“O perverso assalto feito ao caixa da Petrobras afetará o Brasil mais profundamente do que pode parecer à primeira vista. A interrupção de pagamentos da estatal a fornecedores reforça o temor sobre calotes e seus reflexos no sistema bancário. O aperto na concessão de crédito pode ser só uma das — imprevisíveis — consequências.” (Site da Revista Veja).
A Revista Veja, ao contrário do que muitos afirmam, como sempre tem prestado um grande serviço a sociedade brasileira. E dando continuidade a esse trabalho jornalístico de qualidade, publicou no seu site uma bela matéria intitulada “O petrolão é uma bola de neve — e você está no caminho”, dando conta de que “O perverso assalto feito ao caixa da Petrobras afetará o Brasil mais profundamente do que pode parecer à primeira vista. A interrupção de pagamentos da estatal a fornecedores reforça o temor sobre calotes e seus reflexos no sistema bancário. O aperto na concessão de crédito pode ser só uma das — imprevisíveis — consequências.”
Essa afirmação da Revista Veja faz todo
sentido, uma vez que a Petrobras, como a maior empresa brasileira, que tem
grandes investimentos e negócios com os maiores fornecedores de produtos e serviços
do país, em caso de suspensão de pagamento aos fornecedores, prestadores de
serviços e construtoras, causará, inevitavelmente, uma verdadeira reviravolta no
sistema financeiro nacional. A esse respeito falou a Revista Veja:
“Quanto mais fundo se mergulha
na Operação
Lava Jato, mais cresce o risco de que ondas de choque se propaguem para
além das empresas diretamente envolvidas no escândalo e atinjam outros setores
da economia brasileira. Com a paralisação dos pagamentos da Petrobras a
fornecedores e a possibilidade de as empreiteiras investigadas serem apontadas
como inidôneas, os bancos podem se ver bafejados pelo furacão — não porque haja
indícios de que tenham participado de maracutaias, mas porque essas empresas
gigantes têm com eles muitos compromissos financeiros. Com isso, talvez não
leve muito tempo até que a investigação se reflita no bolso de cada
brasileiro por meio da redução da oferta de crédito.
Na Avenida Faria Lima, que reúne a
nata do setor bancário em São Paulo, o clima é tenso — alguns chegam a dizer
‘desesperador’. Escritórios de advocacia disparam relatórios a seus clientes
tentando antever os efeitos das possíveis sanções às empreiteiras. Banqueiros
de instituições nacionais e estrangeiras se movimentam para tentar calcular o
tamanho do estrago, caso a Petrobras deixe de honrar alguns de seus
compromissos financeiros. No caso das construtoras, o temor é que a paralisação
dos empreendimentos afete as receitas de tal forma que torne inviável o
pagamento de títulos de dívida emitidos para financiar obras, que têm bancos e
fundos como principais credores.”
Essas afirmações da Revista Veja são de um profundo significado. E não poderia ser diferente. Com isso facilmente concluiremos
o risco que se tem quando o país entrega a administração de empresas como a
Petrobras, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal e outras nas mãos de
pessoas que não estão comprometidas com o futuro dessas organizações e muito
menos da Nação para a qual trabalham. Esse tipo de política não pode continuar.
Não é possível fazer-se uso de empresas públicas em benefício de partidos e de
políticos corruptos. Afirma ainda a Revista Veja:
“O medo se justifica pelo fato de as
instituições financeiras estarem expostas ao risco comercial das empresas, já
que não há garantias exigidas para títulos emitidos no mercado de capitais.
Mas, mesmo as dívidas contraídas com garantias são alvo de inquietação. Isso
ocorre porque as linhas de crédito são calculadas com base em ganhos futuros
provenientes de projetos de infraestrutura — o que, no jargão econômico, é
chamado de alavancagem. Caso as obras sejam paralisadas ou troquem de mãos, os
bancos que levarem calote terão de executar as garantias dadas pelas empresas,
o que implicaria na judicialização dos contratos. Ocorre que, pela burocracia
do processo de execução, essa é a alternativa que menos agrada os credores. Por
via das dúvidas, os principais bancos cortaram nas últimas semanas as linhas de
crédito de curto prazo para as empreiteiras envolvidas na Lava Jato — e
encareceram os recursos para as demais empresas do setor. Até mesmo para
aquelas que nada têm a ver com a Petrobras.
Em bancos de investimento, os calotes
são esperados de todos os lados — e não apenas das empreiteiras em apuros com a
Justiça. E a maior parte deles tem origem na própria Petrobras. Desde o ano
passado a empresa coloca obstáculos aos pagamentos de contratos, deixando
fornecedores em situação delicada — alguns, como a GDK e
a Tenace,
chegaram a pedir recuperação judicial. A partir de 2014, o que era
ocasional se tornou regra. Desde que a Operação Lava Jato foi anunciada pela
Polícia Federal (PF), no início do ano, os pagamentos foram suspensos. A
diretoria vetou qualquer desembolso a prestadores de serviços temendo que, ao
assinar o gasto, poderia chancelar, sem saber, novos desvios de dinheiro.
Resultado: mais uma série de empresas entrou com pedido de recuperação
judicial. Já os fornecedores que conseguiram renegociar suas dívidas agora
têm de pagar taxas de juros muito mais elevadas — devido ao risco de calote
imposto pela Petrobras. ‘Toda a cadeia composta por empresas que fazem desde o
suporte às plataformas de petróleo, até a alimentação, o transporte, os
helicópteros e a engenharia, que estavam alavancadas, agora vão encontrar
dificuldades para conseguir se refinanciar’, afirma Alexandre Bertoldi, sócio
do escritório de advocacia Pinheiro Neto.”
Mesmo sendo hoje o sistema financeiro
brasileiro bem capitalizado, com condições, como bem afirmou a Revista
Veja, de suportar uma eventual quebra brusca nos aportes de recursos da
Petrobras para empresas fornecedoras de serviços, não deixa de ser afetado com isso. De qualquer modo, o sistema poderá sofrer abalos com reflexos negativos no mercado como um todo.
Segundo a Revista Veja “O final da história está guardado para 2015, já que as
repercussões do petrolão ainda não podem ser contabilizadas com precisão nas esferas
política e econômica. Mas os fatos mais recentes já sinalizam que o perverso
assalto feito ao caixa da Petrobras afetará o Brasil mais profundamente do que
pode parecer à primeira vista. E, dependendo do círculo vicioso que se
desencadear, o caminho de volta poderá ser árduo.” Sem dúvida nenhuma essa é a
melhor interpretação dos fatos até então conhecidos.
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