O descaso com a coisa pública no
Brasil é tamanho que nada mais nos surpreende. O episódio da compra da refinaria
de Pasadena, por um preço várias vezes maior do que o de mercado, só demonstra
como as coisas funcionam no nosso país. É uma lástima. Parece que os nossos
gestores pouco se preocupam com o destino do povo e do país. E pior: quando o
povo pensava que com a eleição que levou o Partido dos Trabalhadores ao poder a
corrupção iria acabar, estamos vendo no que deu. É triste, muito triste o que
vem acontecendo. Sobre a decepção que o PT acarretou para muitos cidadãos, por
entendermos relevantes, apresentamos a seguir uma matéria encontrada no site da
Revista Veja, na coluna de Ricardo Setti, de autoria de Milton Simon Pires. Senão
vejamos:
Entender
o tipo de deformação moral que vem sendo exercida pelo PT sobre a sociedade
brasileira não é tão fácil quanto parece. Requer um exercício de entendimento
que possa diferenciar imoralidade de amoralidade, que permita compreender como
a primeira se transforma na segunda e que seja capaz de perceber, através do
tempo, as modificações que ocorreram na história da corrupção no Brasil até a
declaração de Rui Falcão.
Não há aqui espaço para um retorno de 500
anos na nossa história. Mais fácil é aceitar, logo de saída, aquilo que
qualquer político corrupto (principalmente os do PT) diz quando pego em
flagrante: “isso não começou conosco”…
De fato, mais uma vez fomos enganados. Ninguém compreende como o PT poderia se
envolver em escândalos como o do mensalão e esse agora da Petrobras. E o mais
revoltante é ouvir os dirigentes do partido afirmarem que "isso não
começou conosco". Bela desculpa. Claro que todos nós sabemos que a
corrupção no Brasil não começou com o PT, mas acreditávamos que com ele seria
diferente. E pior ainda é quando os seus dirigentes têm a coragem de querer
passar para o povo a falsa ideia de que no caso do mensalão tudo não passou de
perseguição política, tentando desqualificar a denúncia do Ministério Público
Federal e o julgamento do Supremo Tribunal Federal. E agora surgiu mais esse
outro escândalo da Refinaria. Vejamos o que diz a respeito a Revista Exame Ed.
1062, p. 108:
“O lance mais dramático – pelo menos
até agora – foi a prisão de um ex-diretor da companhia, o engenheiro paranaense
Paulo Roberto Costa, suspeito de envolvimento com uma quadrilha de lavagem de
dinheiro que movimentou mais de 10 bilhões de reais em pouco mais de uma
década. Costa – demitido da Petrobras em abril de 2012, dois meses depois de
Graça assumir a estatal – vinha sendo monitorado pela Polícia Federal por causa
de suas relações com o doleiro Alberto Youssef, de quem ganhou um carro de
presente, um Land Rover avaliado em 200.000,00 reais. Para a polícia, o doleiro
é o verdadeiro dono da corretora Bonus-Banval, usada para pagar suborno aos
mensaleiros. Já o ex-diretor da Petrobras é suspeito de ter utilizado os
serviços de Youssef para receber e distribuir propina de fornecedores da
estatal enquanto trabalhava lá.”
A política brasileira atingiu o ápice no que
diz respeito ao descrédito perante os cidadãos decentes do país. O surgimento
de Lula e do PT foram acontecimentos que marcaram profundamente a historia do
Brasil, notadamente porque coincidiram com a fase de decadência do Regime
Militar de 1964. Ao longo do tempo, o PT defendeu as bandeiras da Reforma
Agrária, Justiça Social, democracia plena, decisões participativas, e,
principalmente, o combate à CORRUPÇÃO.
O
PT foi criado em 10 de fevereiro de 1980, com uma áurea de credibilidade, uma
vez que havia sido idealizado por dirigentes sindicais, intelectuais de
esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação. O reconhecimento do
partido pelo Tribunal Superior Eleitoral ocorreu em 11 de fevereiro de 1982. O
partido é fruto da aproximação dos movimentos sindicais, como a Conferência das
Classes Trabalhadoras (CONCLAT), embrião da Central Única dos Trabalhadores (CUT),
grupo ao qual pertenceu o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva,
com antigos setores da esquerda brasileira.
Inicialmente
o PT rejeitava tanto as tradicionais lideranças do sindicalismo oficial, como
também procurava colocar em prática uma nova forma de socialismo democrático,
tentando recusar modelos já então em decadência, como o soviético ou o chinês.
Significou a confluência do sindicalismo basista da época com a
intelectualidade de Esquerda antistalinista. Na opinião de muitos eleitores
esclarecidos, o PT havia nascido para mudar a trajetória do Brasil, uma vez que
contava com o aval da Igreja, de intelectuais e de movimentos sindicais, que o
credenciava para ter o apoio de segmentos da sociedade como servidores
públicos, bancários, metalúrgicos, dentre outros. Segundo ainda a matéria da
coluna de Ricardo Setti:
“Talvez esse primeiro aspecto, essa
insistência coletiva na noção de “perenidade” da corrupção… de característica
“inerente” à nossa cultura política (que emerge cada vez que se fala em
corrupção) seja o primeiro e o mais dramático traço a ser ressaltado, pois “o
tempo é aquilo que tudo consagra ou que tudo faz esquecer”.
