na declaração de renda da empresa, comissões de até 30% aos médicos.”

É inimaginável alguém insistir na falsa ideia de que corrupção é uma coisa normal, ou querer incutir na cabeça dos desavisados que isso faz parte da cultura e que nunca irá mudar. Corrupção é crime, e como tal deve ser tratada. E nós brasileiros precisamos entender que o combate à corrupção é essencial para que tenhamos um país decente para os nossos filhos e netos. Em assim sendo, não podemos ser tolerantes com nenhum corrupto nem com nenhuma modalidade de corrupção ou roubalheira como a que foi divulgada pelo Fantástico de 04 de janeiro de 2015. 

            Aqui no Brasil, infelizmente, corrupção está se tornando coisa corriqueira. São tantos e tão absurdos os escândalos de desvio de dinheiro público que o povo já nem se surpreende mais. Vamos nos unir e brigarmos por um país decente para as futuras gerações. É assim que devemos agir.


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