"As
empresas de fachada, as contas em paraísos fiscais, a lista de empreiteiras – e
os indícios de corrupção que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não conseguiu
destruir antes de ser preso," (Site Revista Época).
Não
é invenção nossa quando afirmamos que a corrupção, a incompetência, o
desrespeito ao cidadão e a impunidade são os males que estão destruindo as
finanças públicas e levando o país ao total descrédito, já que o povo não se
conforma com o fato de ter que pagar tantos impostos em troca de um serviço
público de péssima qualidade, como o que é oferecido pela rede pública de saúde
e pelas escolas publicas.
Não
poderia haver nome mais apropriado para o Brasil de que País do Carnaval.
Aliás, pensando bem, talvez fosse melhor País Carnaval, não com aquele sentido
que se diz normalmente, de festa, de alegria, de fantasia. Carnaval é o que os
corruptos fazem com o dinheiro do trabalhador honesto, que todos os meses tem
uma grande fatia do seu minguado salário abocanhado pelo Imposto de Renda. São
tantos os escândalos que são denunciados diariamente que ninguém sabe mais
quais dele são os piores. Aliás, o que parece um verdadeiro terremoto, daqui a
seis meses, o povo nem lembra mais. Agora é a vez da Petrobras. Vejamos o que
diz notícia encontrada no site da Revista Época:
“Desde que a Polícia
Federal prendeu
Paulo Roberto Costa, o ex-executivo mais poderoso da Petrobras, há
duas semanas, Brasília não dorme. Dezenas de grandes empresários, entre eles
diretores das maiores empreiteiras do país e das gigantes mundiais do comércio
de combustíveis, todas com negócios na Petrobras, também não. Paulo Roberto
Costa era diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. Era bancado
no cargo por um consórcio entre PT, PMDB e PP, com o aval direto do
ex-presidente Lula,
que o chamava de “Paulinho”.
Muito embora saibamos que
tão somente cerca de 1% (um por cento) dos casos de corrupção no Brasil são
denunciados e investigados, ainda assim, são tantos que ninguém agüenta mais
ouvir o noticiário televisivo. E o pior: esse monstro chamado corrupção tem
raízes plantadas nos mais diversos rincões do país. E manifesta-se de diversas
maneiras, desde um Guarda de Trânsito que cria uma situação para barganhar uma
propina, até um político corrupto que vota a favor de um Projeto de Lei em
troca de dinheiro.
Os escândalos são tantos e
tão grandes que um caso como o da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal do
Amapá - que segundo estimativas do Superintendente da Polícia Federal da época, os
desvios de dinheiro público giravam em torno de um bilhão de reais -, sequer
figura entre os maiores. E o mais triste. Esse histórico de escândalos vem de
longa data. Parece que muitos deles o povo sequer lembra mais. E se fizermos
uma retrospectiva, quase ninguém fica preso em razão desses desvios de dinheiro
público. Agora é a vez da Petrobras. Aliás, nem sabemos por que demorou tanto vir
a público, já que a corrupção na Petrobras é tão antiga quanto esta. Segundo
ainda a Revista Época:
“Paulo
Roberto Costa detém muitos dos segredos da República – aqueles que nascem da
união entre o interesse de empresários em ganhar dinheiro público e do
interesse de políticos em cedê-lo, mediante aquela taxa conhecida vulgarmente
como propina. E se Paulo Roberto fosse descuidado e guardasse provas desses
segredos? E se, uma vez descobertas pela PF, elas viessem a público? Pois Paulo
Roberto guardou. Tentava destruí-las quando a Polícia Federal chegou a sua
casa, há duas semanas. Mas não conseguiu se livrar de todas a tempo.”
A safadeza no Brasil é coisa
rotineira. E não são tão somente os políticos que desviam dinheiro público. E
como exemplo de falcatruas de empresários inescrupulosos, citamos aquele caso
de um paciente que num único dia foi atendido 201 (duzentas e uma) vezes. A
cobrança de tantas consultas num só dia, por atendimento a um único paciente,
convenhamos, é muita certeza da impunidade e da incompetência do serviço
público. A respeito do assunto, vejamos a notícia publicada no Jornal Folha de
S. Paulo:
“Em um único dia, um
paciente ‘conseguiu ser atendido’ 201 vezes em uma clínica de Água Branca, no
Piauí. A proeza não parou por aí - o valor das duas centenas de consultas foi
cobrado do SUS. O mesmo local cobrou tratamentos em nome de mortos. Casos assim
explicam como, em cinco anos, cerca de R$ 502 milhões de recursos públicos do
SUS foram aplicados irregularmente por prefeituras, governos e instituições
públicas e particulares. Esse meio bilhão, agora cobrado de volta pelo
Ministério da Saúde, refere-se a irregularidades identificadas em 1.339
auditorias feitas de 2008 a 2012 por equipes do Denasus (departamento nacional
de auditorias do SUS) e analisadas uma a uma pela Folha.”
Mais recentemente, em 2005
no Governo Lula, tivemos o Escândalo do Mensalão. Este, como ainda é recente, e
dada a grande repercussão, dispensa maiores comentários. Como ainda não faz
tanto tempo, acreditamos que muitas pessoas ainda se recordam do escândalo que
envolveu desvio de dinheiro público da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia, no qual muito se falou acerca do Senador Jader Barbalho. Esse caso,
infelizmente, parece que já foi esquecido, uma vez que dele nunca mais ouvimos
falar. Preso por caso das falcatruas, para a nossa decepção, não conhecemos
ninguém. Jader Barbalho na época renunciou ao Mandato. E hoje é senador da
República.
Sem
consciência do povo, para exigir providências dos órgãos de controle e da
Justiça na hora de julgar, nada muda no nosso país. Não é possível que fiquemos
calados diante de tanta roubalheira. Enquanto isso o povo não tem atendimento
médico nem escola pública de qualidade para os filhos. É um verdadeiro
desrespeito para com nós cidadãos. E agora pelo que estamos vendo, a corrupção
conseguiu mais uma grande proeza: levou a nossa principal empresa, a Petrobras
para o fundo do poço. Segundo a Revista Época o escândalo é monumental. Senão
vejamos:
“ÉPOCA obteve cópia, com
exclusividade, dos principais documentos desse lote. Foram apreendidos nos
endereços de Paulo Roberto no Rio de Janeiro, onde ele mora. Esses documentos –
e outros que faziam parte da denúncia que levou Paulo Roberto à cadeia e ainda
não tinham vindo a público – parecem confirmar os piores temores de Brasília.
Paulo Roberto e o doleiro Alberto Youssef, também preso pela PF e parceiro
dele, acusado de toda sorte de crime financeiro na Operação Lava Jato, eram
meticulosos. Guardavam registros pormenorizados de suas operações financeiras,
sem sequer recorrer a códigos. Era tudo em português claro, embora
gramaticalmente sofrível. Anotavam os nomes de lobistas e empresários, quase
sempre os associavam a negócios e a valores em dólares, euros e reais. Os
registros continham até explicações técnicas e financeiras das operações. Os
valores milionários mencionados nos documentos, suspeita a PF – uma suspeita
confirmada por três envolvidos ouvidos por ÉPOCA –, referem-se a propinas pagas
pelas empresas, nacionais e estrangeiras, que detinham contratos com a área da
Petrobras comandada por Paulo Roberto. Os papéis já analisados pela PF (há
muitos outros que ainda serão periciados) sugerem que as maiores empreiteiras
do país e as principais vendedoras de combustível do planeta pagavam comissão
para fazer negócio com a Petrobras.”
E segundo a Revista Época, a
história não para por aqui. E esse escândalo da Petrobras só confirma que um
dos grandes males da nossa política se encontra nos financiamentos de campanha
por empresas que trabalham para o governo. Ninguém de bom senso, na verdade,
engole essa história de doações para políticos. Empresários não fazem doações.
Eles investem nos candidatos favoritos, visando obter retorno no futuro. Vejamos
ainda o que diz a Revista Época:
“Para
compreender o esquema, cuja vastidão apenas começa a ser desvendada pela PF, é
necessário entender a função desempenhada por cada um dos principais
integrantes dele. Como diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
fechava, entre outros, contratos de construção e reforma de refinarias (do
interesse das empreiteiras brasileiras) e de importação de combustível (do
interesse das multinacionais que vendem derivados de petróleo). Paulo Roberto
assinava os contratos, mas devia, em muitos momentos, fidelidade aos três
partidos que o bancavam no cargo (PT, PP e PMDB). Paulo Roberto garantia a
Petrobras; lobistas como Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e
Jorge Luz, ligado ao PT e ao PMDB, cujos nomes aparecem nos papéis apreendidos,
garantiam as oportunidades de negócio com as grandes fornecedoras da Petrobras
– e, suspeita a PF, garantiam também possíveis repasses aos políticos desses
partidos. Para a PF, a Youssef cabia cuidar do dinheiro. Segundo envolvidos,
essa tarefa também cabia a Humberto Sampaio de Mesquita, conhecido como Beto,
genro de Paulo Roberto. Ele o ajudava nos negócios e é sócio de uma empresa que
tem contrato de R$ 2,5 milhões com a Petrobras. Eram uma espécie de banco do
esquema, ao providenciar empresas de fachada para receber as propinas no Brasil
e nos paraísos fiscais, ao gerenciar as contas secretas e a contabilidade e ao
pagar no Brasil, quando necessário, a quem de direito.”
Como
podemos ver, difícil mesmo é encontrar algum setor da sociedade que esteja
imune às propinas, sonegações, desvios, falcatruas, malfeitos e indecências com
o dinheiro público. Empreiteiras, bancos, indústrias, emissoras de televisão,
botecos e indivíduos se irmanam no esporte nacional de lesar o Estado. Seja
forjando licitações, subornando um fiscal da prefeitura ou falsificando uma
carteirinha escolar para obter isenções. Para piorar, perdemos a capacidade de
raciocinar com o mínimo de lógica: pedimos cadeia para corruptos, mas pouco nos
importam os corruptores. Precisamos ter em mente que não há corrupto sem
corruptor. Como se vê, os políticos e gestores públicos não são os únicos
responsáveis pelos desvios de dinheiro público. Claro que muitos são culpados e
estes deveriam responder pelos seus crimes. Diante dessa realidade, não restam
dúvidas de que o Brasil de fato é o País do Carnaval.
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