Jogo de palavras? Talvez, mas que
esconde perigosamente uma falsa ideia de contradição, de oposição ou antagonismo
onde a possibilidade de “consagrar PARA esquecer” fica oculta e onde se resume,
na minha opinião, a gênese de qualquer “tradição”.
É
inimaginável alguém insistir na falsa idéia de que corrupção é uma coisa normal,
ou querer incutir na cabeça dos desavisados que o mensalão não existiu.
Corrupção é crime, e como tal deve ser tratada. E nós brasileiros precisam
entender que o combate à corrupção é essencial para que tenhamos um país
decente para os nossos filhos e netos. Em assim sendo, não podemos ser tolerantes
com nenhum corrupto nem com nenhuma modalidade de corrupção.
Aqui no Brasil, infelizmente,
corrupção está se tornando coisa corriqueira. São tantos e tão absurdos os
escândalos de desvio de dinheiro público que o povo já nem se surpreende mais.
Agora mesmo, com essa história da Refinaria e tantos outros desvios da Petrobras, envolvendo políticos e construtores. todos ficam a se perguntar se
se trata de um caso de corrupção, ou se de incompetência e negligência dos
dirigentes da empresa. Ou talvez das duas coisas. Seja como for, o fato é que a
estatal embarcou numa canoa furada, tendo que arcar com um prejuízo incalculável. Na reportagem da Revista Ed. 1062, p. 109, o entendimento
que se tem é que tudo indica que o rombo não é fruto de um mero descuido, ou da
incompetência. Vejamos o que diz a revista:
“O ex-diretor também é
investigado pelo Ministério Público (MP), que apura possíveis irregularidades
na aquisição pela Petrobras de outra refinaria, esta localizada em Pasadena, no
estado americano do Texas. Um dia antes da prisão de Costa, o caso Pasadena
havia se tornado o epicentro de uma tormenta que atingiu em cheio não só a
estatal mas a presidente Dilma Roussef. O MP quer saber se Costa também teve
responsabilidade na elaboração dos documentos que omitiram cláusulas
importantes do contrato de compra da refinaria, que só mais tarde chegariam ao
conhecimento da presidente Dilma Roussef. Ao todo, a Petrobras gastou 1,2
bilhão de dólares com a refinaria.”
E segundo foi divulgado no Jornal
Nacional de 29 de março de 2014, o prejuízo da Petrobras não se limita tão
somente aos valores da aquisição. Agora a empresa está sendo cobrada pelo não
pagamento de impostos dos últimos 9 (nove) anos. É difícil para nós brasileiros
entendermos como é possível uma empresa do porte da Petrobras, que deve contar
com profissionais qualificados, tenha se deixado enganar tão absurdamente. E
afirmamos isso porque, segundo tem sido divulgado pela imprensa, não se trata
de um prejuízo qualquer. Vejamos a
notícia do Jornal Nacional:
“A conta bancada pela Petrobras pela refinaria
americana que provocou tanto barulho pode ficar maior. Autoridades da região de
Pasadena cobram mais alguns milhões de dólares da refinaria na justiça. O
correspondente Hélter Duarte explica.
A briga das autoridades do Condado de
Harrys com a refinaria de Pasadena começou há nove anos. Segundo Scott Lemond,
advogado do Condado, foi nesse período que a companhia deixou de pagar seus
impostos regularmente.”
Como
todos sabemos, e até já escrevi um artigo a esse respeito, a corrupção não é
novidade no Brasil e muito menos é invenção do PT. O que nos assusta é que um
partido, que dizia ser a redenção do país, e que tinha como bandeira a defesa
da ética e da moralidade, esteja agora tentando desqualificar a denúncia do
Ministério Público e o julgamento do mensalão, querendo passar a falsa ideia de
que os seus filiados não fizeram nada de errado. Não dá para ninguém honesto e
comprometido com o futuro deste país aceitar calado esse tipo de coisas. Hoje
temos convicção de que o mal dos nossos gestores públicos reside na corrupção,
na incompetência, no desrespeito aos cidadãos e na impunidade.
Com
esses ingredientes estão derretendo o patrimônio do povo brasileiro, deteriorando ainda mais o já caótico serviço público e pondo em risco a estabilidade política do país conquista a duras penas. Aliás, o serviço público no Brasil há tempo que se
encontra na UTI. É uma vergonha o atendimento que é oferecido em certos
hospitais públicos. As escolas públicas, como foi mostrado recentemente no
Fantástico, é outra grande vergonha. E a Segurança Pública, sobre esta não
precisamos nem falar. Os exemplos que estão sendo mostrados diariamente pelos
meios de comunicação, por si já dizem tudo. É uma lástima. E, infelizmente, o
povo ainda não acordou.
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