domingo, 28 de dezembro de 2014

PETROBRAS À BEIRA DO ABISMO. DELIVERY DE PROPINA FAZIA ENTREGA ATÉ NO EXTERIOR, SEGUNDO A REVISTA VEJA



 "Investigações revelam conexões no exterior do esquema de corrupção da Petrobras. A OAS, uma das empreiteiras envolvidas, mantinha uma 'conta-corrente' usada, entre outras coisas, para enviar dinheiro sujo a vários países." (Site Revista Veja).


As pessoas hoje vivem o tempo todo se perguntando por que acontece tanta corrupção no Brasil. As explicações são as mais variadas. Há os que entendem que a corrupção é um "vício" herdado do mundo ibérico, resultado de uma relação patrimonialista entre o Estado e a Sociedade, alegando-se que o nepotismo já teria desembarcado no Brasil a bordo da primeira caravela, sendo apontado como exemplo a Carta a El-Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha, que solicitou ao rei que mandasse "vir buscar da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro". Há ainda os que apontam como causas a falta de transparência na Administração Pública e a impunidade. Esses são tão somente alguns exemplos.
  
O fato é que não há uma só explicação para a corrupção. São várias. E o escândalo desvendado na Petrobras, o maior conhecido até hoje na história do Brasil, assusta pelo grande volume de recursos envolvidos, bem como porque a empresa conta com cerca de 86.000 funcionários e refina 98% da gasolina consumida no Brasil. Além de manter negócios com quase 20.000 empresas que lhe fornecem todos os tipos de produtos e serviços, sendo responsável por cerca de um décimo de todos os investimentos feitos no Brasil. Em razão de tudo isso, é extremamente preocupante as revelações feitas a cada dia pelos envolvidos que resolveram ingressar com o pedido de delação premiada. A Revista Veja a cada semana nos surpreende com novos detalhes e revelações. Confiram o que ela diz sobre a entrega de propina no Brasil e no exterior:

“Há duas semanas, VEJA revelou em detalhes como funcionava a entrega de propina em domicílio, o já imortalizado ‘money delivery’ do petrolão, um serviço inovador em matéria de corrupção criado pelo doleiro Alberto Youssef para agradar a ‘clientes especiais’ da quadrilha que desviou bilhões da Petrobras. Rafael Ângulo Lopez, braço-direito do doleiro, era quem comandava esse setor. Durante a última década, ele cruzou o país de norte a sul em voos comerciais com fortunas em cédulas escondidas sob as roupas que eram entregues aos figurões da República em hotéis, apartamentos, escritórios, estacionamentos, postos de gasolina e aeroportos. Rafael aprimorou o trabalho do clássico ‘homem da mala’. Em vez de valise, ele cumpria suas missões mais delicadas com o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daquele usado para embalar alimentos. Ciente da influência e do prestígio dos destinatários de suas ‘encomendas’, Rafael registrou o dia, o local e o montante de cada entrega que realizou a políticos. Um arquivo valioso que, para desespero dos corruptos, ele resolveu entregar à Justiça em troca de um acordo de delação premiada. Isso era o que se sabia até agora. Detalhes inéditos do arquivo em poder da Polícia Federal mostram que, além de implantar a entrega de propina em domicílio em todo o território nacional, a quadrilha estendeu o serviço de remessas a outros países.”

Isso tudo é no mínimo revoltante. O povo trabalhador que sofre com falta de atendimento médico, com a precariedade da segurança pública e das escolas da rede pública de ensino não aguenta mais. Por isso que o Governo, nocauteado pela crise, teme não só a repercussão política do caso (há acusações ainda não confirmadas de financiamento ilegal de diversos partidos da base aliada, incluindo o PT), mas também uma eventual ressaca econômica e também social. Das dez maiores empresas de engenharia e construção do país, só duas não estão envolvidas no escândalo da Petrobras. Segundo ainda a Revista Veja:
   
“Destacado nos últimos anos para fazer a entrega de quantias que variavam de 50 000 a 900 000 reais a figuras importantes da República, como o ex-presidente e senador Fernando Collor, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, governadores (Roseana Sarney), ministros do governo Dilma Rousseff (Mário Negromonte) e deputados federais (Nelson Meurer, Luiz Argôlo e André Vargas), o ‘homem das boas notícias’, como o carregador de dinheiro era conhecido, também cumpria missões para as grandes empreiteiras do cartel da Petrobras. Uma delas, a Construtora OAS, com 10 bilhões de reais em contratos com a estatal, usava os serviços de Rafael Ângulo para levar dinheiro sujo a pelo menos três destinos da América Latina, Panamá, Peru e Trinidad e Tobago, todos países onde a Petrobras e a OAS mantêm escritórios e negócios milionários com governos locais. Com quantias que variavam de 300 000 a 500 000 reais presas ao próprio corpo, o braço-direito do doleiro deixava o Brasil pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. A porta de saída do país era estratégica, porque lá ele contava com a cobertura de outro comparsa da quadrilha, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o ‘Careca’, que, infiltrado no aeroporto, conseguia garantir a passagem tranquila de Rafael pela fiscalização.”

            Isso não tem nome, uma vez que a corrupção afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos brasileiros quando diminui os investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida, e fere criminalmente a Constituição Federal quando amplia a exclusão social e a desigualdade. Diante de tudo isso, só há um caminho: unirmo-nos todos e exigirmos apuração rigorosa e punição exemplar para todos os corruptos e corruptores. Não podemos nos curvar para assaltantes de dinheiro público.

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