Quando analisamos os últimos episódios relacionados com desvio de recursos públicos nas empresas do Governo, temos a triste constatação de que os dirigentes dessas Instituições são nomeados já com a missão de desviar dinheiro em prol de políticos e de partidos da base aliada. E isso nós vimos no primeiro episódio que desencadeou o processo do mensalão, quando um diretor dos Correios confessou que arrecadava dinheiro de propina para o PDT de Roberto Jeferson. E hoje temos a triste constatação de que a mesma coisa aconteceu no “propinoduto” da Petrobras. Senão vejamos na notícia encontrada no site da Revista Época:
“Quanto
mais graves as evidências dos Petro-rolos, mais difícil se torna criar uma CPI
no Congresso. Está em jogo a sobrevivência política de vários parlamentares,
que dependem de doações das empreiteiras suspeitas de bancar o esquema. Para
matar a CPI, o senador Romero Jucá, do PMDB, se reuniu na segunda-feira com
colegas de partido na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Em meio à
azáfama causada pelo afastamento do petista André Vargas da vice-presidência da
Casa, ficou acertado como Jucá resolveria a delicada missão de decidir a
disputa entre governo e oposição em torno da CPI para investigar a Petrobras.
Na manhã seguinte, na reunião da Comissão de Constituição e Justiça, Jucá
decidiu que o Senado poderia criar uma CPI ampla para investigar não apenas a
Petrobras (como queria a oposição), mas também contratos do metrô de São Paulo
e do Porto de Suape, em Pernambuco. Era o que a oposição não queria, mas também
não era exatamente o que o governo almejava. A oposição reclamou. O governo não
comemorou. Queria que Jucá tivesse negado a criação de qualquer CPI, mesmo uma
capaz de produzir dados para desgastar politicamente os candidatos da oposição
à Presidência, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.”
Segundo afirmou o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em depoimento na CPMI na data de 02 de dezembro de 2014, todas a empresas do Governo são usadas para financiar partidos e políticos da base aliada, sem exceção. Essa afirmação tão somente confirma o que todos já sabemos. Como podemos ver, há uma cumplicidade
generalizada. E o pior: os nossos Parlamentares que deveriam arregaçar as mangas
para apurar as denúncias e apresentar uma resposta ao povo, faz exatamente o
contrário, procuram um meio para impedir que a CPI, ou pelo menos criar um
meio para que não funcione. É um desrespeito com o cidadão que ninguém consegue
entender. Só mesmo aqui no Brasil o povo não se rebela com essa situação. Algo de muito errado tem sistematicamente
levado o país e os políticos ao descrédito. E não é para menos. Vivemos num
país onde pagamos muito imposto e em contrapartida, temos um serviço público de
péssima qualidade. As obras públicas são planejadas para terem um custo e
acabam elevando-se para patamares assustadores, como ocorreu no caso das refinarias da
Petrobras, que são as mais caras do mundo.
E pelos últimos noticiários da Rede
Globo e da Revista Veja, as coisas são bem piores do que se pensava inicialmente.
Os relatos são assustadores. Fala-se em comissão de até 50% (cinquenta por
cento). Parece mesmo uma coisa inacreditável. No entanto, infelizmente não o é.
É demais se quebrar uma empresa como a Petrobras, mas da maneira como é
administrada, não tem outro caminho. Vejamos o que encontramos no site www.g1.globo.com/bomdiabrasil:
“Novos documentos apreendidos na casa
do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelam detalhes de negócios
milionários entre ele e empresas que tinham contratos com a Petrobras.
As planilhas apreendidas pela Polícia
Federal mostram que Paulo Roberto mantinha um controle detalhado de todas
operações que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores.
Ao lado do nome das empresas, ele
anotava a porcentagem que receberia caso conseguisse contratos para elas. Em
muitos casos, a comissão do ex-diretor da Petrobras é de 50%.
Uma das empresas é a Astromarítima
Navegação S.A. Em outubro do ano passado, a empresa assinou com a Petrobras
seis contratos de serviço de fretamento de embarcações, no total, R$ 490
milhões, em valores corrigidos pelo câmbio de hoje. Em janeiro deste ano, a
empresa assinou outro contrato com a Petrobras, no valor de R$ 69 milhões, em
valores atuais.”
Imaginar que uma empresa da
magnitude da Petrobras, que tem um volume de contratação de bilhões, com esse tipo
de política de compra, é o fim de qualquer patrimônio. E é por isso que temos reiteradamente
afirmado que o nosso problema é corrupção, incompetência, desrespeito ao
povo e a impunidade. E parece que o ex-diretor Paulo Roberto não tinha muita
preocupação com a polícia, tanto que chegava a escrever os nomes das empresas e
o percentual que cada uma pagaria, caso
conseguisse contratos para elas. E vejam que absurdo: em muitos casos, a
comissão do ex-diretor da Petrobras era de até 50%. E aí se explica por que os custos
das obras das refinarias da Petrobras são as mais caras do mundo.
Segundo a Revista Veja ed. nº. 2369,
ano47, nº.16, p. 66, “O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e
Abastecimento da Petrobras, tinha uma missão extrajudicial conferida pelo partido
que o indicou ao cargo, o PP: articulava com empresas e fornecedores da estatal
ajuda financeira para campanhas políticas.”
Como podemos ver, o ex-diretor
precisava arrecadar para o partido que o indicou para o cargo. Pelas primeiras
informações que estão surgindo das investigações obtidas pelos policiais no
exame ainda superficial, segundo afirmou a Revista Veja, constam planilhas e
outros documentos, tudo levando a crer que o desvio de dinheiro da Petrobras
vai muito além do montante apurado no processo do mensalão. E deve ser sim,
considerando o volume de contratação da empresa e os percentuais cobrados pelo
ex-diretor.
O que mais nos entristece é que a
Petrobras é tão somente um exemplo. Esses desvios ocorrem nas contratações
com a União, com os Estados e com os Municípios, por isso que falta dinheiro para a Saúde,
para a Educação e para a Segurança Pública. A Petrobras sobressai em razão do
seu gigantismo, que como muito bem informou a Revista Veja “De 2003 a 2012, o
engenheiro Paulo Roberto Costa dirigiu a área de Abastecimento da Petrobras,
que comanda orçamento bilionário e lida com as maiores empresas do Brasil e do
mundo. Pelo volume de dinheiro movimentado e os múltiplos interesses
envolvidos, é o lugar perfeito para aninhar uma quadrilha de corruptos.”
Por outro lado, ninguém consegue
entender como é que um sujeito desses passe 10 (dez) anos lesando o patrimônio
da Petrobras sem que ninguém decente disso tivesse conhecimento. E só agora,
depois de haver deixado a empresa há mais de um ano, é que estamos assistindo o
desfecho das falcatruas.
Não acreditamos ser necessário
acrescentar muitos outros argumentos a respeito desse episódio, já que todos
nós já estamos cansados de ouvir pela televisão e através da leitura de
revistas e jornais. O que mais queremos neste momento é pedir aos nossos
leitores que reflitam bem sobre tudo que aconteceu e ainda vem acontecendo com
o nosso país ao longo do tempo, pois só com a conscientização de todos nós, teremos
condições de escolher os melhores candidatos nas próximas eleições. E não é só
isso: o nosso país precisa de reformas e dentre estas, a reforma política é
imprescindível.
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