sábado, 20 de dezembro de 2014

CORRUPÇÃO DA PETROBRAS INSTALOU A CRISE NO CONGRESSO NACIONAL, EM RAZÃO DO ELEVADO NÚMERO DE ENVOLVIDOS


  

As manifestações populares, que ocorreram em junho de 2013 nas ruas de várias cidades brasileiras, poderiam ter sido um bom recado para os nossos políticos, caso estes estivessem sintonizados com a vontade do povo.

Em junho, uma mobilização nacional marcou um dos maiores protestos que o País presenciou em busca dos direitos, tendo, inicialmente como foco de reivindicação a redução das tarifas do transporte coletivo. No entanto, as manifestações ganharam espaço, e um número expressivo de cidadãos aderirem à proposta e também à defesa de novas reivindicações. Em virtude da grande repercussão que as manifestações alcançaram nas ruas e nos meios de comunicação de massa, é que a população brasileira acredita que pode ser uma iniciativa para modificar o sistema político em busca da democracia e da valorização dos direitos sociais e humanos de cada cidadão. Apesar de tudo - mesmo após todas aquelas manifestações -, diversos escândalos já foram registrados, dando a sensação de que a voz do povo é o que menos interessa aos nossos políticos. Infelizmente os protestos não serviram como lição, tanto que estamos vendo aí a sucessão de descalabros Brasil afora. Sobre a crise no Congresso Nacional, confiram a notícia encontrada no site do Diário do Nordeste:  

“Brasília. A oposição defendeu ontem o aprofundamento das investigações sobre o envolvimento de políticos nos desvios de corrupção da Petrobras e avalia que, agora, a crise fica dentro do Congresso Nacional.

Apesar de um tucano estar na lista dos 28 políticos que teriam sido mencionados pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, o PSDB afirma que as investigações precisam ocorrer ‘independentemente da filiação partidária’ dos envolvidos. Em nota, o partido diz que a apresentação de um relatório paralelo pela oposição na CPI mista da Petrobras reforçou a defesa das investigações ao pedir o indiciamento de 59 pessoas e a abertura de inquérito policial contra outras 36. Líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que "ninguém pode passar panos quentes" nas investigações.

‘Por enquanto, é o vazamento de uma informação. É preciso conhecer o teor da delação. Se for confirmado, é um caso gravíssimo’, disse o tucano.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA), afirmou ser preciso esperar os próximos passos do procurador-geral da Repúblico, Rodrigo Janot, para verificar a validade das acusações.”

            A sensação que temos hoje é que o país perdeu o rumo que foi traçado com a Constituição de 1988. Em razão disso, a sensação que temos é que estamos no fundo do poço, sem ninguém por perto para nos salvar. E é isso mesmo: se não contamos com os Parlamentares que estão no Congresso para nos representar, não temos mesmo para quem apelar. Sem o Parlamento não há democracia. E um Parlamento que se vende para o Executivo não desempenha o papel que a Constituição lhe reservou. Diz ainda o Jornal Diário do Nordeste:

“Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), a citação de políticos desgasta a imagem do Congresso e traz a crise para o novo Legislativo, que tomará posse em fevereiro.

Segundo o deputado, o novo Congresso começará sob pressão pela expectativa da confirmação de parlamentares envolvidos no escândalo. Ele disse ainda que isso reforça a necessidade de uma nova CPI para analisar o caso.”

A imagem do Congresso Nacional de há muito está irremediavelmente arranhada. Nem seria para menos. A esse respeito, com absoluta propriedade, manifestou-se o Jornal O Globo. Confira: "À margem de qualquer ironia, a decisão do plenário da Casa de manter o mandato do deputado Natan Donadon, de Rondônia, recolhido à Penitenciária da Papuda, em Brasília, é uma da mais desastrosas decisões tomadas no Congresso sob a inspiração do abusivo sentimento corporativista existente entre parlamentares. Atinge órgãos vitais da Câmara, e num momento em que o Congresso, sensível aos clamores nas ruas por ética na política e efetivo combate à corrupção, busca uma 'agenda positiva', na tentativa necessária de reduzir a distância que o separa do mundo real.”

            Como podemos ver, muito embora estejamos vivendo num Regime Democrático de Direito, muita coisa ainda precisa mudar, uma vez que uma pessoa que é eleita para um cargo público tem contas a prestar a sociedade que depositou nela confiança, esperando, no mínimo, que tenha um padrão ético compatível com o cargo para o qual foi eleito. O pior: com os episódios do mensalão, e agora com o da corrupção na Petrobras, onde figuram os nomes de vários parlamentares, não será fácil para o Legislativo recuperar a sua imagem. Segundo ainda o Diário do Nordeste:

“Segundo reportagem do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci está na relação de Paulo Roberto Costa, que citou o nome de 28 políticos.

O petista teria encomendado ao ex-diretor, segundo a reportagem, dinheiro para a campanha da presidente, da qual era coordenador. O pedido teria sido de R$ 2 milhões.

Costa também citou nome do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e relatou pagamento de propina ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para que uma CPI que investigava a Petrobras fosse encerrada.

Repercussão

Com nomes também citados, os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), negaram ter envolvimento com os desvios de recursos da Petrobras.

O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara, contestou a lista. O senador José Sarney (PMDB-AP) disse não acreditar no envolvimento de sua filha, Roseana Sarney (PMDB).

Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) revelou estar indignado por ter sido relacionado.

Ele entregou, ontem, uma petição à Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo que o órgão acelere a apresentação da lista dos políticos que serão investigados de fato.

‘Eu vim pedir à PGR que se acelere esse processo porque o desgaste político é grande a quem não tem nada a ver com esse escândalo com a Petrobras’, afirmou.”

            República é uma palavra derivada do latim, que significa coisa pública, ou seja, “res pública”. Na democracia o povo escolhe os seus representantes, pessoas nas quais temos confiança. A partir do momento em que os nossos representantes não correspondem à confiança que neles depositamos, deixa de existir a relação de mútua confiança, com reflexos altamente danosos aos interesses do país, como vem ocorrendo atualmente no Brasil.

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