sábado, 24 de janeiro de 2015

AGRONEGÓCIO EM RISCO. ARMAZÉNS BRASILEIROS COMPORTAM APENAS 47% DA SAFRA 2014/2015



            A construção de armazéns passou a ser uma preocupação dos Governos brasileiros desde o início da década de 1950, quando, como forma de oferecer melhores condições para o produtor guardar sua safra na expectativa de obter preços mais vantajosos, começaram os incentivos através de financiamentos para a construção de armazéns para produtores com condições amplamente favoráveis: as taxas de juros eram subsidiadas e os prazos para pagamento variavam de cinco a vinte anos.

Com esses e outros incentivos, a agricultura brasileira cresceu 57% (incluindo o café), nos anos cinquenta, índice considerado notável, tendo como fatores favoráveis: 1) melhoria na infraestrutura com a construção de rodovias e aumento da capacidade de armazenamento; 2) estabelecimento e expansão dos serviços de extensão rural; 3) garantia de preços mínimos; 4) subsídios às taxas de câmbio na importação de fertilizantes, produtos derivados do petróleo, tratores e caminhões; e 5) intensificação do crédito agrícola ocorrida no fim da década.         

            Em 1962, no Governo de João Goulart, através da Lei Delegado de nº 07, foi autorizada a Sunab a constituir a CIBRAZÉM – Companhia Brasileira de Armazenamento, que ao longo de muitos anos, juntamente com a Comissão de Financiamento da Produção, desempenhou um papel dos mais relevantes. Ultimamente, no entanto, com as supersafras de grãos que o Brasil tem alcançado a cada ano, a infraestrutura de armazenamento não tem sido suficiente para atender as necessidades do país. A esse propósito, confiram parte da matéria encontrada no site http://www.noticiasagricolas.com.br:  

“A safra 2014/2015 de soja já começou a ser colhida no Brasil e o próximo passo é a armazenagem. Segundo dados da Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, com base em levantamento feito pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, o Estado tem capacidade de estocar cerca de 8 milhões das 13,8 milhões de toneladas de grãos de soja e milho previstas para a safra atual. Com o objetivo de desenvolver o gerenciamento de unidades armazenadoras, o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de MS oferece entre os dias 20 e 23 de janeiro em Dourados o curso de armazenagem de grãos de soja e milho.


Em âmbito nacional, o déficit não difere. Os armazéns brasileiros devem comportar apenas 47% da safra 2014/2015 de grãos, com base nas informações da Conab. Para o instrutor do Senar/MS Paulo Mitio, essa realidade nacional ainda está longe de ser superada. ‘Se formos levarmos à risca, o ideal seria que a capacidade de armazenagem fosse superior a 20% da produção’, informa Mitio, que destaca a importância no cuidado pós-colheita. “Não é apenas plantar, tratar de pragas e doenças, cuidar do solo e colher. É preciso armazenar de forma correta e capacitar profissionais para esse tipo de trabalho”, sustenta o instrutor do Senar/MS.”

Se a nossa capacidade de armazenamento de grãos limita-se tão somente a 47%, e segundo informou o instrutor do Senar/MS Paulo Mitio, o ideal seria que a nossa capacidade fosse superior a 20% da produção, não há dúvida nenhuma de que estamos numa situação extremamente delicada. Esse dado é preocupante. E hoje, conforme a notícia a que nos reportamos, “O agricultor tem duas opções para estocar a produção: ter esse tipo de estrutura na propriedade ou recorrer a cooperativas e empresas de armazenamento. ‘Isso vai depender muito da área plantada, ou seja, de quanto ele vai colher. Vale a pena ressaltar que quando o produtor tem uma unidade de armazenamento em sua propriedade, o processo de comercialização é mais rápido’, destaca Mitio enfatizando o benefício do investimento.”
 
Apesar de alguns problemas ainda existirem e necessitarem de providências para equacioná-los, é inegável que muito já se fez na busca de melhores condições para a atividade rural, principalmente na década de setenta, quando mesmo não se tendo conseguido dar ao produtor tudo o que era preciso, empenhou-se, por meio dos mais variados mecanismos de incentivo, no propósito de viabilizar a economia rural do país e transformá-lo no grande exportador de alimento que é hoje. 

Agora, no entanto, é chegado o momento de o Governo vê esse problema da reduzida capacidade de armazenamento e tentar viabilizar os meios necessários para equacioná-lo, uma vez que o Brasil depende como nunca das riquezas do campo, vitais para alimentar a população do país e equilibrar a balança comercial.  


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