"Às vésperas de se despedir do Senado, no qual esteve por 32 anos, o
senador gaúcho diz que o Parlamento nunca esteve tão mal e que vai aproveitar a
aposentadoria para pregar uma nova forma de fazer política," (congressoemfocouol.com.br)
Pedro
Simon fala com conhecimento de causa. E tem mais: ele é um político que tem
credibilidade e autoridade para dizer o que pensa. De fato, muitos dos nossos políticos
deixam muito a desejar. Não há como concordar com algumas regras estabelecidas,
como por exemplo, a que permite que um candidato se eleja praticamente sem
votos, tão somente porque outro candidato do partido obtém uma grande votação,
como aconteceu com Tiririca em São Paulo, e com vários outros. Sobre o que comentou
Pedro Simon, confiram notícia encontrada no site congressoemfocouol.com.br:
“Último
remanescente dos chamados ‘autênticos’ do velho MDB, grupo que fazia a oposição
mais radical ao governo militar, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) encerra uma
trajetória política iniciada como vereador em 1960 e marcada pelo espírito
combativo, pela defesa da ética e pela oratória demolidora. Com 32 anos de
Senado, é um feroz crítico do Parlamento, das siglas partidárias e do sistema
eleitoral. Nas palavras dele, o novo Congresso é ‘uma piada’, a forma de
eleição dos deputados brasileiros é a pior do mundo e os partidos não passam de
uma ‘esculhambação’. ‘O Congresso nunca esteve tão mal’, avalia em entrevista à
Revista Congresso em Foco.
Fiel ao
velho MDB, enterrado, segundo ele, com Tancredo Neves, o senador experimentou
seu último protagonismo de maneira discreta: partiu dele a sugestão a Marina
Silva de se filiar ao PSB e firmar parceria com Eduardo Campos. ‘Descarregaram
uma metralhadora na Marina. Ela sucumbiu’, lamenta, ao explicar a derrota da ex-colega.
Por
Marina, Simon desistiu de última hora da aposentadoria, anunciada há dois anos,
e lançou-se candidato à reeleição, substituindo o deputado Beto Albuquerque
(PSB-RS), conduzido a vice após a morte de Eduardo. Assim como a ex-senadora,
acabou em terceiro lugar. Mas passou o bastão ao filho Tiago Simon, de 44 anos,
eleito pela primeira vez deputado estadual.
Discípulo
da Ordem Terceira de São Francisco desde 2000, Simon afirma que, aposentado,
correrá o país pregando uma nova forma de fazer política. ‘Os que querem o mal
ou usufruir vantagem terminam se unindo, se dando as mãos. E os outros, os
chamados autênticos, que querem o bem ficam isolados. Temos de mudar isso.’
Simon deixará o Senado em 31 de janeiro de 2015, dia em que completará 85 anos.
Revista
Congresso em Foco – Este é o pior Congresso do qual o senhor participou?
Pedro Simon – Não falo em pior nem em melhor. É a circunstância que estamos vivendo. Não tem mais o que fazer. Qual é o próximo escândalo depois da Petrobras? Como é que vamos começar no ano que vem? Na base do ‘é dando que se recebe’? É preciso que o Palácio do Planalto reúna o Congresso para governar com seriedade de um modo muito especial. Todos dizem que querem uma reforma política, uma reforma partidária, uma reforma na economia, um novo pacto social. Então vamos fazer isso. Precisamos de um governo de entendimento geral, tal como houve no Itamar. O PT, o PSDB e o PMDB têm de se reorganizar para fazermos uma eleição pra valer daqui a quatro anos. Não digo que o próximo deva ser um governo de transição, mas que tem de fazer a transição. É uma oportunidade que temos.
Pedro Simon – Não falo em pior nem em melhor. É a circunstância que estamos vivendo. Não tem mais o que fazer. Qual é o próximo escândalo depois da Petrobras? Como é que vamos começar no ano que vem? Na base do ‘é dando que se recebe’? É preciso que o Palácio do Planalto reúna o Congresso para governar com seriedade de um modo muito especial. Todos dizem que querem uma reforma política, uma reforma partidária, uma reforma na economia, um novo pacto social. Então vamos fazer isso. Precisamos de um governo de entendimento geral, tal como houve no Itamar. O PT, o PSDB e o PMDB têm de se reorganizar para fazermos uma eleição pra valer daqui a quatro anos. Não digo que o próximo deva ser um governo de transição, mas que tem de fazer a transição. É uma oportunidade que temos.
Depois
das manifestações do ano passado, acreditava-se em uma grande renovação no
Congresso, que não houve. Por quê?
