segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ECONOMIA EM DIFICULDADES PÕE EM RISCO A REELEIÇÃO DA PRESIDENTE DILMA





            Há tempos que a economia brasileira dá sinais de enfraquecimento. E isso fica evidente em várias situações como, por exemplo: a) quando a inflação insiste em ficar acima da meta de 4,5% ao ano, obrigando o Banco Central a aumentar as taxas de juros; b) quando a taxa de crescimento do PIB, por anos seguidos, não consegue um desempenho razoável; c) quando a balança comercial apresenta desempenho medíocre e as contas externas têm o pior resultado dos últimos anos; d) as dívidas públicas interna e externa atingem patamares assustadores; e e) a acentuada desvalorização do real. 
      
            E essa realidade ninguém pode esconder, uma vez que o próprio Governo já reconhece. O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, em entrevista a Revista Exame de nº. 1059, ano 48, de 19 de fevereiro de 2014, página 41, quando perguntado pela Revista “E o que tira o sono do BC?”, foi direto afirmando que “Temos de encontrar ‘novos motores’, novas fontes de expansão da economia. Crescimento gerado apenas pela absorção de mão de obra tem limite. Nesse sentido, a agenda do governo está bem focada. Precisamos qualificar a mão de obra, e temos mais pessoas estudando e mais programas públicos de qualificação que atendem milhões de trabalhadores. Também precisamos destravar o investimento e resolver os gargalos de infraestrutura para ampliar nossa capacidade de crescer sem pressionar a inflação. Podemos enxergar este momento como uma oportunidade de nos ajustar e aumentar a produtividade.”
  
            Nesse pequeno trecho da entrevista do presidente do Banco Central é possível tirarmos algumas conclusões importantes. Quando ele afirma que o “Crescimento gerado apenas pela absorção de mão de obra tem limite”, que é o nosso caso, leva ao entendimento de que se continuarmos sem mudar nada no rumo da economia, não conseguiremos avançar. E isso, com certeza, não é uma tarefa fácil para nenhum Governo realizar num ano de eleições. Em assim sendo, não deveremos alimentar grandes esperanças para 2014, muito embora o Governo tenha alardeado o lançamento de um plano com o objetivo de equilibrar as contas públicas, já pensando em evitar um problema mais sério, tendo em vista que a situação da economia exige providências reais e concretas.

            Por outro lado, como muito bem afirmou a Revista Veja nº. 2362, ano 47, de 26 de fevereiro de 2014, “O prolongado período de baixo crescimento, o aumento da inflação, o avanço dos gastos públicos e a interferência estatal em diferentes setores criaram uma combinação perversa que minou a confiança de empresários e investidores. Uma das conseqüências desse desarranjo está na ameaça de rebaixamento da nota de crédito do país, que é uma referência de confiabilidade para os investidores.” Como podemos ver, a informação da Revista Veja só confirma o que afirmamos sobre a fragilidade da economia brasileira. 

Registre-se, no entanto, que a questão crucial da economia foi levantada pelo presidente do Banco Central quando disse que “Também precisamos destravar o investimento e resolver os gargalos de infraestrutura para ampliar nossa capacidade de crescer sem pressionar a inflação.” A necessidade de investir em infraestrutura é um assunto que tem sido apontada por todos os economistas do país. E não só os economistas, uma vez que todas as pessoas esclarecidas sabem que o país não pode avançar sem investimentos em ferrovias, em estradas, nos portos, em hidrelétricas, dentre tantas outras áreas. Isso, no entanto, o Governo não consegue levar a frente, como muito bem já tivemos a oportunidade de apontar as dificuldades para as conclusões de obras vitais para a economia brasileira, como a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia Transnordestina, só para citar esses dois exemplos. 

     
            E como esclareceu ainda a Revista Veja, “De certa forma, os reflexos de uma mudança já vem sendo antecipado. Nos últimos leilões para captar recursos, o Tesouro foi obrigado a pagar taxas de juro mais altas. Em outras palavras, ficou mais difícil encontrar investidores dispostos a financiar a dívida pública, e o custo do dinheiro subiu.” Quando o país está sendo obrigado a arcar com custos mais elevadas para conseguir recursos para tocar os seus investimentos, não restam dúvidas de que já pairam no ar a desconfiança na economia e a consequente capacidade de honrar os compromissos assumidos.
  
            O fato é que o Governo já vem prevendo problema com a economia em 2014, tanto que, segundo a Revista Veja “Para reverter o quadro e resgatar a credibilidade, o governo tem sido cobrado a apresentar um plano crível e exequível de reequilíbrio nas contas públicas. Por essa razão é que se aguardava com grande expectativa a apresentação, na semana passada, de seu plano orçamentário.”  
        

             A saúde da economia brasileira parece não ser das melhores, tanto que há tempos os especialistas prevêem dificuldades para 2014, tanto que na data de 27 de dezembro de 2013, encontramos no site www.jovempan.uol.com.br, a notícia intitulada “Especialista alerta para dificuldades na economia brasileira em 2014”. Vejamos o que diz a matéria:

 

“Ano curto com Carnaval, Copa do Mundo e eleições, faz o economista Reginaldo Siaca encontrar dificuldades para o Governo controlar a economia em 2014. Para Siaca, um fator imponderável no próximo ano é a ameaça de rebaixamento da nota brasileira pelas principais agências de risco. 

