sábado, 15 de março de 2014

AGRONEGÓCIO: O MOTOR QUE MOVIMENTA A ECONOMIA BRASILEIRA




         O agronegócio é hoje vital para a economia brasileira. E não é exagero afirmar que o país se tornou refém das exportações do agronegócio, que, mesmo nos momentos mais delicados da economia mundial e brasileira, sempre apresentam resultados positivos, como tem acontecido, sistematicamente, nos últimos anos. E como prova disso, tão somente nos dois primeiros meses de 2014, a balança comercial do agronegócio acumulou um saldo positivo de US$ 9,42 bilhões, números divulgados no dia 13 de março pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

           Isso tem o seu lado bom para a economia do país, porque equilibra a balança comercial e introduz dólar no mercado brasileiro. Por outro lado, tem um aspecto negativo quando força o Governo a priorizar a agricultura de exportação, muitas vezes em detrimento da produção para o consumo interno. A agricultura de exportação, que tem na soja a sua estrela guia, tem ainda como ponto negativo o fato de ocupar grandes áreas de terras produtivas, gerando o mínimo de mão de obra, considerando que em todas as fases do cultivo da lavoura são empregadas alta tecnologia. 
       
            E como são nas grandes fazendas que são geradas as supersafras de grãos e onde se encontram os maiores rebanhos bovinos, o Governo não se aventura num projeto de Reforma Agrária que vise desapropriações dessas áreas para redistribuí-las, sob pena de comprometer a produção voltada para o mercado externo. Pelo contrário. O que pode parecer um paradoxo, mas em vez de se fazer partilhas das terras para melhor distribuir as riquezas do campo, os grandes produtores sempre buscam ampliar os seus domínios, uma vez que a agricultura de exportação demanda grandes áreas, gera bons lucros para os produtores e conta com a oferta de crédito em abundância através dos bancos públicos, tendo como resultado uma maior concentração das terras nas mãos de poucos. 
       
            Reiteradamente temos afirmado que no campo reside a solução para muitos dos grandes problemas brasileiros. No entanto, muito ainda precisa ser realizado para que as riquezas geradas a partir das fazendas se traduzam em benefícios concretos para todo o povo brasileiro. Primeiro o Governo precisa melhorar a infraestrutura de ferrovias, estradas e portos. Segundo faz-se necessário equilibrar as prioridades entre a agricultura de exportação e a produzida para o consumo interno, ou seja, os pequenos e médios produtores devem ser receber incentivos para produzirem e manterem-se no campo, evitando-se com isso o êxodo rural, como muito tem acontecido nos últimos tempos, gerando o inchaço dos grandes centros urbanos, com reflexos altamente negativos. 
     
            Apesar de todas as dificuldades, dos acertos e desacertos, a atividade agropecuária teve grandes avanços nos últimos quarenta anos. E isso não deixa de positivo para a nossa economia, tanto que hoje já estamos colhendo bons frutos. A respeito do assunto, é importante a reportagem encontrada no Jornal do Comércio de 14.03.2014. Senão vejamos:

“A balança comercial do agronegócio encerrou fevereiro com superávit de US$ 5 bilhões. O volume resulta de US$ 6,39 bilhões em vendas externas e US$ 1,37 bilhão em compras do Brasil no exterior. No primeiro bimestre, a balança acumula saldo positivo de US$ 9,42 bilhões. Os números foram divulgados hoje (13) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 

Apesar do superávit acumulado, houve queda de 4,8% das exportações nos dois primeiros meses do ano. Em fevereiro, as vendas cresceram em ritmo menor do que as compras. As vendas externas subiram 1,4%, enquanto as compras no exterior cresceram 6,3% na comparação com igual período do ano passado. O movimento pode estar relacionado à queda nos preços das commodities, fenômeno esperado para 2014. No caso de alguns produtos, a quantidade embarcada tem compensado a redução nos valores. 

Um exemplo é a soja em grão, principal responsável pelo crescimento do valor arrecadado com as exportações em fevereiro. O volume embarcado do produto saltou de 960 mil toneladas em fevereiro de 2013 para 2,79 milhões de toneladas no mesmo mês deste ano, incremento de 190,7%. O aumento compensou a queda de preço de 35% na comparação com 2013. Graças ao volume vendido, houve alta de 168,3% no valor exportado, de US$ 517 milhões para US$ 1,38 bilhão. Os outros dois produtos do complexo soja, o farelo e o óleo, registraram redução das exportações. 

No segundo principal setor exportador em fevereiro, o de carnes, houve fenômeno semelhante. As vendas externas somaram US$ 1,31 bilhão, 4,8% superiores às de fevereiro de 2013. O destaque foi a carne bovina, com elevação de 36,2% no valor exportado, que ficou em US$ 612 milhões no mês. Novamente, o aumento deveu-se à maior quantidade embarcada, que teve crescimento de 40,1% ante fevereiro de 2013, passando de 100 mil a 140 mil toneladas. O preço médio de exportação da carne bovina caiu 3,1% no período. As carnes de frango e suína tiveram queda no valor vendido ao exterior.” 

            A reportagem aponta algumas questões que servem para reflexão. Primeiro é que mostra que, mesmo havendo aumento no volume de produtos vendidos, como aconteceu com a soja, registra-se queda no valor do acumulado nas exportações dos dois primeiros meses do ano, em razão da desvalorização do preço das commodities no exterior. Segundo é que a queda nos preços das commodities no exterior indicam que os produtores brasileiros, mesmo produzindo e exportando mais, não terão os lucros de anos anteriores. E isso é negativo para a economia brasileira.     


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