quinta-feira, 17 de abril de 2014

AGRONEGÓCIO A CAMINHO DO AMAPÁ. CERRADO DO ESTADO PODE SE TORNAR A NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA DO PAÍS

"Eia! Povo destemido Deste rincão brasileiro, Seja sempre o teu grito partido De leal coração altaneiro. Salve! Rico torrão do Amapá, Solo fértil de imensos tesouros, Os teus filhos alegres confiam Num futuro repleto de louros. Estribilho Se o momento chegar algum dia De morrer pelo nosso Brasil Hão de ver deste povo à porfia (bis) Pelejar neste céu cor de anil. Eia! Povo herói, varonil Descendente da raça guerreira, Ergue forte, leal, sobranceira A grandeza do nosso Brasil Salve! Rico torrão do Amapá..." (Hino do Amapá)
Temos acompanhado com satisfação o esforço do Governo do Estado do Amapá no sentido de dinamizar a atividade agropecuária, notadamente no que diz respeito à agricultura familiar. Com esse tipo de trabalho, além de colaborar para a melhoria da condição de vida de um importante segmento da sociedade, o Governo dá um passo muito relevante para o crescimento da economia local, ainda muito dependente de produtos de outros Estados. 

E isso, indiscutivelmente, é da maior relevância. Quando produzimos aqui, além de gerarmos empregos e renda para um determinado segmento de pessoas que lidam diretamente com a atividade produtora, avançamos noutras atividades, uma vez que, em vez de enviarmos dinheiro para fora, comprando mercadorias produzidas noutros estados, fazemo-lo circular no comércio local, com efeitos altamente positivos para a nossa economia, que cresce, gerando mais empregos e renda. E agora, mais do que nunca, o Estado do Amapá tem motivos para alimentar a esperança de um futuro próspero para o agronegócio. E essa esperança acaba de se materializar na notícia divulgada no Jornal Valor Econômico, através de reportagem de Fernando Taquari. Senão vejamos:

“Depois do Tocantins, o Amapá desponta como nova fronteira agrícola na região Norte do país. Com boas condições climáticas e solo fértil, o Cerrado amapaense tem despertado o interesse de pequenos e médios produtores e até de grandes grupos vindos de regiões tradicionais. 

A localização estratégica do Estado e a ampliação do porto de Santana pela Companhia Norte de Navegação e Portos (Cianport) representam outro atrativo para os agricultores, sobretudo de Mato Grosso, interessados em escoar parte da safra de grãos pelo rio Amazonas como alternativa para reduzir custos de logística. O avanço do agronegócio, porém, preocupa o governo. As terras para plantio são limitadas e fazem divisa com a Floresta Estadual do Amapá (Flota).”

E não tenham dúvidas de que o Estado do Amapá, mais do que nunca, tem um enorme potencial para avançar, notadamente quando concluir a BR 156 e a ponte do Rio Oiapoque, que liga o Amapá às Guianas Francesas, possibilitando a exportação dos nossos produtos. Os Estados de Goiás e Mato Grosso, não faz muito tempo, eram o que é hoje o Estado do Amapá. E o crescimento do agronegócio daqueles estados deu-se por força de investimentos em pesquisas, abertura de estradas, crédito rural subsidiado, política de preços mínimos e assistência técnica e extensão rural. E isso o Governo do Estado do Amapá já vem fazendo com o PROAMAPÁ Rural, através da Secretaria de Desenvolvimento rural – SDR. Segundo ainda a reportagem do valor econômico: 

“Os primeiros plantios de soja na região foram em 2001 e envolviam apenas 200 hectares. A chegada de produtores com capacidade de investimento e tecnologia há dois anos mudou o cenário.
De 2012 para 2013, a área plantada com grãos passou de 2,4 mil para 10 mil hectares, enquanto a produção de grãos passou de 7,6 mil toneladas para 25 mil toneladas no período, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Considerando apenas a soja, a área saiu de 1,6 mil hectares em 2012 para 6 mil hectares ano passado – a produção avançou de 4,2 mil toneladas para 15 mil toneladas no mesmo período. Ainda que tenha sido um marco para o Estado, é quase nada quando se pensa na área e na produção do Brasil.
A Embrapa estima que em 2014 a área plantada com grãos possa chegar a 20 mil hectares. Projeções para daqui a 20 anos mostram que a área deve atingir o potencial máximo, com 200 mil hectares. Hoje, as áreas de Cerrado aptas a cultivos correspondem a 932 mil hectares ou 6,5% do território do Amapá. ‘Desses quase um milhão, temos que descontar 50% de áreas de preservação permanente e 140 mil que pertencem a uma empresa japonesa que planta eucalipto’, explica o analista da Embrapa Amapá, Gustavo Spadotti Castro.”

