segunda-feira, 14 de abril de 2014

EMPRESAS ESTATAIS SÃO USADAS POR PARTIDOS E POLÍTICOS, SEM EXCEÇÃO DE NENHUMA DELAS, SEGUNDO AFIRMOU PAULO ROBERTO COSTA EM DEPOIMENTO NA CPMI

           

           Quando analisamos os últimos episódios relacionados com desvio de recursos públicos nas empresas do Governo, temos a triste constatação de que os dirigentes dessas Instituições são nomeados já com a missão de desviar dinheiro em prol de políticos e de partidos da base aliada. E isso nós vimos no primeiro episódio que desencadeou o processo do mensalão, quando um diretor dos Correios confessou que arrecadava dinheiro de propina para o PDT de Roberto Jeferson. E hoje temos a triste constatação de que a mesma coisa aconteceu no “propinoduto” da Petrobras. Senão vejamos na notícia encontrada no site da Revista Época:   

“Quanto mais graves as evidências dos Petro-rolos, mais difícil se torna criar uma CPI no Congresso. Está em jogo a sobrevivência política de vários parlamentares, que dependem de doações das empreiteiras suspeitas de bancar o esquema. Para matar a CPI, o senador Romero Jucá, do PMDB, se reuniu na segunda-feira com colegas de partido na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Em meio à azáfama causada pelo afastamento do petista André Vargas da vice-presidência da Casa, ficou acertado como Jucá resolveria a delicada missão de decidir a disputa entre governo e oposição em torno da CPI para investigar a Petrobras. Na manhã seguinte, na reunião da Comissão de Constituição e Justiça, Jucá decidiu que o Senado poderia criar uma CPI ampla para investigar não apenas a Petrobras (como queria a oposição), mas também contratos do metrô de São Paulo e do Porto de Suape, em Pernambuco. Era o que a oposição não queria, mas também não era exatamente o que o governo almejava. A oposição reclamou. O governo não comemorou. Queria que Jucá tivesse negado a criação de qualquer CPI, mesmo uma capaz de produzir dados para desgastar politicamente os candidatos da oposição à Presidência, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.”

            Segundo afirmou o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em depoimento na CPMI na data de 02 de dezembro de 2014, todas a empresas do Governo são usadas para financiar partidos e políticos da base aliada, sem exceção. Essa afirmação tão somente confirma o que todos já sabemos. Como podemos ver, há uma cumplicidade generalizada. E o pior: os nossos Parlamentares que deveriam arregaçar as mangas para apurar as denúncias e apresentar uma resposta ao povo, faz exatamente o contrário, procuram um meio para impedir que a CPI, ou pelo menos criar um meio para que não funcione. É um desrespeito com o cidadão que ninguém consegue entender. Só mesmo aqui no Brasil o povo não se rebela com essa situação. Algo de muito errado tem sistematicamente levado o país e os políticos ao descrédito. E não é para menos. Vivemos num país onde pagamos muito imposto e em contrapartida, temos um serviço público de péssima qualidade. As obras públicas são planejadas para terem um custo e acabam elevando-se para patamares assustadores, como ocorreu no caso das refinarias da Petrobras, que são as mais caras do mundo. 


            E pelos últimos noticiários da Rede Globo e da Revista Veja, as coisas são bem piores do que se pensava inicialmente. Os relatos são assustadores. Fala-se em comissão de até 50% (cinquenta por cento). Parece mesmo uma coisa inacreditável. No entanto, infelizmente não o é. É demais se quebrar uma empresa como a Petrobras, mas da maneira como é administrada, não tem outro caminho. Vejamos o que encontramos no site www.g1.globo.com/bomdiabrasil:
   
“Novos documentos apreendidos na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelam detalhes de negócios milionários entre ele e empresas que tinham contratos com a Petrobras.

As planilhas apreendidas pela Polícia Federal mostram que Paulo Roberto mantinha um controle detalhado de todas operações que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores.

Ao lado do nome das empresas, ele anotava a porcentagem que receberia caso conseguisse contratos para elas. Em muitos casos, a comissão do ex-diretor da Petrobras é de 50%.

Uma das empresas é a Astromarítima Navegação S.A. Em outubro do ano passado, a empresa assinou com a Petrobras seis contratos de serviço de fretamento de embarcações, no total, R$ 490 milhões, em valores corrigidos pelo câmbio de hoje. Em janeiro deste ano, a empresa assinou outro contrato com a Petrobras, no valor de R$ 69 milhões, em valores atuais.”

            Imaginar que uma empresa da magnitude da Petrobras, que tem um volume de contratação de bilhões, com esse tipo de política de compra, é o fim de qualquer patrimônio. E é por isso que temos reiteradamente afirmado que o nosso problema é corrupção, incompetência, desrespeito ao povo e a impunidade. E parece que o ex-diretor Paulo Roberto não tinha muita preocupação com a polícia, tanto que chegava a escrever os nomes das empresas e o percentual que cada uma pagaria, caso conseguisse contratos para elas. E vejam que absurdo: em muitos casos, a comissão do ex-diretor da Petrobras era de até 50%. E aí se explica por que os custos das obras das refinarias da Petrobras são as mais caras do mundo.  

            Segundo a Revista Veja ed. nº. 2369, ano47, nº.16, p. 66, “O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, tinha uma missão extrajudicial conferida pelo partido que o indicou ao cargo, o PP: articulava com empresas e fornecedores da estatal ajuda financeira para campanhas políticas.”
  
            Como podemos ver, o ex-diretor precisava arrecadar para o partido que o indicou para o cargo. Pelas primeiras informações que estão surgindo das investigações obtidas pelos policiais no exame ainda superficial, segundo afirmou a Revista Veja, constam planilhas e outros documentos, tudo levando a crer que o desvio de dinheiro da Petrobras vai muito além do montante apurado no processo do mensalão. E deve ser sim, considerando o volume de contratação da empresa e os percentuais cobrados pelo ex-diretor.
      
            O que mais nos entristece é que a Petrobras é tão somente um exemplo. Esses desvios ocorrem nas contratações com a União, com os Estados e com os Municípios, por isso que falta dinheiro para a Saúde, para a Educação e para a Segurança Pública. A Petrobras sobressai em razão do seu gigantismo, que como muito bem informou a Revista Veja “De 2003 a 2012, o engenheiro Paulo Roberto Costa dirigiu a área de Abastecimento da Petrobras, que comanda orçamento bilionário e lida com as maiores empresas do Brasil e do mundo. Pelo volume de dinheiro movimentado e os múltiplos interesses envolvidos, é o lugar perfeito para aninhar uma quadrilha de corruptos.”
      
            Por outro lado, ninguém consegue entender como é que um sujeito desses passe 10 (dez) anos lesando o patrimônio da Petrobras sem que ninguém decente disso tivesse conhecimento. E só agora, depois de haver deixado a empresa há mais de um ano, é que estamos assistindo o desfecho das falcatruas.
  
            Não acreditamos ser necessário acrescentar muitos outros argumentos a respeito desse episódio, já que todos nós já estamos cansados de ouvir pela televisão e através da leitura de revistas e jornais. O que mais queremos neste momento é pedir aos nossos leitores que reflitam bem sobre tudo que aconteceu e ainda vem acontecendo com o nosso país ao longo do tempo, pois só com a conscientização de todos nós, teremos condições de escolher os melhores candidatos nas próximas eleições. E não é só isso: o nosso país precisa de reformas e dentre estas, a reforma política é imprescindível.  

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