quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

AGRONEGÓCIO FAZ SUCESSO NO SEMIÁRIDO. A REGIÃO DE JAÍBA EM MG É UM GRANDE EXEMPLO

           "A crescente produção de frutas e grãos e o volume comercializado em grandes centros, como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, indicam que os produtores estão obtendo bons resultados. Mais de 300 produtores de bananas ocupam área superior a 2.000 hectares, com produção de mais de 30 mil toneladas, nas variedades maçã, prata e nanica. Toda a produção chega aos mercados em caminhões com câmaras frias, mantendo a qualidade do produto." (Site ruralminas.mg.gov.br).
            A seca que castiga hoje o semiárido nordestino é uma das piores dos últimos sessenta anos. Com a seca assoladora, muitas cidades estão tendo sérios problemas de abastecimento d’água, não sendo raros os casos de abastecimento através de carros pipas que transportam água de péssima qualidade de grandes distâncias. Além disso, os habitantes do campo, em muitas situações, precisam fazer grandes deslocamentos para pegar água para beber e cozinhar.

             O rebanho bovino e de outros animais estão morrendo de fome e de sede, enquanto isso a tão sonhada obra de transposição do Rio São Francisco, que deveria ser prioridade do Governo, anda em ritmo de tartaruga. Prevista inicialmente para ser entregue em 2012, teve a data remarcada para dezembro de 2015. E agora adquiriu conotação eleitoreira, depois que o Senador Aécio Neves, provável candidato a presidente da República pelo PSDB, mostrou a situação de abandono da obra num programa de televisão do seu partido. Uma vez que a obra teve início e nela já foram investidas somas gigantescas de recursos públicos, não faz mais nenhum sentido paralisá-la agora, depois de tanto tempo. E o pior: as previsões de chuva para 2014 não são nada animadoras. Vejamos o que encontramos no Jornal Diário do Nordeste:

             "A exemplo do que ocorreu nos últimos dois anos, o semiárido cearense, ao que tudo indica,        enfrentará mais um ano difícil em relação à seca. Isso porque o Estado tem 40% de probabilidade de ter chuvas abaixo da categoria considerada normal, durante três dos quatro meses da quadra chuvosa (fevereiro, março e abril). O prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) foi anunciado, na noite de ontem, durante o encerramento do XVI Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino. Situação preocupa, pois o Estado já sofreu seca em 2012 e 2013. No ano passado, alguns açudes da Região Metropolitana de Fortaleza, como o Amanari, em Maranguape, ficaram praticamente secos. De acordo com as previsões, o Ceará tem 35% de chances de ter chuvas dentro da média e apenas 25% de probabilidade de a quadra chuvosa ficar acima dela. Um novo prognóstico, contemplando o mês de maio, deve ser divulgado em até um mês. A média climatológica do Estado para os quatro meses é de cerca de 805 milímetros.

O resultado do prognóstico foi alcançado por meio de análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala e pelos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de várias instituições de meteorologia do País. “Nós temos condições de neutralidade no Oceano Pacífico, mas um Atlântico ainda desfavorável. Essas foram as duas características que resultaram nesta previsão”, explicou o presidente da Funceme, Eduardo Martins.

           Segundo ele, a expectativa da Fundação é de atualizar o sistema de previsão, que é feito mensalmente, em uma frequência maior, na tentativa de agilizar o processo de resposta aos possíveis impactos da situação climática. 'A cada 15 dias, se possível', diz. Apesar de uma atualização mais constante, o presidente afirma ser muito difícil haver mudanças profundas neste quadro.

          A meteorologista Meiry Sakamoto esclarece que as regiões com mais chance de ter chuvas abaixo da média são o Sertão Central e a Região Sul. 'É uma situação bastante preocupante, pois já viemos de dois anos de escassez de água. Em 2012 e 2013 nós tivemos poucas chuvas, e tudo indica que neste ano a gente pode, nestes três meses, passar por uma situação bastante semelhante', diz ela, ressaltando que as chuvas tendem a iniciarem-se na segunda quinzena do mês de fevereiro. Ainda segundo a Funceme, o Noroeste do Ceará tem chances de ter chuvas dentro da média. Segundo os registros da Funceme, tendo como base de cálculo os anos de 1950 a 2009, para se ter uma precipitação dentro da média na Região Central e Ihamuns, por exemplo, é necessário chover entre 372,4 e 485,2 milímetros no período de fevereiro a abril.

           Na Região do Cariri, os números ficam entre 489 e 639,2 milímetros e, no litoral de Fortaleza, é considerado dentro da categoria normal chover entre 545,6 e 755,4 milímetros. Diante da previsão de chuva abaixo da média histórica, o órgão enviou, ainda no mês de dezembro do ano passado, um relatório para o Comitê Integrado de Combate à Seca no Ceará. Órgãos como a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), desde então, desenvolvem ações para o combate à estiagem no Estado."

