sábado, 1 de fevereiro de 2014
AGRONEGÓCIO PERDE COM PARALISAÇÃO DAS OBRAS DA FERROVIA TRANSNORDESTINA
O agronegócio, que tem crescido sucessivamente, gerando divisas e riquezas para o Brasil, poderia ir muito além, se o Governo brasileiro investisse mais em obra de infraestrutura, como estradas, ferrovias e portos, visando facilitar e baratear os custos com transportes, que em muitas situações, podem inviabilizar a produção.
Bem a propósito desse assunto, temos hoje as obras de construção da Ferrovia Transnordestina, que tem como principal propósito transportar a produção agrícola do Norte de Tocantins, Oeste da Bahia e Leste do Piauí, e ainda a produção de frutas e de minério do Nordeste. Hoje, como sabemos, fronteiras agrícolas importantes estão sendo abertas na Região, notadamente a do Sul do Piauí, que surgiu recentemente, e é vista como uma verdadeira redenção para um estado pobre, com enormes carências em todos os sentidos.
Apesar da indiscutível importância da Ferrovia Transnordestina, parece ser mais um daqueles grandes projetos que muito se fala a respeito, mas não se lhe atribui a necessária e justa prioridade após o início das obras. A propósito do assunto, o Jornal Bom Brasil, de 31 de janeiro de 2014, publicou matéria com o título: “Com orçamento de R$ 7,5 bilhões, Transnordestina tem obras paradas: Ferrovia deveria ter sido entregue em 2010, mas foi adiada para 2016. Ela passa por terrenos particulares e moradores reclamam de indenizações.”
As coisas aqui no Brasil, como podemos ver, parece que são iniciadas sem planejamento. Não é possível que uma obra de tamanho vulto não conste do seu planejamento previsões com problemas como esse de indenizações de terras. Seja como for, algo de muito errado está acontecendo. Vejamos o que diz ainda a matéria do Bom Dia Brasil:
“Uma obra fundamental pra transportar produção do Nordeste parou de vez. A ferrovia Transnordestina deveria ter sido entregue em 2010, mas sucessivos problemas fizeram a conclusão ser adiada para 2016. O Bom Dia Brasil percorreu mais de 200 quilômetros de uma obra que promete escoar grãos e minério de três estados do Nordeste: Piauí, Ceará e Pernambuco.
A Transnordestina tem mais de 1,7 mil quilômetros de extensão, passa por 81 municípios. O orçamento atual da ferrovia é de R$ 7,5 bilhões. O prazo de conclusão da obra era de quatro anos, mas já se passaram sete e, no Piauí, nenhum trilho foi instalado. No trecho do Piauí a obra sofreu várias paralisações. Uma pela morte de dois operários na construção de uma ponte e outras por greves envolvendo questões trabalhistas.
Mas foi no fim do ano passado que a construção da ferrovia parou de vez, quando a construtora responsável rescindiu o contrato com a concessionária da obra. O trajeto da ferrovia passa por terrenos particulares e os moradores reclamam das indenizações oferecidas pelo estado. ‘Aqui eu nasci e me criei. Não é justo esse preço que oferecem para a gente’, diz o agricultor José Luis do Nascimento. ‘Até o momento só nos deu prejuízos, dividiu a nossa comunidade, a indenizações foi umas migalhas’, afirma a agricultora Jucélia Xavier.
A defensoria pública do município de Paulistana, no Piauí, acompanha cerca de 90 processos. ‘Temos processos aqui que no primeiro laudo de avaliação, ele foi avaliado em R$ 345, e depois de efetivada nova perícia, esse valor da desapropriação pulou para R$ 20 mil. Então, é a prova cabal de que o estado, não efetuou essa avaliação corretamente’, afirma a defensora pública Edvalda Regina Xavier. No setor agrícola, quem esperava os benefícios da Transnordestina agora lamenta. ‘Uma grande decepção, porque quando a gente pensa em produzir alimentos em uma região onde não tem desenvolvimento e um custo de logística elevadíssimo, essa opção seria uma grande opção para escoar a produção’, afirma Sérgio Bortolozzo, da Associação Brasileira dos Produtores de Milho. A Procuradoria-Geral do Piauí disse que os processos de desapropriação estão correndo normalmente e destacou que, nos casos em que o morador não aceita a proposta do governo, a justiça deve determina o valor.”
