segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O AGRONEGÓCIO VERSUS OS DESAFIOS DA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE E DE ARMAZENAMENTO

Desde o início da década de 1950 que o Brasil se debate com o problema da melhoria das condições de infraestrutura necessárias para o desenvolvimento das atividades do campo. Vale ressaltar, no entanto, que somente a partir das décadas de sessenta e setenta foram dados passos importantes no tocante ao apoio à atividade rural, como se verifica pelo comentário de Nóbrega (1985, p.111): "A partir de 1964, aumentou-se a atenção para outras áreas da infraestrutura econômica, merecendo salientar a criação da Empresa Brasileira de Armazenagem – Cibrazem e da Companhia Brasileira de Alimentos – Cobal, que exercem papel dos mais destacados na ampliação das redes de armazenamento e das centrais de abastecimento. O Grupo Executivo de Eletrificação Rural de Cooperativas – GEER, do Ministério da Agricultura, tem contribuído, via apoio creditício, para o desenvolvimento da eletrificação rural, especialmente através de cooperativas. O programa Corredores de Exportação, do Ministério dos Transportes, vem realizando importante trabalho, com investimentos em estradas de rodagem e de ferro, bem como na infraestrutura portuária." O governo, na tentativa de viabilizar uma verdadeira política agrícola, construiu muitas rodovias e interligou os principais centros do país, conseguindo abrir fronteiras agrícolas e pôr o Brasil na condição de um dos maiores produtores de alimento do mundo, mas o escoamento da produção constituiu-se no passado no maior problema para o desenvolvimento da atividade rural e continua sendo um enorme desafio a ser superado, pois os maiores produtores de alimento, como é o caso de Mato Grosso, citado a título de exemplo, têm no custo com o transporte da produção um sério obstáculo, o que afeta o poder de competitividade e, muitas vezes, inviabiliza a exploração de determinados produtos. O nosso posicionamento é ratificado pela matéria disponível no site da Revista Com Ciência – Transporte (2005, p.01): "O Brasil agrícola está produzindo como nunca. É líder mundial em soja, milho, açúcar, café, carne bovina e de frango. Mas, na hora de escoar essa produção até os pontos de venda ou portos exportadores, o país enfrenta sérios problemas com a ineficiência dos sistemas de transporte. São rodovias em situação precária, caminhões sucateados, ferrovias sem investimento e terminais portuários sobrecarregados. Além disso, a produção está espalhando-se para o centro-oeste e norte do país e distanciando-se dos grandes centros consumidores e dos canais exportadores, como sul e sudeste, o que encarece os custos com transporte e põe em risco a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional." Apesar de alguns problemas ainda existirem e necessitarem de providências para equacioná-los, é inegável que muito já se fez na busca de melhores condições para a atividade rural, principalmente na década de setenta, quando mesmo não se tendo conseguido dar ao produtor tudo o que era preciso, empenhou-se, por meio dos mais variados mecanismos de incentivo, no propósito de viabilizar a economia rural do país e transformá-lo no grande exportador de alimento que é hoje. De qualquer modo, a questão da infraestrutura de transporte continua sendo um gargalho para o escoamento da produção brasileira. A esse respeito, importante matéria foi publicada no site www.cidadeverde.com/infraestrutura na data de 04.01.2014. Senão vejamos: “O grande desafio para o agronegócio em 2014 é a infraestrutura logística, diz a economista Daniela Rocha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. ‘A produção tem aumentado por causa dos avanços tecnológicos, mas a gente está com dificuldade de escoar’, disse Daniela.
O Brasil apresentou produtividade elevada em todos os produtos no ano passado, e a melhoria vai continuar este ano em quantidade - não em ternos de área plantada, mas devido aos avanços tecnológicos implantados. Os problemas de infraestrutura impedem que o país tenha condições adequadas para escoar a produção. Daniela admitiu que os leilões de concessões na área de infraestrutura de transportes são a única alternativa para melhorar o escoamento da produção. Ela avaliou que o governo federal deu o pontapé inicial para solucionar a questão com as concessões de portos, rodovias, aeroportos e ferrovias, mas indicou que os resultados dos primeiros leilões só deverão ser notados ‘daqui a três ou quatro anos’.
A economista destacou que em vez de os investimentos serem direcionados de forma maciça para rodovias, o governo deveria dar prioridade a combinações entre os diversos meios de transporte da produção, como rodovia/hidrovia ou hidrovia/ferrovia, por exemplo.” De fato tem razão a economista Daniela Rocha, quando afirma que o Governo deveria dar prioridade a combinações entre diversos meios de transporte da produção, uma vez que a opção tão somente pela rodovia, nem sempre é a melhor. Dada, muitas vezes, as grandes distância entre o local da produção e os centros consumidores e os portos exportadores, o transporte rodoviário pode encarecer demais os custos da produção, inviabilizando-a em determinadas situações. O problema é que no Brasil todo o planejamento, como muito explicou a economista, está voltado para o transporte rodoviário. Vejam o que diz a matéria encontrada no site da cidadeverde: “Daniela Rocha explicou que o planejamento do transporte no Brasil foi voltado para o setor rodoviário. ‘Você pode começar a diminuir isso, a partir de melhorias nos portos’. Acrescentou que se houver condições de algumas hidrovias serem utilizadas, como as do Rio Madeira, em Rondônia, e do Rio Tocantins, no Tocantins, poderão ser feitas combinações na área logística de transportes. ‘Não pode ser só rodovia, porque tem a questão da quilometragem. O ideal é fazer combinações, senão o custo do frete vai sair elevadíssimo’, observou. Ela acredita, entretanto, que o Brasil está no caminho certo. O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, compartilha a opinião. Ele diz que a infraestrutura de transporte ‘é um desafio bastante grande’ para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, ‘porque à medida que a safra vai tendo sucesso, o gargalo vai ficando cada vez maior’. A solução do problema passa também pela armazenagem, apontou. ‘Já tem um programa do governo de financiamento com juros subsidiados’. Isso sinaliza para o aumento do número de armazéns, fazendo com que o escoamento da safra não ocorra de uma só vez. ‘Ela tem que escoar gradualmente e não imediatamente após a colheita. A armazenagem serve para haver escoamento mais tranquilo’. O armazenamento, na verdade, tem como finalidade maior dar condições para que o produtor guarde a sua produção para comercializar no momento mais oportuno, quando os preços estiverem melhor. Por outro lado, serve também para regular o mercado, evitando-se preços muito baixo na época da colheita, e muito alto no período de entressafras. O fato é que, o agronegócio brasileiro, apesar de já ter evoluindo muito, ainda encontra muito entraves que precisam ser superados. Como ficou evidenciado, a infraestrutura de transporte talvez seja um dos maiores, mas ainda temos a questão do armazenamento, o da reforma agrária e o da demarcação das terras indígenas, dentre outros.

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