           Como é do conhecimento de todos os sertanejos, o solo do semiárido nordestino é muito fértil. O impedimento para produzir reside tão somente na falta d'água, carências de recursos financeiros e outros meios indispensáveis ao produtor, como assistência técnica e extensão rural. Em razão disso, se o Governo concluísse as obras de transposição das águas do São Francisco, perenizando os principais rios da Região Nordeste, e oferecesse crédito rural e assistência técnica aos produtores rurais, certamente o semiárido nordestino teria amplas perspectivas de superar a situação de miséria e alcançar a independência que todos almejam, como já está acontecendo em alguns polos de irrigação, como o de Petrolina em Pernambuco, o de Açu no Rio Grande do Norte e e do Jaíba em Minas Gerais. Vejamos, por exemplo, reportagem da Revista Exame de no. 1057, ano 48, de 22/01/2014:

          "A 'justiça social' só começou a chegar com a vinda dos empresários rurais. Estima-se que eles já tenham investido 800 milhões de reais nas fazendas e nas unidades industriais. Uma das consequências imediatas foi a criação de empregos. Mais de 18.500 pessoas trabalham no Projeto Jaíba com carteira assinada. A janaubense Thalita Barros, de 27 anos, dirige seu Honda City com desenvoltura pelo centro de embalagem e logística da Brasnica Frutas Tropicais, uma das maiores produtoras de banana-prata do país. Thalita estudou administração de empresa numa faculdade local e, depois de entrar na Brasnica, fez MBA no campus de Montes Claros da FGV. Outro nativo da região, Edson Borges, de 33 anos, viu a carreira deslanchar no Sítio FM. Ele começou como tratorista há sete anos e atualmente é gerente-geral de campo. 'Hoje em dia é difícil ver alguém desempregado por aqui', diz Borges, cujo pai nunca teve registro em carteira".

           E isso é uma realidade que poderia estender-se para outras regiões do semiárido nordestino, bastando tão somente que houvesse condições idênticas as que existem hoje em Jaíba Minas Gerais. Vejamos, ainda, outra matéria encontrada no site ruralminas.mg.gov.br:

           "DESENVOLVIMENTO E INSERÇÃO SOCIAL: A agricultura irrigada, única atividade capaz de levar o desenvolvimento à vasta área no extremo Norte de Minas, faz do Projeto Jaíba um dos mais importantes empreendimentos agrícolas do Brasil e uma nova fronteira do agronegócio. A área de irrigação fica entre o rio São Francisco, onde ocorreu o desvio para abastecer os canais, e o rio Verde Grande. Quando totalmente consolidado, o Projeto poderá produzir até 1 milhão e 700 mil toneladas anuais de frutas, hortaliças e grãos, gerando cerca de 146 mil empregos diretos e indiretos. O potencial de arrecadação de impostos é próximo de US$ 1 milhão, e Jaíba já ocupa posição de destaque entre municípios mineiros na produção de banana e cebola. Já foi instalada na área do Projeto, com o apoio do Distrito de Irrigação do Jaíba (DIJ), uma Central de Comercialização de produtos, cujo objetivo é conquistar os mercados interno e externo. Gerenciada pelos próprios irrigantes, a Central tem capacidade para selecionar quatro toneladas por hora de limão e cebola. Mais de 3.000 jovens em idade escolar freqüêntam a rede de escolas do Jaíba, e o Projeto Amanhã, implantado e coordenado pela CODEVASF, organiza e capacita esses jovens para o ingresso no mercado, promovendo a melhoria das condições de vida.

              Na educação ambiental, com o Projeto Limpo, a região de Jaíba foi a primeira a construir uma central de recolhimento de embalagens de defensivos e fertilizantes agrícolas, por iniciativa do Distrito de Irrigação e dos irrigantes, para preservar o meio-ambiente e assegurar assem, melhor qualidade de vida à população. Esses e outros resultados positivos levaram o Governo de Minas a dar prioridade ao Jaíba e à agricultura irrigada, com a implantação da segunda etapa do Projeto. A NOVA FRONTEIRA DO AGRONEGÓCIO: A crescente produção de frutas e grãos e o volume comercializado em grandes centros, como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, indicam que os produtores estão obtendo bons resultados. Mais de 300 produtores de bananas ocupam área superior a 2.000 hectares, com produção de mais de 30 mil toneladas, nas variedades maçã, prata e nanica.

           Toda a produção chega aos mercados em caminhões com câmaras frias, mantendo a qualidade do produto. A produção de limão Tahiti, cultivado por 274 produtores, alcança 4.000 toneladas, em área plantada de 462 hectares. Já a manga Haden, cultivada por 110 produtores, numa área de 3.333 hectares, atinge uma produção superior a 570 toneladas. A produção do feijão cor envolve 496 produtores e ocupa área de 988 hectares. A produção colhida na última safra foi de 2,2 mil toneladas. A cultura do arroz ocupa área de 166 hectares, com 394 agricultores, e na última safra produziu 546 toneladas. O cultivo de algodão envolve 88 produtores, numa área total de 194 hectares, e a safra foi superior a 360 toneladas. O milho ocupa área de 520 hectares e é cultivado por 610 agricultores, que colheram 1,6 mil toneladas. A produção do milho semente também vem crescendo.

            Na área do projeto, também são produzidos frutos como abacaxi pérola, açaí, acerola, coco anão, figo, lichia, mamão, manga, maracujá, pimenta do reino, tâmara, tangerina e uva, além de diversas variedades de abóbora, alface, alho, batata doce, beterraba, berinjela, brócolis, cebola, quiabo, repolho e tomate, tanto para uso caseiro quanto para a indústria."

            Como podemos comprovar, o semiárido nordestino não é uma região inviável, como muitos pensam. E a solução não é tão difícil como pode parecer. Acreditamos até que o Governo já investiu em tantas outras soluções mirabolantes que com o dinheiro desperdiçado de há muito já poderia ter resolvido o problema com a transposição das águas do Rio São Francisco.

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