O agronegócio é hoje vital para a
economia brasileira. E não é exagero afirmar que o país se tornou refém das
exportações do agronegócio, que, mesmo nos momentos mais delicados da economia
mundial e brasileira, sempre apresentam resultados positivos, como tem acontecido,
sistematicamente, nos últimos anos. E como prova disso, tão somente nos dois
primeiros meses de 2014, a balança comercial do agronegócio acumulou um saldo
positivo de US$ 9,42 bilhões, números divulgados no dia 13 de março pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Isso
tem o seu lado bom para a economia do país, porque equilibra a balança comercial
e introduz dólar no mercado brasileiro. Por outro lado, tem um aspecto negativo
quando força o Governo a priorizar a agricultura de exportação, muitas vezes em
detrimento da produção para o consumo interno. A agricultura de exportação, que
tem na soja a sua estrela guia, tem ainda como ponto negativo o fato de ocupar
grandes áreas de terras produtivas, gerando o mínimo de mão de obra, considerando
que em todas as fases do cultivo da lavoura são empregadas alta tecnologia.
E
como são nas grandes fazendas que são geradas as supersafras de grãos e onde se
encontram os maiores rebanhos bovinos, o Governo não se aventura num projeto de
Reforma Agrária que vise desapropriações dessas áreas para redistribuí-las, sob
pena de comprometer a produção voltada para o mercado externo. Pelo contrário.
O que pode parecer um paradoxo, mas em vez de se fazer partilhas das terras
para melhor distribuir as riquezas do campo, os grandes produtores sempre
buscam ampliar os seus domínios, uma vez que a agricultura de exportação
demanda grandes áreas, gera bons lucros para os produtores e conta com a oferta
de crédito em abundância através dos bancos públicos, tendo como resultado uma maior
concentração das terras nas mãos de poucos.
Reiteradamente
temos afirmado que no campo reside a solução para muitos dos grandes problemas
brasileiros. No entanto, muito ainda precisa ser realizado para que as riquezas
geradas a partir das fazendas se traduzam em benefícios concretos para todo o povo
brasileiro. Primeiro o Governo precisa melhorar a infraestrutura de ferrovias,
estradas e portos. Segundo faz-se necessário equilibrar as prioridades entre a
agricultura de exportação e a produzida para o consumo interno, ou seja, os pequenos
e médios produtores devem ser receber incentivos para produzirem e manterem-se
no campo, evitando-se com isso o êxodo rural, como muito tem acontecido nos
últimos tempos, gerando o inchaço dos grandes centros urbanos, com reflexos
altamente negativos.
Apesar
de todas as dificuldades, dos acertos e desacertos, a atividade agropecuária
teve grandes avanços nos últimos quarenta anos. E isso não deixa de positivo
para a nossa economia, tanto que hoje já estamos colhendo bons frutos. A
respeito do assunto, é importante a reportagem encontrada no Jornal do Comércio
de 14.03.2014. Senão vejamos:
“A
balança comercial do agronegócio encerrou fevereiro com superávit de US$ 5
bilhões. O volume resulta de US$ 6,39 bilhões em vendas externas e US$ 1,37
bilhão em compras do Brasil no exterior. No primeiro bimestre, a balança
acumula saldo positivo de US$ 9,42 bilhões. Os números foram divulgados hoje
(13) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Apesar do
superávit acumulado, houve queda de 4,8% das exportações nos dois primeiros
meses do ano. Em fevereiro, as vendas cresceram em ritmo menor do que as
compras. As vendas externas subiram 1,4%, enquanto as compras no exterior
cresceram 6,3% na comparação com igual período do ano passado. O movimento pode
estar relacionado à queda nos preços das commodities, fenômeno esperado para
2014. No caso de alguns produtos, a quantidade embarcada tem compensado a
redução nos valores.
Um
exemplo é a soja em grão, principal responsável pelo crescimento do valor
arrecadado com as exportações em fevereiro. O volume embarcado do produto
saltou de 960 mil toneladas em fevereiro de 2013 para 2,79 milhões de toneladas
no mesmo mês deste ano, incremento de 190,7%. O aumento compensou a queda de
preço de 35% na comparação com 2013. Graças ao volume vendido, houve alta de
168,3% no valor exportado, de US$ 517 milhões para US$ 1,38 bilhão. Os outros
dois produtos do complexo soja, o farelo e o óleo, registraram redução das
exportações.
No
segundo principal setor exportador em fevereiro, o de carnes, houve fenômeno
semelhante. As vendas externas somaram US$ 1,31 bilhão, 4,8% superiores às de
fevereiro de 2013. O destaque foi a carne bovina, com elevação de 36,2% no
valor exportado, que ficou em US$ 612 milhões no mês. Novamente, o aumento
deveu-se à maior quantidade embarcada, que teve crescimento de 40,1% ante
fevereiro de 2013, passando de 100 mil a 140 mil toneladas. O preço médio de
exportação da carne bovina caiu 3,1% no período. As carnes de frango e suína tiveram
queda no valor vendido ao exterior.”
A
reportagem aponta algumas questões que servem para reflexão. Primeiro é que
mostra que, mesmo havendo aumento no volume de produtos vendidos, como
aconteceu com a soja, registra-se queda no valor do acumulado nas exportações
dos dois primeiros meses do ano, em razão da desvalorização do preço das commodities
no exterior. Segundo é que a queda nos preços das commodities no exterior indicam
que os produtores brasileiros, mesmo produzindo e exportando mais, não terão os
lucros de anos anteriores. E isso é negativo para a economia brasileira.
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