Não temos com essa divulgação o intuito
de fazer crítica a política de crédito subsidiada do Governo Federal.
Entendemos que em certas circunstâncias isso pode ser necessário para fomentar
a economia, gerando empregos e riquezas para o país. O que sempre
questionamentos é a maneira como certos financiamentos são concedidos. E quando
assim nos manifestamos, o fazemos com conhecimento de causa, já que temos uma
longa vivência como executivo de banco público.
Não enxergamos grande problema em
certas políticas de crédito voltadas para o desenvolvimento. O que não pode e
não deve acontecer é abdicar-se de critérios técnicos para favorecer grupos em
razão de critérios políticos. Quando isso ocorre, em regra resulta em prejuízos,
já que muitas empresas, que não atendem as condições para a obtenção de crédito,
são favorecidas indevidamente. A respeito dessa matéria, vejamos notícia de Medida
Provisória sobre financiamentos do BNDES que tramita no Congresso Nacional:
“O Senado tem até dia 2 de junho para
aprovar o Projeto de Lei de Conversão (PLV) 8/2014, que altera a Medida
Provisória (MP) 633/2013,
antes que ela perca a validade. O projeto aumenta em R$ 80 bilhões o limite de
financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) com subvenção de juros da União. A matéria foi aprovada pela
Câmara no último dia 21.
Os projetos financiados a juros
menores pelo BNDES são os destinados à aquisição, produção ou arrendamento
mercantil de bens de capital; à produção de bens de consumo para exportação; ao
setor de energia elétrica; a estruturas para exportação de granéis líquidos; a
obras de engenharia e a equipamentos de reciclagem e tratamento ambientalmente
adequados de resíduos, entre outras finalidades.
No caso de operações financeiras que
envolvam informações sigilosas, o texto determina que, ainda assim, elas devam
constar de relatório trimestral que o banco deve enviar ao Congresso.
De acordo com o relatório do deputado
Fernando Franscischini (SD-PR), o limite atual, de R$ 322 billhões, passa a ser
de R$ 402 bilhões – R$ 30 bilhões a mais que o proposto pelo Executivo na MP. O
relator revisor da matéria na comissão mista que analisou a MP foi o senador
Humberto Costa (PT-PE).
Estímulo à
competitividade
O governo argumenta que as medidas de
incentivo, prorrogadas por mais um ano até dezembro de 2014, são necessárias
para estimular o aumento da competitividade da indústria brasileira,
principalmente por meio da modernização do parque industrial.
O custo dessa subvenção, previsto pela
MP antes das mudanças feitas pelo relator, era da ordem de R$ 12,3 bilhões ao
longo de todo o período dos contratos. Devido à metodologia de pagamento dessa
subvenção de juros dos financiamentos, o impacto começará a partir de 2016.
Mais recursos
Outra novidade incluída pelo relator
na MP é a concessão de crédito de mais R$ 30 bilhões ao BNDES, cujo uso será
definido pelo Ministério da Fazenda.
O dinheiro poderá ser alocado ao banco
por meio da emissão de títulos da dívida pública, e o BNDES poderá usar
créditos que detém na BNDES Participações como contrapartida. Os títulos serão
remunerados pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
Subvenção ao
etanol
O assunto novo introduzido pela
comissão mista que analisou a MP é a subvenção econômica às destilarias de
etanol localizadas no Nordeste para a safra 2011/2012.
O valor da subvenção é de R$ 0,25 por
litro de combustível efetivamente produzido e comercializado nessa safra por
usinas e destilarias produtoras. Igual incentivo já foi concedido pela Lei
12.865/13, derivada da MP
615/13, com valor de R$ 0,20 por litro para a safra 2011/2012.
A novidade em relação ao benefício concedido
para a safra anterior é que, se houver previsão orçamentária, ele poderá ser
estendido a outras regiões do País cujas safras tenham sofrido adversidades
climáticas.
Seguro
habitacional
O PLV aprovado na Câmara também inclui
a transferência das ações judiciais contra o seguro habitacional do Sistema
Financeiro de Habitação (SH/SFH) das segurados para a Caixa Econômica Federal e
para a Advocacia-Geral da União (AGU).
O extinto seguro habitacional, feito
em imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação, garantia
indenização ou reconstrução do imóvel em caso de danos físicos, assim como
assegurava que a família ficaria com o imóvel em caso de morte ou invalidez do
mutuário e que a instituição financeira que concedeu o financiamento tivesse sua
dívida quitada. Estima-se que corram na Justiça hoje 38 mil ações envolvendo
350 mil pessoas.
O objetivo do governo com a edição da
MP, ao repassar para a União a custódia dessas ações, era agilizar sua
tramitação, até mesmo facilitando acordos financeiros entre os envolvidos.
A Caixa Econômica Federal, inclusive, informou o relator, já editou uma
resolução disciplinando os acordos de forma a resolver os casos de maneira
muito mais rápida.
O relatório trouxe mais parágrafos à
MP para “conciliar o interesse de defesa do patrimônio publico e o do mutuário
que está na ponta do processo”. Assim, foram incluídos no projeto de lei de
conversão itens assegurando que processos em que a União intervir terão
prioridade na Justiça Federal, assim como aqueles cujos envolvidos são idosos,
portadores de necessidades especiais ou de doenças crônicas.
Também ficou assegurada, com a mudança
de esfera judicial, a continuidade dos pagamentos de auxílio moradia, aluguel,
prestações, guarda e vigilância dos imóveis até a conclusão dos processos.
Em outro trecho, o PLV explicita que
apólices privadas seguem com tramitação na Justiça Estadual. Em caso de
processo sobre apólices públicas e privadas, as ações serão desmembradas com
remessa à Justiça Federal apenas da parte que trata das apólices públicas.
Por emenda do presidente da comissão
mista, senador Romero Jucá (PMDB-RR), também ficou acertado que os depósitos
judiciais das ações transferidas para a Justiça Federal continuarão sob tutela
do estado até o final do processo.”
O que
muito nos preocupa, e em razão disso gostaríamos de entender, é como um país
que não dispõe de recursos para atividades essenciais como saúde, segurança
pública e educação, consegue tanto dinheiro para empréstimos subsidiados para grandes
empresas. E sem nenhum propósito de querer criticar quem quer que seja, nem
sempre dispostas a restituir o dinheiro aos cofres públicos.
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