No Brasil existem algumas coisas
difíceis de serem compreendidas. E uma delas diz respeito à percepção do
brasileiro em relação à corrupção. Em pesquisa realizada pelo Datafolha entre
02 e 03 deste mês de dezembro de 2014, 68% dos entrevistados responsabilizam a
presidente Dilma pela corrupção na Petrobras.
Por
outro lado, apesar de todas as revelações da Operação Lava Jato e de entenderem
as pessoas entrevistadas que a presidente tem responsabilidade no caso, a
imagem dela não foi afetada, ou seja, continua tendo o mesmo índice de
aprovação que tinha em 21 de outubro deste ano, antes das eleições. Segundo ainda
a pesquisa Datafolha, 50% do eleitorado ainda acredita que a presidente fará um
bom governo no segundo mandato.
E
um fato interessante é que os brasileiros hoje estão menos preocupados com a corrupção
de que em junho deste ano. Em junho 14% dos entrevistados viam a corrupção como
o principal problema do Brasil. Hoje tão somente 9% revelaram essa preocupação,
ou seja, ou povo é insensível ao problema - o que é ótimo para os corruptos -,
ou simplesmente já se entregaram, acreditando que não vale a pena lutar pela
causa. Outro dado relevante é que 40% acham que nunca houve tanta punição para
os corruptos como agora nos governos do PT. Vejam o que diz notícia encontrada
no site do Diário do Nordeste:
“As
reiteradas denúncias de corrupção contribuem para reforçar a descrença da
sociedade com a política, enquanto diversas instituições tentam avançar em
discussões para garantir o efetivo combate ao problema. Apesar de progressos
alcançados na legislação e da maior pressão popular para a abordagem do tema, a
percepção de especialistas é que o Brasil ainda sofre com diferentes obstáculos
que impedem o País de se distanciar da cultura corrupta.
Na última
semana, o Brasil conseguiu subir três posições no Índice de Percepção da
Corrupção, ranking divulgado pela organização Transparência Internacional,
passando da 72ª colocação para o 69º lugar de um total de 175 nações. O índice
brasileiro passou de 42 para 43, em uma escala que vai de 0 a 100 – em que 0
significa muito corrupto e 100 livre de corrupção.
O
problema, segundo o estudo, é que Brasil ainda fica atrás de países
sul-americanos como o Chile e o Uruguai. De acordo com o relatório, o País deveria
fazer uso positivo de sua influência como líder geopolítico, mas mostra sinais
de estagnação e até de atraso ao permitir o abuso de poder e o desvio de
recursos em benefício de poucos.”
O
fato é que ainda estamos muito longe de uma solução para esse grave problema
que tanto afeta o desempenho do nosso país. A questão é o que fazer para avançarmos
no sentido de combatê-lo. Com certeza essa não é uma tarefa fácil. Muitos
especialistas já se debruçaram sobre o assunto, mas, como estamos vendo, pouco evoluímos.
Vejamos ainda o que diz o Diário do Nordeste:
“O
cientista político Francisco Moreira, da Universidade de Fortaleza (Unifor),
acredita que o Brasil tem protagonizado um momento importante de preocupação
com o combate à corrupção, mas ressaltou que esta se torna uma tarefa difícil
na medida em que o problema está incrustado na cultura da sociedade brasileira,
desde as relações mais simples do dia a dia até as mais complexas. ‘Enquanto
você tem uma sociedade corrupta, o combate é muito mais difícil’, avalia.
Moreira
defende que a sociedade precisa entender que a corrupção deve ser combatida em
todos os níveis, tanto no espaço público quanto na esfera privada. ‘Falta a
sociedade começar a entender e agir contra a corrupção. A corrupção está muito
ligada à falta de respeito ao direito do outro. Há avanços nesse sentido, mas
todos os dias você vê pessoas flagradas por práticas de corrupção. Isso é uma
coisa que está arraigada’, lamenta.
Para o
professor, é necessário se preocupar com a formação cívica ainda nas escolas
para combater a cultura da corrupção no País. ‘Esse combate da forma como está
acontecendo pode até trazer resultados, mas eles só serão reais quando fizermos
mudanças a partir da educação. Hoje, a grande maioria das escolas estão
preocupadas muito mais com a formação dos alunos para o mercado do que com a
formação cidadã’, destacou.
No
nosso entender o professor tem razão. Se queremos ter uma sociedade melhor no
futuro, precisamos começar a trabalhar o aluno logo no início da sua vida
escolar. Se fizéssemos um trabalho nesse sentido, acreditamos que as próximas
gerações poderiam ter uma cultura diferente. Segundo ainda o professor Moreira,
para que avancemos nesse campo, faz-se necessário darmos uma melhor formação
cívica ao brasileiro. Isso também é verdadeiro.
Em razão desses graves problemas
de percepção dos males da corrupção, mesmo que se tenha uma legislação boa - o
que não é o nosso caso hoje -, dificilmente alcançaremos bons resultados no
combate à corrupção.
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