Porque o momento não permite. O escândalo do mensalão foi grande demais. A mocidade foi às ruas espontaneamente, sem partidos, exigindo mudanças, um Brasil novo. O governo errou ao tratar os condenados no mensalão como heróis. A classe política caiu em descrédito. CPIs, como a do Cachoeira, só jogaram a sujeira pra debaixo do tapete. O governo e os parlamentares ficaram muito desgastados. Muitas pessoas não aceitaram em hipótese alguma serem candidatas. Conheço pessoas sérias, advogados, médicos, empresários, professores, que não aceitaram concorrer. Além disso, o candidato à reeleição tem muita vantagem. As emendas parlamentares, que somam R$ 15 milhões para cada congressista, muitas vezes decidem uma eleição.
Porque o momento não permite. O escândalo do mensalão foi grande demais. A mocidade foi às ruas espontaneamente, sem partidos, exigindo mudanças, um Brasil novo. O governo errou ao tratar os condenados no mensalão como heróis. A classe política caiu em descrédito. CPIs, como a do Cachoeira, só jogaram a sujeira pra debaixo do tapete. O governo e os parlamentares ficaram muito desgastados. Muitas pessoas não aceitaram em hipótese alguma serem candidatas. Conheço pessoas sérias, advogados, médicos, empresários, professores, que não aceitaram concorrer. Além disso, o candidato à reeleição tem muita vantagem. As emendas parlamentares, que somam R$ 15 milhões para cada congressista, muitas vezes decidem uma eleição.
Como
resolver esse quadro?
Temos o pior sistema de eleição para deputado do mundo. O normal é eleição com voto distrital, que não tem nada a ver com isso e reduz o gasto. É como uma eleição para prefeito. No município, em geral, ganha o candidato que tem mais credibilidade e respeito, não o que tem mais dinheiro. Hoje um deputado tem de trabalhar nos 500 municípios do Rio Grande do Sul para ganhar voto. Não trabalha em nenhum. Se botássemos o voto distrital, na segunda eleição, este Congresso seria uma maravilha. O candidato trabalharia para o seu recanto.
Temos o pior sistema de eleição para deputado do mundo. O normal é eleição com voto distrital, que não tem nada a ver com isso e reduz o gasto. É como uma eleição para prefeito. No município, em geral, ganha o candidato que tem mais credibilidade e respeito, não o que tem mais dinheiro. Hoje um deputado tem de trabalhar nos 500 municípios do Rio Grande do Sul para ganhar voto. Não trabalha em nenhum. Se botássemos o voto distrital, na segunda eleição, este Congresso seria uma maravilha. O candidato trabalharia para o seu recanto.
Em
relação ao novo Congresso, do qual o senhor não participará, que avaliação o
senhor faz?
Serão 28 partidos na Câmara e 17 ou 18 no Senado. Uma matéria de maior importância vai ter 28 comunicações de líder. É uma piada. Não existe. Como vamos reunir uma bancada de 40 caras para tomar uma decisão no Congresso? Tem de sair logo essa reforma partidária. Se não a fizerem, será impossível a convivência.
Serão 28 partidos na Câmara e 17 ou 18 no Senado. Uma matéria de maior importância vai ter 28 comunicações de líder. É uma piada. Não existe. Como vamos reunir uma bancada de 40 caras para tomar uma decisão no Congresso? Tem de sair logo essa reforma partidária. Se não a fizerem, será impossível a convivência.
O que o
senhor fará fora do Congresso? É o fim da política na sua vida?
Pretendo fazer o que o Teotônio Vilela fez: percorrer o Brasil. Recebo um número muito grande de convites, principalmente de estudantes e entidades de classe, para fazer palestras. Mas não tinha tempo. Agora vou fazer isso. Temos que estimular políticos, professores e intelectuais a criarem um movimento em favor do Brasil."
Pretendo fazer o que o Teotônio Vilela fez: percorrer o Brasil. Recebo um número muito grande de convites, principalmente de estudantes e entidades de classe, para fazer palestras. Mas não tinha tempo. Agora vou fazer isso. Temos que estimular políticos, professores e intelectuais a criarem um movimento em favor do Brasil."
Concordamos, lamentavelmente, em
grande parte, com as palavras do velho político gaúcho. No Brasil muita coisa precisa
mudar com urgência. Com esse modelo político que nós temos nunca iremos sair do
buraco. É uma pena. Temos um país com um enorme potencial de crescimento, mas
vivemos sempre no atoleiro. É uma lástima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário