quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
AGRONEGÓCIO PARA EXPORTAÇÃO ACELERA, MAS PRODUÇÃO DE ARROZ PODE SER MENOR NA PRÓXIMA SAFRA
"Balança comercial do agronegócio fica positiva em US$ 77,5 bilhões.
Previsão de safra da Conab é de 195,9 bilhões de toneladas. Soja teve 30,3 bilhões de toneladas vendidas este ano, até novembro."(site CBN).
Ninguém pode negar a relevância da agricultura de exportação para a economia brasileira. Como já dissemos noutro artigo publicado no nosso blog, o superávit do agronegócio na balança comercial brasileira tem sido fundamental para evitar maiores déficits nas transações comerciais com o exterior. Em razão disso, não enxergamos nenhum mal no fato de ter o Governo brasileiro injetado dinheiro através de crédito rural no setor empresarial, como o fez, incrementando cerca de 54,5% entre julho e novembro de 2013. Sobre a relevância do agronegócio de exportação, segundo notícias de 10 de dezembro de 2013, publicada no site da CBN, tão somente este ano a Balança Comercial do agronegócio fica positiva em US$ 77,50 bilhões, sendo que até novembro a soja teve 30,3 bilhões de toneladas vendidas para o exterior.
Por outro lado, não deve esquecer o estímulo na mesma proporção à agricultura feita para o consumo interno, normalmente realizada pelos pequenos e médios produtores rurais. Essa agricultura tem relevância especial, considerando que pelo fato de ser produzida com menos tecnologia, gera grande número de empregos, o que contribui para manter muitas pessoas no campo, evitando o êxito rural e o conseqüente agravamento da situação já caótica dos grandes centros urbanos. E há evidências de que o Governo prioriza bem mais a agricultura para exportação de que a agricultura para consumo interno, pois além do direcionamento de maior soma de recursos, as previsões para a safra 2013/2014 mostram que o maior índice de crescimento ocorre exatamente na área plantada e na produção da soja, produto voltado mais para o mercado internacional. É o que encontramos no site do Estadão. Confira:
“A pesquisa do IBGE estima área cultivada de 52,7 milhões de hectares no Brasil - uma queda de 11.749 hectares em relação à previsão do mês anterior. Entre as principais culturas do País, soja e milho tiveram crescimento na área a ser colhida de 11,2% e 7,7%, respectivamente, em relação a 2012. O arroz, por sua vez, teve queda de 0,6%. Juntas, as culturas representam 93% da produção nacional.”
Como se vê, a cultura do arroz, que se destina basicamente ao mercado interno, em vez de crescer, apresenta queda de 0,6% (zero vírgula por cento) em relação à safra 2012/2013, bem diferente do cultivo da soja, cujo índice de incremento aponta para 11,2%. Que a soja tenha crescimento na área plantada e na produtividade, nada de mais. Aliás, é bom para a economia do país. Para destacar a importância da agricultura para o consumo interno, vejamos o que diz matéria encontrada no site www.brasilescola.com:
“As propriedades rurais brasileiras de pequeno e médio porte são compostas por grande parte dos agricultores do país, geralmente são trabalhadores rurais que produzem diversas culturas com pouca tecnologia e mão de obra familiar.
Ocasionalmente essas propriedades são desprovidas de aplicação de técnicas, tecnologias e conhecimentos, diante disso, sua produção agropecuária e agrícola é de baixa produtividade. Essa configuração rural encontra-se nessas condições em virtude da falta de incentivo por parte do governo, que não oferece linhas de crédito com facilidades para pagar, amparo técnico e subsídio.
Mesmo com as adversidades, esses produtores respondem por grande parte dos alimentos dispostos no mercado interno, boa parte dos alimentos da mesa dos brasileiros é oriunda dos pequenos agricultores.
Apesar da extrema relevância exercida por esses produtores rurais, quem consegue incentivo e facilidades na obtenção de créditos nas instituições financeiras para a compra de equipamentos, tecnologias, máquinas são os grandes produtores (latifundiários). Esses têm elevados índices de produtividade e, portanto, uma alta lucratividade. A produção desses grandes produtores são geralmente monoculturas destinadas à exportação e não ao mercado interno.
Essa questão é preocupante, pois os pequenos e médios produtores convivem com dificuldades produtivas, como baixa produtividade, baixo preço, altos custos etc. Tais problemas forçam a venda das propriedades que geralmente são adquiridas por grandes latifundiários ou mesmo empresas desse ramo que desenvolvem agropecuária de precisão.
O processo em destaque merece uma reflexão, uma vez que a extinção da agricultura familiar agrava os problemas sociais, como o desemprego, diminui a oferta de alimentos, gerando, conseqüentemente, aumento dos seus preços. Diante dos fatos, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) tem exercido pressão junto ao governo para que disponha subsídios e recursos para tais agricultores.”
Como podemos ver, o pequeno produtor carece de maior incentivo do Governo para produzir, sob pena de ser forçado, muitas vezes, a ter que vender a propriedade para os grandes produtores. E isso, como sabemos, tem graves conseqüências, uma vez que, além de agravar o problema da concentração de terras nas mãos dos grandes, produz sérias conseqüências sociais. O fato é que, mesmo o Governo tendo consciência disso, insiste numa política equivocada para o campo, relegando a segundo plano o projeto de reforma agrária, e não dando a devida atenção aos pequenos produtores rurais. Vejamos o que encontramos ainda no site do Globo Rural:
“Os financiamentos para a agricultura empresarial nos cinco primeiros meses da safra 2013/14 (julho a novembro de 2013) alcançaram R$ 73,04 bilhões, um aumento de 54,5% em relação ao mesmo período da safra anterior, que foi de R$ 47,28 bilhões. A avaliação é realizada pelo Grupo de Acompanhamento do Crédito Rural, coordenado pela Secretaria de Política Agrícola (SPA), do Ministério da Agricultura.
Os produtores rurais contrataram R$ 54,78 bilhões em operações de custeio e comercialização, com juros controlados, o que corresponde a aumento de 49,5% ante a safra anterior (R$ 36,65 bilhões). Com recursos a juros livres, a aplicação dos produtores alcança R$ 13,56 bilhões, alta de 113,4% ante o mesmo período da safra anterior (R$ 6,35 bilhões).
Entre as linhas de crédito para custeio e comercialização, o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) totalizou empréstimos de R$ 5,12 bilhões - alta de 9,8% em relação aos meses de julho e novembro do ano passado.”
Quando comparamos os valores destinados aos grandes produtores rurais para operações de custeio e comercialização entre julho e novembro de 2013 com aqueles que foram liberados para os médios produtores para a mesma finalidade no mesmo período, vê-se facilmente qual a principal prioridade do Governo, pois, enquanto as cifras canalizadas para o grande evoluíram 54,5% (cinqüenta e quatro vírgula cinco por cento), as liberadas para os médios produtores tiveram um incremento tão somente de 9,8% (nove vírgula oito por cento).
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