sábado, 23 de novembro de 2013
ENFIM O GOVERNO ACORDA E RETOMA OBRAS DE TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO
"O sol bem vermeio
Nasceu muito além
Meu Deus, meu Deus
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
Ai, ai, ai, ai
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Meu Deus, meu Deus
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz: "isso é castigo
não chove mais não"
Ai, ai, ai, ai
Apela pra Março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Sinhô São José
Meu Deus, meu Deus
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
Ai, ai, ai, ai
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nóis vamo a São Paulo
Viver ou morrer
Ai, ai, ai, ai
Nóis vamo a São Paulo"
(Luiz Gonzaga)
A seca que castiga hoje o semiárido nordestino é uma das piores dos últimos sessenta anos. Com a seca assoladora, muitas cidades estão tendo sérios problemas de abastecimento d’água, não sendo raros os casos de abastecimento através de carros pipas que transportam água de péssima qualidade de grandes distâncias. Além disso, os habitantes do campo, em muitas situações, precisam fazer grandes deslocamentos para pegar água para beber e cozinhar. O rebanho bovino e de outros animais estão morrendo de fome e de sede, enquanto isso a tão sonhada obra de transposição do Rio São Francisco, que deveria ser prioridade do Governo, anda em ritmo de tartaruga. Prevista inicialmente para ser entregue em 2012, teve a data remarcada para dezembro de 2015. E agora adquiriu conotação eleitoreira, depois que o Senador Aécio Neves, provável candidato a presidente da República pelo PSDB, mostrou a situação de abandono da obra num programa de televisão do seu partido. Uma vez que a obra teve início e nela já foram investidas somas gigantescas de recursos públicos, não faz mais nenhum sentido paralisá-la agora, depois de tanto tempo. Segundo o Jornal Folha de São Paulo “A presidente Dilma Rousseff disse ontem em Fortaleza que a obra de transposição do São Francisco ‘está andando’. Na prática, contudo, o cenário é outro: rachaduras, remendos, mato e trabalhos em ritmo lento. A Folha percorreu nesta semana os dois canais da obra -- o leste e o norte. Encontrou placas de concreto rachadas sendo remendadas, em vez de substituídas por novas peças. A transposição ganhou recentemente contornos eleitorais. O presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) exibiu trechos abandonados no programa nacional do partido, o que levou Dilma a cobrar a aceleração das obras.” Como podemos ver, essa obra de grande relevância para a população do semiárido nordestino, nunca foi de fato nenhuma prioridade deste Governo. E isso o povo nordestino precisa levar em consideração, muito embora muitos não o levem, uma vez que acabam deixando se iludir pela esmola que recebem do Bolsa Família, que, lamentavelmente, supre uma necessidade mais imediata, que é a de matar a fome de muitas famílias. A ideia de transposição das águas do São Francisco surgiu há muito tempo. E por trás dela existe uma grande história, rodeada de tentativas, avanços e recuos. E mesmo depois que o Governo decidiu realizá-la, ainda surgiram muitos problemas, segundo relatou ainda o Jornal Folha de São, na publicação de hoje. Senão vejamos: “Em 2007, a obra só começou após o governo derrubar ações na Justiça que denunciavam impactos ambientais e negociar o fim da greve de fome de um bispo da Bahia. A imprecisão dos projetos básicos exigiu novas licitações, renegociação de contratos e interrupção do serviço pelas empreiteiras. Os únicos trechos prontos são dois lotes feitos pelo Exército. Quem toca a obra é o Ministério da Integração Nacional, até outubro comandado por Fernando Bezerra, indicado pelo provável candidato à Presidência e governador Eduardo Campos (PSB-PE).”
Não há como não se reconhecer a importância da transposição das águas do Rio São Francisco para as populações dos quatro Estados do Nordeste que serão beneficiadas: Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Nordeste. Segundo artigo encontrado no site www.sustentandoavida.blogspot.com.br, “A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semi-árido será possível com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a 1,4% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s) no trecho do rio onde se dará a captação. Este montante hídrico será destinado ao consumo da população urbana de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos quatro Estados do Nordeste Setentrional. Nos anos em que o reservatório de Sobradinho estiver vertendo, o volume captado poderá ser ampliado para até 127 m³/s, contribuindo para o aumento da garantia da oferta de água para múltiplos usos.” O fato de garantir água para o abastecimento de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos quatros estados beneficiados, por si só, já seria uma grande conquista. Como, no entanto, há a possibilidade de ampliação da captação de maior volume de água em determinados períodos do ano, com a perspectivas de utilização daquelas para outras finalidades, torna-se mais auspiciosas ainda as vantagens decorrentes do empreendimento. Como informado pelo blog acima mencionado, outras vantagens advirão da transposição, como:
a) O abastecimento de água para uma população de cerca de 12 milhões de habitantes.
b) A inserção de 24.400 hectares de terra produtivas ao longo dos canais (por meio da irrigação).
c) A disponibilização de água para rebanhos.
d) A geração de novas possibilidades de renda.
e) O aumento do número de famílias fixadas no campo.
f) A garantia de abastecimento das comunidades ao longo dos canais com água de boa qualidade, através dos chafarizes.
g) A diminuição da migração e, portanto, a retenção de um importante contingente humano na região beneficiada.
h) A dinamização das atividades produtivas, gerando mais negócios, empregos e renda.
i) A redução da pressão migratória sobre as pequenas e médias cidades e metrópoles da região, reduzindo seus problemas sociais e ambientais.
Por todos os fatores positivos acima apontados, e considerando ainda que não há mais como haver recuo nas obras do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, só resta nos unirmos em prol da causa e pugnarmos por providências do Governo no sentido de concluí-las o quanto antes, já que o mais razoável é que o Governo encare esse projeto como prioridade, uma vez que dele depende um grande contingente populacional, historicamente relegado a um plano secundário, vítima de todo tipo de mazela, inclusive da discriminação de outras regiões do país, que sempre viram os nordestinos como parasitas das riquezas produzidas no Sul e Sudeste do Brasil.
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