A energia elétrica produzida no
Brasil tem como principais fontes as hidrelétricas. Segundo matéria de autoria
de Gauss
M. Cordeiro e Mariz Menezes, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco
e engenheiro elétrico, respectivamente, a energia hidráulica representa 74,3%
(setenta e quatro vírgula três por cento) de toda energia consumida no país, fato
que o deixa numa dependência muita grande das chuvas.
Segundo a Revista Exame, edição
nº. 1060, ano 48, de 05 de março de 2014, p. 45, “Hoje, ninguém pode prever se
haverá racionamento ou não. O que se sabe, porém é que a probabilidade de ele
ocorrer está aumentando e, pior, passou do limite de 5% que os especializadas
consideram aceitáveis. Em fevereiro, a probabilidade era de 18,5%, segundo
relatório da PSR, empresa que desenvolve softwares para a operação do sistema
elétrico de países escandinavos e do sistema de distribuição da Costa Leste
americana. Ou seja, estamos expostos a um risco muito acima do aceitável. Seria
vital, agora, diagnosticar as falhas e corrigi-las.”
Como afirmaram ainda Gauss
M. Cordeiro e Mariz Menezes, “... a matriz energética do País está completamente
desbalanceada por conta da nossa elevada dependência da energia hidráulica, que
apresenta um forte componente aleatório: a ocorrência de chuvas nas bacias que
abastecem os reservatórios. Atualmente, nas 10 maiores usinas hidrelétricas em
operação no Brasil, com exceção de Itaipu e Ilha Solteira, todas as demais têm
níveis de reservatório baixos.”
E de fato essa dependência quase
que total da energia produzida em hidrelétrica deixa a economia brasileira numa
situação um tanto quanto delicada, uma vez que nem sempre pode crescer
fortemente dependendo da aleatoriedade das chuvas. Por sua vez, Gauss
M. Cordeiro e Mariz Menezes entendem que o consumo de energia per
capita no País ainda é muito pequeno, sendo imprescindível que dobre no
curto prazo para promover o desenvolvimento sustentável, exigindo que todas as
formas de energia no País cresçam, mesmo levando em conta seus aspectos
positivos e negativos.
Não deixa de terem razão os
mencionados especialistas. A questão é que no Brasil o Governo não consegue
avançar nessa área com a velocidade necessária e desejada, tendo em vista a ocorrência
de atrasos injustificados nas obras de construção de novas usinas e linhas de
transmissão. Como muito bem frisou a Revista Exame, p. 45, “Ocorre que nem a
seca nem o aumento do consumo deveriam pegar o governo de surpresa. Os sistemas
elétricos são – ou deveriam ser – dimensionados para agüentar esse tipo de
evento extremo. As vulnerabilidades do setor, atestam os analistas, são
estruturais.”
Não podemos pensar num país seguro
para atrair investimentos externos se não dispomos de um sistema energético
suficientemente seguro. E de fato, segundo declarações de especialistas, não
estamos imune a um possível racionamento, tal qual aconteceu em 2001, no
Governo de Fernando Henrique Cardoso, com reflexos altamente negativos para a
imagem e economia do país.
Segundo ainda a Revista Exame,
“Passar por um racionamento de energia é um golpe duro para qualquer
presidente, em qualquer lugar do planeta. Para Dilma Rousseff – que neste ano
tem pela frente uma eleição e, antes disso, uma Copa do Mundo, evento que
colocará o Brasil sob os olhos do mundo inteiro -, um racionamento seria ainda mais
danoso. Embora seja impossível prever o impacto de um corte forçado no consumo de
eletricidade, o que ocorreu em 2001, ano do racionamento decretado pelo então presidente
Fernando Enrique Cardoso, ajuda a dar uma idéia.”
Ninguém deseja que o nosso país tenha
um colapso no fornecimento de energia, obrigando o Governo a fazer um racionamento.
No entanto, temos que ser realistas e aceitarmos como possível essa hipótese, que
não está descartada, e já é admitida, inclusive, pelo próprio Governo, segundo matéria
encontrada em 14 de fevereiro de 2014 no site www.odia.ig.com.br. Senão vejamos:
“O Ministério das Minas Energia
admitiu, em nota divulgada ontem durante reunião do Comitê de Monitoramento do
Setor Elétrico (CMSE), que há risco de racionamento de energia no país em 2014.
No documento, apesar de considerar ‘evento de baixíssima possibilidade’, o
governo informa que, se ocorrerem problemas de vazões piores do que se verifica
hoje, haverá ‘dificuldades no suprimento de energia no país’.
A mudança desse quadro, admite o texto
divulgado ontem, dependerá de fatores climáticos, ou seja, de chuvas que sejam
capazes de recompor os reservatórios das hidrelétricas. A nota foi lida pelo
secretário de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia, Ildo
Grüdtner, que se recusou a responder a perguntas de jornalistas sobre o
assunto.
O Comitê admitiu ainda que a
preocupação aumentou porque as chuvas, e o consequente volume de águas no
reservatórios, ficou aquém do que era esperado. Segundo dados divulgados pelo
órgão, desde o início do ano, as reservas ficaram em 54% da média histórica nas
regiões Sudeste/Centro-Oeste e de 42% no Nordeste.”
Como podemos ver, a hipótese de apagão
não está descartada. E segundo as notícias que a imprensa segue divulgado, não há
nenhuma garantia de chuvas para evitar um colapso no sistema energético do país.
Pelo contrário, no Jornal Nacional de hoje, 06 de março de 2014, foi informado que
o Sistema de Cantareira atingiu um limite crítico. Senão vejamos:
“A estiagem na região Sudeste levou a
reserva de água no Sistema Cantareira, que abastece quase nove milhões de
pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, ao
pior nível dos últimos 40 anos.
O sistema opera hoje com 16% da
capacidade. Desde que foi criado, em 1974, o nível nunca foi tão baixo.
Para evitar um racionamento, o governo
de São Paulo anunciou que vai diminuir em 11% o volume de água captado do
Sistema Cantareira. E compensar com água de outros dois sistemas: Guarapiranga
e Alto Tietê.”
Em assim sendo, a reeleição da presidente
Dilma corre um sério risco, uma vez que, além das dificuldades na economia, tem
pela frente o risco de um racionamento de energia, o que, por certo, seria péssimo para
o seu futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário