domingo, 4 de maio de 2014

O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO TEVE NA ÚLTIMA DÉCADA ÍNDICE DE PRODUTIVIDADE MAIOR DO QUE O OBTIDO NOS ESTADOS UNIDOS




           “E mais um dado para mostrar como a produtividade da agropecuária brasileira é alta: de acordo com o Ministério da Agricultura americano, o crescimento do setor no Brasil foi, em média, superior a 4% ao ano, entre 2006 a 2010. Nos Estados Unidos, foi menos de 2% no mesmo período.” (Jornal Nacional de 03.05.2014)




            A Revista Exame, Ed. 1033, ano 47, nº. 21, de 13 de novembro de 2013, tem como matéria de capa: “O Brasil que dá certo: com cada vez mais tecnologia de ponta, a agricultura brasileira dá saltos de produtividade e empurra a economia. Como uma elite de fazendeiros está transformando o campo em referência mundial.” 

E isso de fato é verdadeiro, e não nos surpreende, como já tivemos a oportunidade de mostrar em vários outros artigos que publicamos no nosso blog. Na reportagem que se inicia na página 31, a Revista começa informando que “Se há um setor em que o Brasil é incontestavelmente competitivo, esse setor é o agronegócio. O país é visto pelo restante do mundo como um dos principais provedores de alimentos no presente e no futuro. Trata-se de uma posição estratégica. Estima-se que em 2050 o mundo tenha de alimentar 9,1 bilhões de pessoas. Por razões como essas, o agronegócio brasileiro está vocacionado para o mercado internacional.” 

O agronegócio brasileiro, diferentemente do que tem acontecido com outros segmentos da economia, apresenta ganhos de produtividade surpreendentes. E essa confirmação foi mostrada no Jornal Nacional de ontem, 03 de maio de 2014. Vejamos o que diz a reportagem:

“Uma plantação é o que se tem de melhor no Brasil para falar de produtividade. Pode parecer a imagem de um país atrasado, mas, se o Brasil está atrasado em produtividade, não é no campo. É no campo que a gente sabe produzir melhor.

A produtividade média da economia brasileira cresceu 1% ao ano na década passada. Já na agropecuária, avançou quase 4%. Bem mais do que nos serviços e na indústria. E isso começa nos laboratórios.
Na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que é reconhecida internacionalmente, a ciência ajuda a desenvolver as plantas, os animais, os solos.

‘Nos anos 1960, a soja era adaptada só ao extremo sul do país. Usando tecnologia, usando os conhecimentos da genética e do melhoramento, nós fomos capazes de mover a soja para a região central e tropical do Brasil’, diz Maurício Antônio Lopes, presidente da Embrapa.” 

Ninguém pense, no entanto, que esse sucesso que é hoje o agronegócio brasileiro nasceu de repente. O grande resultado que se colhe hoje é fruto de uma política agrícola que se iniciou na década de 1950 no segundo governo de Getúlio Vargas, que fez a reestruturação da CREAI – Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil e criou a CFP – Comissão de Financiamento de Produção, instituições que tiveram nos anos que se seguiram um papel dos mais importantes para a agricultura do país. 

            Ressalte-se, no entanto, que os Governos Militares foram os que mais fizerem pelas atividades do campo. Já no início do regime, a partir de 1964, começaram a instrumentalizar o país para ser o que é hoje, criando legislação adequada, programas de fomento, e políticas de créditos subsidiados, transporte, armazenamento e assistência técnica e extensão rural. E é em razão dessa política agrícola que o Brasil atingiu o nível de desenvolvimento no campo que é hoje. Informou ainda o Jornal Nacional: 
    
“Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo e está encostando no primeiro, os Estados Unidos. Em 25 anos, nossa produtividade de soja passou de 1,7 mil para quase 3 mil quilos por hectare. 

No campo, terra parada é desperdício. Por isso, a Embrapa desenvolveu um sistema em que o solo produz o tempo todo. É o que acontece em uma fazenda em Goiás: o pasto vira plantação; e a plantação volta a ser pasto. E ainda tem a floresta plantada ao lado. 

‘A pecuária ganha com a pastagem de melhor qualidade, se beneficiando pelos resíduos deixados pela agricultura e com a sombra fornecida pelo eucalipto, com o animal com menos estresse’, explica Anábio Ribeiro, administrador da fazenda. 

Os bois engordam mais cedo, ficam mais baratos, e a fazenda, que só criava gado, agora usa a terra para tudo isso.
‘Hoje explora em equivalência tanto a pecuária, quanto a agricultura e quanto a floresta’, conta a dona da fazenda.” 

            Os governos militares, por sua vez, instituíram no Brasil uma Política Agrícola extremamente agressiva, com crédito rural subsidiado em abundância, assistência técnica, seguro agropecuário, política de preços mínimos e armazenamento. Além de tudo isso, criaram a EMBRAPA em 1973, propiciando as condições indispensáveis para a abertura das grandes fronteiras agrícolas da Região Centro-Oeste, responsáveis em grande parte pelo sucesso do agronegócio brasileiro. 

Como muito bem informado pela referida Revista Exame nº 1033, página 31, “As exportações do setor atingiram o recorde de 102,3 bilhões de dólares, entre setembro de 2012 e agosto. A China absorveu 21,2% desse total e manteve a posição de maior parceria. Motor do crescimento econômico do país, as exportações do agronegócio também são o principal gerador de saldos comerciais. As vendas externas do setor corresponderam a 43% das exportações brasileiras no mesmo período. O constante aumento da produtividade explica o bom desempenho do agronegócio – apesar das deficiências crônicas do Brasil em infraestrutura.” Infelizmente, apesar de todo esse avanço no campo, o produtor brasileiro acaba perdendo em termo de competitividade em razão das deficiências de infraestrutura, como ainda mostrou o Jornal Nacional: 

“Já da porteira para fora, na hora de escoar a produção, o Brasil sofre com as estradas que tem. Não são só as estradas que fazem dos Estados Unidos o terceiro país mais produtivo do mundo. A internet também trafega em alta velocidade. 

Como já afirmado noutros artigos, o agronegócio brasileiro é hoje um sucesso indiscutível. Entre 1990 e 2013, a produção de alimentos quase que quadruplicou, saindo de uma produção de pouco mais de 57 (cinqüenta e sete) milhões de toneladas de alimentos para aproximadamente 200 (duzentos) milhões em pouco mais de duas décadas, sem levar em consideração que o Brasil tem hoje aproximadamente 210 milhões de cabeça de gado. E isso tem muito a ver com o ganho de produtividade a que se referiu o Jornal Nacional. Senão vejamos:  

“E mais um dado para mostrar como a produtividade da agropecuária brasileira é alta: de acordo com o Ministério da Agricultura americano, o crescimento do setor no Brasil foi, em média, superior a 4% ao ano, entre 2006 a 2010. Nos Estados Unidos, foi menos de 2% no mesmo período.” 

Por todos esses dados que acabamos de apresentar, não temos dúvidas nenhuma de que hoje a economia brasileira e o equilíbrio da balança comercial dependem essencialmente do agronegócio. Por outro lado, entendemos que o governo, se deseja tornar os produtos do agronegócio competitivos no mercado internacional, precisa envidar grandes esforços no sentido de melhorar a infraestrutura, com a construção, a melhoria e a ampliação dos portos e estradas, bem como viabilizar o transporte ferroviário e o hidroviário, opções bem mais econômicas do que o rodoviário.

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