"Investigações revelam conexões no exterior do
esquema de corrupção da Petrobras. A OAS, uma das empreiteiras envolvidas,
mantinha uma 'conta-corrente' usada, entre outras coisas, para enviar dinheiro
sujo a vários países." (Site Revista Veja).
As pessoas hoje vivem o tempo todo se
perguntando por que acontece tanta corrupção no Brasil. As explicações são as
mais variadas. Há os que entendem que a corrupção é um "vício"
herdado do mundo ibérico, resultado de uma relação patrimonialista entre o Estado e a
Sociedade, alegando-se que o nepotismo já teria desembarcado no Brasil a bordo
da primeira caravela, sendo apontado como exemplo a Carta a El-Rei D. Manuel
escrita por Pero Vaz de Caminha, que solicitou ao rei que mandasse "vir
buscar da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro". Há ainda os que
apontam como causas a falta de transparência na Administração Pública e a
impunidade. Esses são tão somente alguns exemplos.
O fato é que não há uma só explicação para a
corrupção. São várias. E o escândalo desvendado na Petrobras, o maior conhecido até hoje na história do Brasil,
assusta pelo grande volume de recursos envolvidos, bem como porque a empresa conta com cerca de 86.000 funcionários e refina 98% da gasolina
consumida no Brasil. Além de manter negócios com quase 20.000 empresas que lhe
fornecem todos os tipos de produtos e serviços, sendo responsável por cerca de um
décimo de todos os investimentos feitos no Brasil. Em razão de tudo isso, é
extremamente preocupante as revelações feitas a cada dia pelos envolvidos que
resolveram ingressar com o pedido de delação premiada. A Revista Veja a cada
semana nos surpreende com novos detalhes e revelações. Confiram o que ela diz sobre
a entrega de propina no Brasil e no exterior:
“Há duas semanas, VEJA revelou em
detalhes como funcionava a entrega de propina em domicílio, o já imortalizado ‘money
delivery’ do petrolão, um serviço inovador em matéria de corrupção criado pelo
doleiro Alberto Youssef para agradar a ‘clientes especiais’ da quadrilha que
desviou bilhões da Petrobras. Rafael Ângulo Lopez, braço-direito do doleiro,
era quem comandava esse setor. Durante a última década, ele cruzou o país de
norte a sul em voos comerciais com fortunas em cédulas escondidas sob as roupas
que eram entregues aos figurões da República em hotéis, apartamentos,
escritórios, estacionamentos, postos de gasolina e aeroportos. Rafael aprimorou
o trabalho do clássico ‘homem da mala’. Em vez de valise, ele cumpria suas
missões mais delicadas com o corpo coberto por camadas de notas fixadas com
fita adesiva e filme plástico, daquele usado para embalar alimentos. Ciente da
influência e do prestígio dos destinatários de suas ‘encomendas’, Rafael
registrou o dia, o local e o montante de cada entrega que realizou a políticos.
Um arquivo valioso que, para desespero dos corruptos, ele resolveu entregar à
Justiça em troca de um acordo de delação premiada. Isso era o que se sabia até
agora. Detalhes inéditos do arquivo em poder da Polícia Federal mostram que,
além de implantar a entrega de propina em domicílio em todo o território
nacional, a quadrilha estendeu o serviço de remessas a outros países.”
Isso tudo é no mínimo revoltante. O
povo trabalhador que sofre com falta de atendimento médico, com a precariedade
da segurança pública e das escolas da rede pública de ensino não aguenta mais. Por
isso que o Governo, nocauteado pela crise, teme não só a repercussão política
do caso (há acusações ainda não confirmadas de financiamento ilegal de
diversos partidos da base aliada, incluindo o PT), mas também uma eventual ressaca econômica
e também social. Das dez maiores empresas de engenharia e construção do país,
só duas não estão envolvidas no escândalo da Petrobras. Segundo ainda a Revista
Veja:
“Destacado nos últimos anos para fazer
a entrega de quantias que variavam de 50 000 a 900 000 reais a figuras
importantes da República, como o ex-presidente e senador Fernando Collor, o
tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, governadores (Roseana Sarney),
ministros do governo Dilma Rousseff (Mário Negromonte) e deputados federais
(Nelson Meurer, Luiz Argôlo e André Vargas), o ‘homem das boas notícias’, como
o carregador de dinheiro era conhecido, também cumpria missões para as grandes
empreiteiras do cartel da Petrobras. Uma delas, a Construtora OAS, com 10
bilhões de reais em contratos com a estatal, usava os serviços de Rafael Ângulo
para levar dinheiro sujo a pelo menos três destinos da América Latina, Panamá,
Peru e Trinidad e Tobago, todos países onde a Petrobras e a OAS mantêm
escritórios e negócios milionários com governos locais. Com quantias que
variavam de 300 000 a 500 000 reais presas ao próprio corpo, o braço-direito do
doleiro deixava o Brasil pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de
Janeiro. A porta de saída do país era estratégica, porque lá ele contava com a
cobertura de outro comparsa da quadrilha, o policial federal Jayme Alves de
Oliveira Filho, o ‘Careca’, que, infiltrado no aeroporto, conseguia garantir a
passagem tranquila de Rafael pela fiscalização.”
Isso não tem nome, uma vez que a
corrupção afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos brasileiros quando diminui
os investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança,
habitação, entre outros direitos essenciais à vida, e fere criminalmente a
Constituição Federal quando amplia a exclusão social e a desigualdade. Diante
de tudo isso, só há um caminho: unirmo-nos todos e exigirmos apuração rigorosa
e punição exemplar para todos os corruptos e corruptores. Não podemos nos
curvar para assaltantes de dinheiro público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário