sábado, 5 de abril de 2014

CORRUPÇÃO NA PETROBRAS. O CARNAVAL DE PROPINAS TEM MUITOS FOLIÕES

"As empresas de fachada, as contas em paraísos fiscais, a lista de empreiteiras – e os indícios de corrupção que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não conseguiu destruir antes de ser preso," (Site Revista Época).


             Não é invenção nossa quando afirmamos que a corrupção, a incompetência, o desrespeito ao cidadão e a impunidade são os males que estão destruindo as finanças públicas e levando o país ao total descrédito, já que o povo não se conforma com o fato de ter que pagar tantos impostos em troca de um serviço público de péssima qualidade, como o que é oferecido pela rede pública de saúde e pelas escolas publicas.       

            Não poderia haver nome mais apropriado para o Brasil de que País do Carnaval. Aliás, pensando bem, talvez fosse melhor País Carnaval, não com aquele sentido que se diz normalmente, de festa, de alegria, de fantasia. Carnaval é o que os corruptos fazem com o dinheiro do trabalhador honesto, que todos os meses tem uma grande fatia do seu minguado salário abocanhado pelo Imposto de Renda. São tantos os escândalos que são denunciados diariamente que ninguém sabe mais quais dele são os piores. Aliás, o que parece um verdadeiro terremoto, daqui a seis meses, o povo nem lembra mais. Agora é a vez da Petrobras. Vejamos o que diz notícia encontrada no site da Revista Época: 
 
“Desde que a Polícia Federal prendeu Paulo Roberto Costa, o ex-executivo mais poderoso da Petrobras, há duas semanas, Brasília não dorme. Dezenas de grandes empresários, entre eles diretores das maiores empreiteiras do país e das gigantes mundiais do comércio de combustíveis, todas com negócios na Petrobras, também não. Paulo Roberto Costa era diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. Era bancado no cargo por um consórcio entre PT, PMDB e PP, com o aval direto do ex-presidente Lula, que o chamava de “Paulinho”.

Muito embora saibamos que tão somente cerca de 1% (um por cento) dos casos de corrupção no Brasil são denunciados e investigados, ainda assim, são tantos que ninguém agüenta mais ouvir o noticiário televisivo. E o pior: esse monstro chamado corrupção tem raízes plantadas nos mais diversos rincões do país. E manifesta-se de diversas maneiras, desde um Guarda de Trânsito que cria uma situação para barganhar uma propina, até um político corrupto que vota a favor de um Projeto de Lei em troca de dinheiro. 


Os escândalos são tantos e tão grandes que um caso como o da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal do Amapá - que segundo estimativas do Superintendente da Polícia Federal da época, os desvios de dinheiro público giravam em torno de um bilhão de reais -, sequer figura entre os maiores. E o mais triste. Esse histórico de escândalos vem de longa data. Parece que muitos deles o povo sequer lembra mais. E se fizermos uma retrospectiva, quase ninguém fica preso em razão desses desvios de dinheiro público. Agora é a vez da Petrobras. Aliás, nem sabemos por que demorou tanto vir a público, já que a corrupção na Petrobras é tão antiga quanto esta. Segundo ainda a Revista Época: 

“Paulo Roberto Costa detém muitos dos segredos da República – aqueles que nascem da união entre o interesse de empresários em ganhar dinheiro público e do interesse de políticos em cedê-lo, mediante aquela taxa conhecida vulgarmente como propina. E se Paulo Roberto fosse descuidado e guardasse provas desses segredos? E se, uma vez descobertas pela PF, elas viessem a público? Pois Paulo Roberto guardou. Tentava destruí-las quando a Polícia Federal chegou a sua casa, há duas semanas. Mas não conseguiu se livrar de todas a tempo.”

A safadeza no Brasil é coisa rotineira. E não são tão somente os políticos que desviam dinheiro público. E como exemplo de falcatruas de empresários inescrupulosos, citamos aquele caso de um paciente que num único dia foi atendido 201 (duzentas e uma) vezes. A cobrança de tantas consultas num só dia, por atendimento a um único paciente, convenhamos, é muita certeza da impunidade e da incompetência do serviço público. A respeito do assunto, vejamos a notícia publicada no Jornal Folha de S. Paulo:

“Em um único dia, um paciente ‘conseguiu ser atendido’ 201 vezes em uma clínica de Água Branca, no Piauí. A proeza não parou por aí - o valor das duas centenas de consultas foi cobrado do SUS. O mesmo local cobrou tratamentos em nome de mortos. Casos assim explicam como, em cinco anos, cerca de R$ 502 milhões de recursos públicos do SUS foram aplicados irregularmente por prefeituras, governos e instituições públicas e particulares. Esse meio bilhão, agora cobrado de volta pelo Ministério da Saúde, refere-se a irregularidades identificadas em 1.339 auditorias feitas de 2008 a 2012 por equipes do Denasus (departamento nacional de auditorias do SUS) e analisadas uma a uma pela Folha.”


