As manifestações populares, que
ocorreram em junho de 2013 nas ruas de várias cidades brasileiras, poderiam ter
sido um bom recado para os nossos políticos, caso estes estivessem sintonizados
com a vontade do povo.
Em junho, uma mobilização nacional
marcou um dos maiores protestos que o País presenciou em busca dos direitos,
tendo, inicialmente como foco de reivindicação a redução das tarifas do
transporte coletivo. No entanto, as manifestações ganharam espaço, e um número
expressivo de cidadãos aderirem à proposta e também à defesa de novas
reivindicações. Em virtude da grande repercussão que as manifestações
alcançaram nas ruas e nos meios de comunicação de massa, é que a população
brasileira acredita que pode ser uma iniciativa para modificar o sistema
político em busca da democracia e da valorização dos direitos sociais e humanos
de cada cidadão. Apesar de tudo - mesmo após todas aquelas manifestações -,
diversos escândalos já foram registrados, dando a sensação de que a voz do povo
é o que menos interessa aos nossos políticos. Infelizmente os protestos não
serviram como lição, tanto que estamos vendo aí a sucessão de descalabros
Brasil afora. Sobre a crise no Congresso Nacional, confiram a notícia encontrada
no site do Diário do Nordeste:
“Brasília. A oposição defendeu ontem o
aprofundamento das investigações sobre o envolvimento de políticos nos desvios
de corrupção da Petrobras e avalia que, agora, a crise fica dentro do Congresso
Nacional.
Apesar de um tucano estar
na lista dos 28 políticos que teriam sido mencionados pelo ex-diretor da
estatal Paulo Roberto Costa, o PSDB afirma que as investigações precisam
ocorrer ‘independentemente da filiação partidária’ dos envolvidos. Em nota, o
partido diz que a apresentação de um relatório paralelo pela oposição na CPI
mista da Petrobras reforçou a defesa das investigações ao pedir o indiciamento
de 59 pessoas e a abertura de inquérito policial contra outras 36. Líder do
PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que "ninguém pode passar
panos quentes" nas investigações.
‘Por enquanto, é o vazamento de uma
informação. É preciso conhecer o teor da delação. Se for confirmado, é um caso
gravíssimo’, disse o tucano.
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados,
Antonio Imbassahy (BA), afirmou ser preciso esperar os próximos passos do
procurador-geral da Repúblico, Rodrigo Janot, para verificar a validade das
acusações.”
A sensação que temos hoje é que o
país perdeu o rumo que foi traçado com a Constituição de 1988. Em razão disso,
a sensação que temos é que estamos no fundo do poço, sem ninguém por perto para
nos salvar. E é isso mesmo: se não contamos com os Parlamentares que estão no Congresso para nos
representar, não temos mesmo para quem apelar. Sem o Parlamento não há
democracia. E um Parlamento que se vende para o Executivo não desempenha o
papel que a Constituição lhe reservou. Diz ainda o Jornal Diário do Nordeste:
“Para o líder do DEM na Câmara,
Mendonça Filho (PE), a citação de políticos desgasta a imagem do Congresso e
traz a crise para o novo Legislativo, que tomará posse em fevereiro.
Segundo o deputado, o novo Congresso
começará sob pressão pela expectativa da confirmação de parlamentares
envolvidos no escândalo. Ele disse ainda que isso reforça a necessidade de uma
nova CPI para analisar o caso.”
A imagem do Congresso Nacional de há
muito está irremediavelmente arranhada. Nem seria para menos. A esse respeito,
com absoluta propriedade, manifestou-se o Jornal O Globo. Confira: "À
margem de qualquer ironia, a decisão do plenário da Casa de manter o mandato do
deputado Natan Donadon, de Rondônia, recolhido à Penitenciária da Papuda, em
Brasília, é uma da mais desastrosas decisões tomadas no Congresso sob a
inspiração do abusivo sentimento corporativista existente entre parlamentares. Atinge
órgãos vitais da Câmara, e num momento em que o Congresso, sensível aos
clamores nas ruas por ética na política e efetivo combate à corrupção, busca
uma 'agenda positiva', na tentativa necessária de reduzir a distância que o
separa do mundo real.”
Como podemos ver, muito embora
estejamos vivendo num Regime Democrático de Direito, muita coisa ainda precisa
mudar, uma vez que uma pessoa que é eleita para um cargo público tem contas a
prestar a sociedade que depositou nela confiança, esperando, no mínimo, que
tenha um padrão ético compatível com o cargo para o qual foi eleito. O pior:
com os episódios do mensalão, e agora com o da corrupção na Petrobras, onde figuram
os nomes de vários parlamentares, não será fácil para o Legislativo recuperar a
sua imagem. Segundo ainda o Diário do Nordeste:
“Segundo reportagem do jornal ‘O
Estado de S. Paulo’, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci
está na relação de Paulo Roberto Costa, que citou o nome de 28 políticos.
O petista teria encomendado ao
ex-diretor, segundo a reportagem, dinheiro para a campanha da presidente, da
qual era coordenador. O pedido teria sido de R$ 2 milhões.
Costa também citou nome do
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e relatou pagamento de propina ao
ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para que uma CPI que investigava a
Petrobras fosse encerrada.
Repercussão
Com nomes também citados, os
presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), negaram ter envolvimento com os desvios de recursos da
Petrobras.
O deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara, contestou a lista. O senador José
Sarney (PMDB-AP) disse não acreditar no envolvimento de sua filha, Roseana
Sarney (PMDB).
Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ)
revelou estar indignado por ter sido relacionado.
Ele entregou, ontem, uma petição à
Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo que o órgão acelere a
apresentação da lista dos políticos que serão investigados de fato.
‘Eu vim pedir à PGR que se acelere
esse processo porque o desgaste político é grande a quem não tem nada a ver com
esse escândalo com a Petrobras’, afirmou.”
República
é uma palavra derivada do latim, que significa coisa pública, ou seja, “res
pública”. Na democracia o povo escolhe os seus representantes, pessoas nas
quais temos confiança. A partir do momento em que os nossos representantes não
correspondem à confiança que neles depositamos, deixa de existir a relação de
mútua confiança, com reflexos altamente danosos aos interesses do país, como
vem ocorrendo atualmente no Brasil.
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