            Além da BR 156, que liga o Amapá às Guianas Francesas - com o asfaltamento em fase bastante avançado -, e a ponte sobre o Rio Oiapoque, que facilitará o intercâmbio comercial com outros países, temos o Porto de Santana, como um diferencial para empresas interessadas no mercado externo. Em assim sendo, o Cerrado amapaense tem chamado a atenção de grandes empresas. Recentemente, representantes da Sperafico e da Coopave l sondaram analistas da Embrapa sobre as peculiaridades da região,  aumentando a procura, e consequentemente, a uma valorização das terras, elevando o valor de um hectare de terra de R$ 50,00 para cerca de R$ 3.000,00 num período de 10 (dez) anos, segundo Castro, pesquisador da Embrapa. 

            A expansão do agronegócio brasileiro tem hoje como maior gargalho a infraestrutura de transporte e portos, fatores que encarecem a produção, inviabilizando, em algumas situações, a concorrência dos nossos produtos com os de outros países exportadores. Em assim sendo, dispondo o Estado do Amapá de terras férteis e de condições favoráveis para o escoamento da produção para o exterior, não há dúvida de que poderá ser a nova fronteira agrícola do país. 

Segundo divulgou ainda a reportagem do Valor Econômico, foi informado pelo pesquisador-Chefe da Empraba, Jorge Yared que “As perspectivas são positivas para o agronegócio no Amapá. Há uma demanda crescente por conhecimento e tecnologia”, que aponta também o porto de Santana como um diferencial para empresas interessadas no mercado externo. 
De fato faz muito sentido as informações do pesquisador-Chefe da Embrapa, considerando que, se o porto de Santana poderá ser a solução para os produtores de soja do Mato Grosso, com muito mais razão será um diferencial para os produtores do Estado do Amapá. E pelo visto, a economia que poderá ser feita com o escoamento da produção através do porto de Santana é considerável, tanto que, segundo o Jornal Valor Econômico:
     
“O governo do Estado, por exemplo, calcula que a rota pelo Rio Amazonas proporcionaria uma redução de 30% nos custos de frete para produtores de Mato Grosso. O Estado exporta hoje 70% da produção pelos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Vitória (ES). De acordo com dados do Instituto mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), seria possível transferir 50% dessa carga com a viabilização dos portos no Norte, incluindo Santana.”

            Por outro lado, segundo ainda informou o Jornal Valor Econômico, “Apesar do otimismo, Yared diz que o aumento da produtividade do setor primário amapaense ainda depende do avanço do Estado na solução de problemas como a distribuição de terras, a situação fundiária e o licenciamento ambiental. ‘Uma coisa está amarrada à outra. É importante para os produtores, inclusive, para quem quer comercializar fora, ter esses aspectos legalizados’. Por isso o governador Camilo Capiberibe (PSB) deve apresentar neste mês um zoneamento ecológico do Cerrado.”

            E nesse ponto tem absoluta razão Yared, pois a questão fundiária na Região Norte sempre foi um grande entrave à expansão da atividade agropecuária. E não é uma questão fácil de ser solucionada. Já na época do Regime Militar muito se fez em prol dessa causa, sem, contudo, se ter alcançado os propósitos a que se propunham.

E como bem esclareceu o Jornal Valor Econômico, “O Amapá é o Estado mais preservado do Brasil, com 73% de áreas de conservação ambiental e terras indígenas. ‘É possível conviver floresta e agronegócio? A resposta Mato Grosso fornece para gente. O histórico de ocupação de terras no país na expansão da fronteira agrícola se dá contra os interesses ambientais e dos pequenos proprietários. Por isso nosso projeto de concessões florestais enfrenta tanta resistência’, afirma o governador sobre a proposta de conceder entre 1 milhão e 1,5 milhão de hectares da floresta amazônica para uma empresa regularizar a extração madeireira.”

Seja como for, apesar dos pros e dos contras, não podemos perder de vista que as perspectivas favoráveis ao avanço do agronegócio no Estado do Amapá é um fator de alento e de esperança para toda a população local, que sonha com melhores condições de vida e de trabalho para todos. Resta saber o que se fará para conciliar o crescimento do agronegócio com a preservação do meio ambiente. De qualquer modo, esse assunto será matéria para um outro artigo.   

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