Segundo o especialista, o mercado já espera essa possibilidade e o Brasil deve ver a saída de cerca de trinta bilhões de dólares do país. O também economista Ivan Kraiser ressalta ainda que o governo Dilma vai ter que lidar com a falta de credibilidade interna e mudanças pelo resto do mundo.                          

                                     
Kraiser acredita que o Banco Central deve manter a política de elevação do juro básico nas próximas reuniões do Copom. Ele considera a medida necessária para enfrentar a resistência da inflação e, agora, também, como incentivo para atrair mais dólares.” 

            Como podemos ver, não é sem razão que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a previsão de reduzir as despesas em 44 bilhões de reais em relação à proposta orçamentária anterior. Além disso, fixou em 99 bilhões de reais, ou 1,9% do PIB, o superávit primário (excluindo os gastos com a dívida). Na opinião da Revista Veja, no entanto, “Ainda está longe do ideal do déficit nominal zero, mas, se cumprido, o plano poderá ao menos conter a queda da credibilidade.”  
    
            De qualquer modo, não restam dúvidas de que o governo está preocupado com a situação da economia brasileira. E não é para menos, considerando que a reeleição da presidente Dilma depende da saúde financeira do país. Por outro lado, na opinião de Miriam Leitão, a economia brasileira deste ano dependerá das condições climáticas nas diversas regiões do país, vejamos o que diz a comentarista em matéria publicada no seu blog na data de 22 de fevereiro de 2014: 


“Este ano a economia está muito dependurada no clima. As projeções fiscais, de inflação, balança comercial e investimento dependem do que vai acontecer principalmente no Sudeste. E é justamente no Sudeste que os modelos do Inpe estão com mais baixa previsibilidade. O professor José Marengo explicou que as revisões dos dados estão acontecendo semanalmente.

Os modelos conseguem dizer que no norte de Roraima, Amazonas e Pará vai continuar a chover muito acima da média nos próximos três meses. No Nordeste, vai chover bem abaixo do normal. Mas a previsibilidade do Sudeste e Centro-Oeste está baixa, e isso atinge a segurança energética e de produção de alimentos. Afeta, enfim, toda a economia. Comparando dois anos difíceis — 2001 e 2014 —, Marengo diz o seguinte:

— Em termos de recordes de temperatura elevada no Sudeste e Sul, 2014 é pior. Em escassez de chuva, a comparação de janeiro e fevereiro mostra que 2001 foi pior. Mas, naquele ano, choveu muito em maio e aliviou um pouco a crise energética. Nós não sabemos se vai se repetir o fenômeno e chover em maio, que não é uma época normalmente de muita chuva. Tudo está mudando e por isso temos reuniões semanais para avaliar o que vai acontecer. Este ano, no mundo inteiro, há eventos extremos.” 

            Como podemos ver, esse é mais um problema que pode refletir no resultado na eleição de 2014. Então, como já adiantamos, o eleitor não perdoa o governo que falha na condução da política econômica.

                 Em assim sendo, muito embora as pesquisas indiquem que a presidente Dilma seja a favorita para vencer as eleições de 2014 para presidente da República, nada está garantido até então, uma vez que o desfecho das urnas depende do desempenho da economia internacional, de fatores climáticos internos, e ainda, sobretudo, da competência da equipe econômica do governo. 
  
    E assim o é porque o eleitor é extremamente sensível ao humor da economia. Em regra, a popularidade do governo é compatível com o desempenho da economia. Se a economia estiver bem, o normal é que a popularidade do governo igualmente esteja. E tanto é assim que dentre os motivos que levaram a queda de popularidade da presidente Dilma apontada pelo IBOPE, na última pesquisa realizada, com certeza estão os rumores sobre as dificuldades na economia. 

    Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, 23 de fevereiro de 2014, a taxa de aprovação do governo Dilma caiu de 43%, em dezembro, para 39% no levantamento realizado entre os dias 13 e 17 deste mês. 

        "A queda nas pesquisas representa o momento, o fracasso da economia, o recrudescimento da inflação e a política externa desastrosa e equivocada", disse Aécio, que deverá enfrentar a petista na eleição presidencial deste ano.

            Na opinião do senador mineiro, o resultado reflete ainda os atrasos nas obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo. De um modo ou de outro, mesmo não sendo o senador Aécio Neves a pessoa indicada para falar sobre a queda da popularidade da presidente Dilma, não deixa de ter razão, uma vez que a opinião dele é, igualmente, compartilhada por muitos outros especialistas que já se manifestaram sobre o assunto.   


2 comentários:

elzafraga disse...

Acho que já poderíamos falar em mais que risco. Pelo que escuto das ruas, em todos os segmentos, todas as classes, o repúdio ao nome da petista é quase unanimidade. E estou escrevendo com imparcialidade, pois não sou, nem quero ser, formadora de opinião, apenas relatando o fato de ouvir mais rejeição que adesão. E posso apostar que já ouvi muito mais eleitores que as pesquisas que ando acompanhando, todas quase que por amostragem. Enfim, como temos urnas eletrônicas fabricadas por empresa já multada em R$ 112 milhões por corrupção em três países [informação que corre por toda a net], aguardemos e oremos...

Ieda disse...

E em maio não choveu como o esperado...