Mais recentemente, em 2005 no Governo Lula, tivemos o Escândalo do Mensalão. Este, como ainda é recente, e dada a grande repercussão, dispensa maiores comentários. Como ainda não faz tanto tempo, acreditamos que muitas pessoas ainda se recordam do escândalo que envolveu desvio de dinheiro público da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, no qual muito se falou acerca do Senador Jader Barbalho. Esse caso, infelizmente, parece que já foi esquecido, uma vez que dele nunca mais ouvimos falar. Preso por caso das falcatruas, para a nossa decepção, não conhecemos ninguém. Jader Barbalho na época renunciou ao Mandato. E hoje é senador da República.

            Sem consciência do povo, para exigir providências dos órgãos de controle e da Justiça na hora de julgar, nada muda no nosso país. Não é possível que fiquemos calados diante de tanta roubalheira. Enquanto isso o povo não tem atendimento médico nem escola pública de qualidade para os filhos. É um verdadeiro desrespeito para com nós cidadãos. E agora pelo que estamos vendo, a corrupção conseguiu mais uma grande proeza: levou a nossa principal empresa, a Petrobras para o fundo do poço. Segundo a Revista Época o escândalo é monumental. Senão vejamos:
  
“ÉPOCA obteve cópia, com exclusividade, dos principais documentos desse lote. Foram apreendidos nos endereços de Paulo Roberto no Rio de Janeiro, onde ele mora. Esses documentos – e outros que faziam parte da denúncia que levou Paulo Roberto à cadeia e ainda não tinham vindo a público – parecem confirmar os piores temores de Brasília. Paulo Roberto e o doleiro Alberto Youssef, também preso pela PF e parceiro dele, acusado de toda sorte de crime financeiro na Operação Lava Jato, eram meticulosos. Guardavam registros pormenorizados de suas operações financeiras, sem sequer recorrer a códigos. Era tudo em português claro, embora gramaticalmente sofrível. Anotavam os nomes de lobistas e empresários, quase sempre os associavam a negócios e a valores em dólares, euros e reais. Os registros continham até explicações técnicas e financeiras das operações. Os valores milionários mencionados nos documentos, suspeita a PF – uma suspeita confirmada por três envolvidos ouvidos por ÉPOCA –, referem-se a propinas pagas pelas empresas, nacionais e estrangeiras, que detinham contratos com a área da Petrobras comandada por Paulo Roberto. Os papéis já analisados pela PF (há muitos outros que ainda serão periciados) sugerem que as maiores empreiteiras do país e as principais vendedoras de combustível do planeta pagavam comissão para fazer negócio com a Petrobras.” 

            E segundo a Revista Época, a história não para por aqui. E esse escândalo da Petrobras só confirma que um dos grandes males da nossa política se encontra nos financiamentos de campanha por empresas que trabalham para o governo. Ninguém de bom senso, na verdade, engole essa história de doações para políticos. Empresários não fazem doações. Eles investem nos candidatos favoritos, visando obter retorno no futuro. Vejamos ainda o que diz a Revista Época:
   
“Para compreender o esquema, cuja vastidão apenas começa a ser desvendada pela PF, é necessário entender a função desempenhada por cada um dos principais integrantes dele. Como diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto fechava, entre outros, contratos de construção e reforma de refinarias (do interesse das empreiteiras brasileiras) e de importação de combustível (do interesse das multinacionais que vendem derivados de petróleo). Paulo Roberto assinava os contratos, mas devia, em muitos momentos, fidelidade aos três partidos que o bancavam no cargo (PT, PP e PMDB). Paulo Roberto garantia a Petrobras; lobistas como Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e Jorge Luz, ligado ao PT e ao PMDB, cujos nomes aparecem nos papéis apreendidos, garantiam as oportunidades de negócio com as grandes fornecedoras da Petrobras – e, suspeita a PF, garantiam também possíveis repasses aos políticos desses partidos. Para a PF, a Youssef cabia cuidar do dinheiro. Segundo envolvidos, essa tarefa também cabia a Humberto Sampaio de Mesquita, conhecido como Beto, genro de Paulo Roberto. Ele o ajudava nos negócios e é sócio de uma empresa que tem contrato de R$ 2,5 milhões com a Petrobras. Eram uma espécie de banco do esquema, ao providenciar empresas de fachada para receber as propinas no Brasil e nos paraísos fiscais, ao gerenciar as contas secretas e a contabilidade e ao pagar no Brasil, quando necessário, a quem de direito.”

Como podemos ver, difícil mesmo é encontrar algum setor da sociedade que esteja imune às propinas, sonegações, desvios, falcatruas, malfeitos e indecências com o dinheiro público. Empreiteiras, bancos, indústrias, emissoras de televisão, botecos e indivíduos se irmanam no esporte nacional de lesar o Estado. Seja forjando licitações, subornando um fiscal da prefeitura ou falsificando uma carteirinha escolar para obter isenções. Para piorar, perdemos a capacidade de raciocinar com o mínimo de lógica: pedimos cadeia para corruptos, mas pouco nos importam os corruptores. Precisamos ter em mente que não há corrupto sem corruptor. Como se vê, os políticos e gestores públicos não são os únicos responsáveis pelos desvios de dinheiro público. Claro que muitos são culpados e estes deveriam responder pelos seus crimes. Diante dessa realidade, não restam dúvidas de que o Brasil de fato é o País do Carnaval.

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