sábado, 6 de junho de 2015

AGRONEGÓCIO EM ALTA. MINISTRA DA AGRICULTURA ANUNCIA R$ 187,7 BILHÕES PARA O PLANO AGRÍCOLA 2015-2016, VALOR 20% SUPERIOR AO DA SAFRA ANTERIOR



           Como estamos vivendo um momento de crise, esse anúncio nos parece até certo ponto contraditório. E não deixa de ser, uma vez que o Governo vem cortando despesas previstas para diversas atividades essenciais, incluindo Educação e programas sociais.


           O fato é que, como temos afirmado reiteradamente, o Governo brasileiro é hoje refém do agronegócio, que apesar da reviravolta na economia, continua crescendo e gerando superávit na balança comercial. É hoje, sem dúvida, a salvação da economia. Sobre o anuncia da Ministra Kátia Abreu, confiram a notícia encontrada no site do Globo Rural:     

“A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, anunciou nesta terça-feira (2), durante cerimônia no Palácio do Planalto, a liberação de R$ 187,7 bilhões para o Plano Agrícola e Pecuário do período 2015-2016. O valor é cerca de 20% superior ao da safra passada, quando foram liberados R$ 156,1 bilhões aos produtores rurais.

A solenidade na qual foi divulgado o valor do crédito ao segmento rural contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, do vice Michel Temer, e de outros integrantes do primeiro escalão e do Legislativo.
A iniciativa federal abre crédito para agricultores de todo o país investirem na produção de alimentos e insumos. O dinheiro pode ser usado, por exemplo, para a compra de equipamentos agrícolas e para o melhoramento da infraestrutura nas propriedades rurais.”

            É claro que parte desse dinheiro destina-se ao financiamento de agricultura de pequenos e médios produtores rurais, no entanto, a maior parte será canalizada para o agronegócio, que produz para o mercado internacional, hoje a maior prioridade do Governo brasileiro. E aí fica patente mais uma contradição, já que muitos criticam, com uma certa razão, o fato de o Governo priorizar a agricultura para o mercado externo, em detrimento da produção para o consumo doméstico. A notícia do Globo Rural informou ainda:       

“Esses recursos são disponibilizados pelo governo para auxiliar no custeio, investimento e comercialização do setor agropecuário. De acordo com o Ministério da Agricultura, desses R$ 187,7 bilhões, R$ 149,5 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização e R$ 38,2 bilhões a investimentos.

De acordo com o Ministério da Agricultura, as taxas de juros para os médios produtores ficarão em 7,75% ao ano (para custeio) e 7,5% ao ano (para investimento). Segundo a pasta, no caso dos empréstimos de custeio para agricultura empresarial, a taxa definida do Plano Agrícola ficou em 8,75% ao ano, enquanto os demais programas de investimento terão taxas de 7% a 8,75% ao ano.

Em seu discurso, a presidente Dilma citou os valores anunciados pela ministra Kátia Abreu e afirmou que os recursos farão com que a produção no Brasil cresça e forneça alimentos com qualidade e preço adequado aos mercados interno e externo. Na avaliação dela, as taxas de juros anunciadas não comprometerão a capacidade de pagamento dos produtores.”

Em sua fala, Dilma disse também que o governo ‘persistirá’ na estratégia de criar a ‘classe média rural forte’, com base na produção competitiva e sustentável. ‘E investir na agropecuária brasileira é um ótimo negócio e, por isso, o governo confere a partir de amanhã [quarta] importância ao financiamento deste setor tal como em anos anteriores. Tenho certeza de que nossos produtores continuarão respondendo a este país com mais produção de alimentos para a população e mais emprego, mais riqueza’, disse.”

            O Palácio do Planalto considera que após o desgaste político que o Governo sofreu para conseguir aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso Nacional, o lançamento do Plano Agrícola consiste em medidas da chamada “agenda positiva”. Nesse ponto, cabe um comentário. Ninguém nega a relevância do agronegócio para a economia do país, no entanto, não é razoável o Governo favorecer uma elite de grandes produtores rurais em detrimento de uma maioria pobre, como o fez com o ajuste fiscal. Essa política não combina com a de um Governo que se diz preocupado com a desigualdade social.   

Segundo informou ainda o Globo Rural, “Em seu discurso, a ministra da Agricultura afirmou que, nos próximos dez anos, o Brasil aumentará em 50 milhões de toneladas a produção agrícola e em 8 milhões de toneladas a produção de carnes (bovina, suína e aves) ‘sem qualquer pressão sobre recursos naturais como terra e água’.” A ministra aproveitou o encontro para elogiar o “gesto de humildade e grandeza” do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao negociar com a pasta da Agricultura os valores do Plano Agrícola 2015-2016.


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