Como podemos ver, de fato algo de muito está ocorrendo com o processo de construção da Transnordestina. E como afirmou a Defensoria Pública, não é possível entender-se como razoável as discrepâncias que são registradas entre uma e outra avaliação. Parece mesmo coisa de amadores, ou de mal intencionados. Enquanto isso a obra não anda e o país e o povo perdem por não produzir o que deveriam. No site www.pedesenvolvimento.com encontramos ainda essa outra notícia:
“A ferrovia Transnordestina nasce grande, com 1.728 quilômetros de extensão. E tem uma missão de enorme responsabilidade: dar início a um longo ciclo de desenvolvimento para o Nordeste. A Transnordestina é uma ferrovia que liga os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins. O objetivo é elevar a competitividade da produção agrícola e mineral da região com uma moderna logística que une uma ferrovia de alto desempenho e portos de calado profundo que podem receber navios de grande porte.
Até se chegar à concepção do traçado atual, foram contratadas experientes consultorias em pesquisas agrícolas e minerais para identificar cargas potenciais que pudessem dar suporte ao crescimento da ferrovia. O que mais chamou a atenção foi o crescimento agrícola no cerrado nordestino e a dificuldade futura para escoar toda a produção, fato que poderia estancar o crescimento regional. Na safra de 2004/5, a região formada pelo Norte do Tocantins, Oeste da Bahia e Leste do Piauí produziu 5,3 milhões de toneladas de grãos.
Isto, somado ao fato de que existem no nordeste dois portos novos e de grande calado, levou à solução: construir uma ferrovia de classe mundial que, junto aos trechos existentes, pudesse dar uma respeitável vantagem competitiva aos produtos do cerrado. A soja, que cresce a taxas superiores a 17% ao ano entre 1992 e 2004, no cerrado nordestino, junto com o milho e o algodão, pode se transformar na carga-âncora que vai tornar o novo empreendimento sustentável. No meio do caminho, uma imensa e já conhecida jazida de gipsita ganha também um sopro de competitividade capaz de revitalizar a região. A estas duas cargas adicionem-se os combustíveis e o biodiesel, com excelente perspectiva de crescimento, o pólo produtor de frutas em Pernambuco mais a produção de álcool que se inicia no cerrado, além das excepcionais oportunidades para o transporte de minério de ferro.
Está pronto um mix de cargas capaz de sustentar um empreendimento rentável. As projeções da ferrovia apontam para o transporte de 17 milhões de toneladas de cargas em 2010 e cerca de 27 milhões em 2020. A construção foi iniciada em 6 de junho de 2006 e sua conclusão prevista para dezembro de 2010.
BENEFÍCIOS:
A Nova Transnordestina é um sistema de transportes formado por ferrovia, terminais portuários e estradas que vão alimentar este sistema. Na sua operação, o mais importante é tirar proveito máximo de cada uma de suas partes, fazendo o que se chama de logística integrada. Integração leva à eficiência e esta é passada a vários setores. Um deste é o têxtil que voltará a contar com algodão nacional para manter sua competitividade no mercado mundial.
Mas, sem dúvida, um dos maiores beneficiados será o segmento chamado de protéico. Parte dos grãos cultivados no cerrado será consumida por empresas brasileiras que produzem carnes, seja de aves, suínos ou bovinos. A carne é a forma de se agregar valor à proteína contida, por exemplo, no farelo de soja adicionado às rações animais. Dessa forma, o país gera mais empregos internamente e exporta produtos de maior valor agregado.”
Essa falta de compromisso com o povo e a Região Nordeste é o que nos assusta. Como todos sabemos, além do projeto da Transnordestina, temos ainda o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco, outra grande obra de enorme impacto para a economia da Região Nordeste, que como aquela, há muito tempo se arrasta, sem data certa para ser concluída. E tem mais: se em 2014, ano de eleição, os dois projetos não andam, imagem o que acontecerá a partir de 2015.
De fato, não podemos alimentar grandes esperanças. De qualquer modo, como dizem que “A voz do povo é a voz de Deus”, resta-nos ir às ruas e clamar por providências do Governo no sentido de concluí-las o quanto antes.
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